Com o aumento da adoção de smartphones no Brasil, o pagamento por aproximação, conhecido como Tap to Pay, tem ganhado espaço no mercado nacional. Segundo um levantamento da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), a modalidade cresceu 48% em um ano – passando de 29,3% para 44%. Atualmente, 44,3% das compras presenciais com cartões acontecem por aproximação. Os pagamentos por aproximação com cartões ou outros dispositivos somam R$ 191,3 bilhões, alta de 85,4% no período, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, quando chegou a R$ 103,2 bi
Essa tecnologia não apenas facilita as transações para o consumidor, mas também transforma celulares e tablets em terminais de pagamento, proporcionando mais acessibilidade, especialmente para pequenos empreendedores.
Em 2025, a expectativa é que o Tap and Pay continue crescendo. Para aprofundar essa discussão, conversamos com Marcela Calfi, gerente de Marketing da Zoop, que compartilhou sua experiência e visão sobre as vantagens, desafios e o futuro do Tap to Pay no Brasil.
Inovativos – Gostaríamos que você comentasse sobre o modelo do Tap to Pay: vantagens e desafios.
Marcela Calfi – O surgimento do Tap to Pay faz parte de um movimento global ligado ao aumento da adoção de smartphones no Brasil. À medida que os consumidores passaram a utilizar seus celulares como meio de pagamento, com uma experiência mais fluida e conveniente, o varejo, os empreendedores e os comércios – independentemente de seu porte – se viram na necessidade de se adaptar a esse novo contexto. Para oferecer essa facilidade aos consumidores, foi necessário atualizar os seus terminais de pagamento.
O Tap to Pay transforma celulares e tablets em terminais de pagamento, permitindo que os consumidores realizem compras simplesmente aproximando seus cartões ou carteiras digitais dos dispositivos dos comerciantes. Esse modelo representa um avanço significativo em termos de acessibilidade e praticidade para os comerciantes, oferecendo uma solução de pagamento mais simples e eficiente, o que facilita a gestão financeira dos negócios. Além disso, contribui para a democratização dos meios de pagamento, permitindo que mais empreendedores, especialmente os de menor porte, tenham acesso a ferramentas digitais de pagamento a baixo custo.
Para os comerciantes, as vantagens incluem a facilidade operacional e a agilidade nas transações. Com o Tap to Pay, não é necessário investir em maquininhas tradicionais, o que reduz custos e melhora a experiência do cliente, tornando o pagamento mais rápido e sem fricções. O empreendedor pode gerar essa experiência diretamente através de um smartphone, simplificando o processo de recebimento.
Entretanto, existem desafios, especialmente no que diz respeito à expansão e adaptação de pequenos empreendedores a essa tecnologia. Embora a adoção esteja crescendo, ainda existem muitas regiões e comércios que não estão preparados para aceitar pagamentos por aproximação. Por isso, é essencial promover a educação digital e sensibilizar a população sobre as vantagens e o uso do celular como meio de pagamento, além de incentivar mais comerciantes a adotarem essa solução.
Inovativos – Poderia nos contar um pouco sobre o cenário da tecnologia no Brasil?
Marcela Calfi – Os projetos de Tap to Pay estão crescendo rapidamente no Brasil, especialmente no contexto do aumento dos pagamentos por aproximação. A Zoop foi pioneira ao desenvolver a tecnologia white-label para o Nubank, disponibilizando o serviço para todos os usuários da conta PJ do banco digital.
Isso significa que a solução pode ser integrada em qualquer aplicativo, com as certificações necessárias e a possibilidade de fazer o split de pagamentos. Ou seja, é possível criar uma infraestrutura personalizada para soluções de pagamento, com a identidade visual própria, e fazer a divisão automática do valor recebido entre estabelecimentos, profissionais ou qualquer outra pessoa ou empresa envolvida na transação. Tudo isso de maneira simples, sem a necessidade de especialização em pagamentos para oferecer esse modelo aos clientes.
Ao compararmos o Tap to Pay com outras tecnologias existentes no mercado, podemos observar economias significativas:
- 112% a menos em relação aos mPOS (maquininha conectada via Bluetooth a um celular);
- 304% a menos em relação aos POS (terminais independentes);
- 331% a menos em relação às SmartPOS (terminais independentes com Android).
Esses são alguns dos fatores que impulsionam a aceitação do Tap to Pay no cenário atual do Brasil. Além disso, novas parcerias estão sendo formadas para que outras empresas e bancos também possam oferecer esse serviço aos seus clientes. Tudo isso está acontecendo devido à crescente adoção dos pagamentos por aproximação pela população.
Inovativos – Considerando a popularidade do PIX, como é possível conciliar com o Tap to Pay?
Marcela Calfi – Atualmente, não é possível conciliar diretamente o PIX com o Tap to Pay, mas isso está prestes a mudar. O Tap to Pay se refere ao pagamento por aproximação, geralmente feito com cartões de débito ou crédito, ou smartphones. Já o PIX é um sistema de pagamento instantâneo desenvolvido pelo Banco Central que permite transferências em tempo real entre contas bancárias. No momento, o pagamento via PIX é realizado através da leitura de QR Codes, mas a próxima fase, prevista para 2025, incluirá o lançamento do PIX por aproximação, que permitirá pagamentos por NFC.
Essa integração promete ampliar ainda mais a agilidade e a facilidade nas transações, permitindo que consumidores realizem pagamentos por aproximação utilizando o sistema PIX diretamente, sem a necessidade de um QR Code.
Inovativos – Como você imagina o futuro do Tap to Pay no Brasil?
Marcela Calfi – Atualmente, o projeto se concentra em expandir a adoção do Tap to Pay, uma vez que ainda é um modelo relativamente novo. É crucial implementar essa tecnologia em estabelecimentos de todos os portes, com um foco especial na digitalização dos micro e pequenos empreendedores no Brasil.
No futuro, o Tap to Pay deverá contar com mais ferramentas financeiras integradas, melhorando ainda mais a experiência do empreendedor na gestão de seu negócio. Isso incluirá a combinação de soluções de pagamento com outros serviços financeiros, como gestão de fluxo de caixa, relatórios de vendas e integração com sistemas contábeis.
Além disso, como mencionado, o PIX por aproximação começará a ser implementado em breve no Brasil. A proposta é continuar ampliando a integração do Tap to Pay com os sistemas financeiros do país, criando um ecossistema de pagamentos mais ágil, seguro e acessível para todos.