Essa trilogia de obras futuristas, que são tecnologias que ganham cada vez mais espaço no mercado, certamente devem transformar o modo como nós e as marcas veremos o mundo daqui pra frente.
A internet como a conhecemos hoje vai mudar – e muito – em poucos anos. E tudo isso tem relação com ideias como os metaversos, criptoativos e NFTs (os chamados tokens não-fungíveis)? Já existem especialistas chamando essa ideia de WEB 3.0.
O assunto foi debatido durante o painel “Metaverso, critpo e NFT: inovações transacionais e digitais”, durante o API Connect Conference 2022 (APICON) e teve o apoio da revista Inovativos. Conduzido por Marcos Carvalho, diretor do Movimento Inovação Digital – MID (antiga ABO2O), o encontro contou com as participações de Bruno Contardi, head de cripto da Nelogica, e Lucas Leiva, Business Development da Coinstore Exchange.
Segundo o diretor da MID, para entender o significado da Web 3.0, e os seus reflexos na vida das pessoas, é necessário rememorar a origem da internet, bem como seu processo evolutivo.
Ele explica que a internet surgiu no final da década de 1960 em um contexto bélico. Já o modelo de internet massificado e aplicado nos dias de hoje, conhecido como Web 2.0, surgiu a partir de pesquisa dentro do CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear). A ideia foi apresentada pelo então pesquisador Tim Berners-Lee, hoje considerado o pai da internet comercial.
“Tudo começou com a Web 1.0, que mais parecia um catálogo, sem qualquer interatividade. Saltando para os anos 2000, período em que vivemos a ‘bolha do ponto com’ a internet se popularizou e viveu um período de grande transformação. Com a chegada do smartphone, o usuário passa a permanecer online 24×7, fora de um ponto fixo de tomada, o que ressignificou as relações entre organizações e seus consumidores”, conta Carvalho.
Com a Web 3.0, tudo o que sabemos sobre internet vai mudar. Teremos uma conexão descentralizada e ancorada em uma tecnologia conhecida como blockchain (ou peer to peer). Muitos novos negócios vão surgir a partir desse tipo de conexão. Antes, no entanto, precisamos discutir uma regulação favorável para a inovação corporativa, explica Carvalho.
Metaverso: que mundo é esse?
O metaverso é um exemplo de ideia promissora inserida na Web 3.0. Além de garantir a diversão de muita gente, a junção entre os mundos real e virtual já anima investidores.
Lucas Leiva, business development da Coinstore Exchange e que atuou em projetos de inteligência artificial junto a Amazon, explica que o termo “metaverso” foi usado pela primeira vez em 1992 (na obra Snow Crash, de Neal Stephenson), muito embora já existiam referências às realidades virtuais nos anos 1980.
“Grandes marcas já estão em jogos de metaverso há mais de 10 anos. Hoje, já existem metaversos que utilizam blockchain que promovem eventos virtuais, com o próprio Fashion Week, e que já contou com a participação de marcas como Samsung, Gucci, Dolce&Gabbana, Tommy Hilfiger, Coca-Cola, Heineken, entre outras”, salienta Leiva.
Bruno Contardi, instrutor do Blockchain Research Institute do Brasil, head de cripto da Nelogica e BizDev da Dash (empresa associada ao MID), falou sobre o Second Life, um metaverso baseado na internet 2.0, precursor entre os mundos virtuais “avatarizados” e que não vingou. Com o blockchain, mundos virtuais podem ter um futuro mais promissor.
“No Second Life, jogo em que o usuário comprava e vendia roupas e outros objetos, uma das finalidades era justamente ganhar dinheiro. Porém, ele era necessariamente seguro. Com o blockchain, houve um acréscimo da confiança nas relações comerciais em ambientes digitais. Existe agora uma interoperabilidade de sistemas, ou seja, transportar itens de um jogo a outro, o que amplia horizontes e permite novas aplicações”, afirma Contardi.
A custódia do dinheiro online
Outra ideia que tem se expande na Web 3.0 é a criptomoeda, um dos mais conhecidos criptoativos da atualidade.
Contardi lembra que a revolução por trás da criptomoeda está relacionada à chamada custódia do dinheiro online. “Antes, para comprar itens de jogos, por exemplo, era preciso utilizar um intermediador de pagamento como Paypal ou Payoneer. Já no metaverso, usa-se a blockchain para as transações, por meio de alguma cripto conectada via API ou implementada na matriz do projeto, sem que haja a necessidade de colocar dinheiro fiduciário”, explica.
Contardi, que é especialista em criptoativos, garante a interoperabilidade entre as moedas. “Já é possível que as pessoas comprem criptos a partir de R$ 1, mesmo sem destiná-las às exchanges (casas de câmbio). As pessoas estão utilizando meios da Web 2.0, aprendendo pouco a pouco, para poderem migrar para a Web 3.0. E esse é o crescimento acelerado que presenciamos”, conclui.
NFTs, os bens exclusivos
O NFT é outro tema diretamente relacionado à terceira versão da internet – e ela vai muito além das obras de arte com macacos aborrecidos, os tais Bored Apes.
Leiva explica que os NFTs, em suma, representam uma assinatura digital exclusiva para os ativos digitais, um token não-fungível.
Eles ganharam notoriedade nas artes, mas há um mercado ainda mais promissor para a tecnologia. Segundo Leiva, os registros em papel poderão migrar para NFTs: carteira de identidade, títulos cartoriais, documentos de posse de terras e outros. “O NFT é um certificado digital com uma única característica: cada NFT tem um tipo de criptografia. É isso que garante sua exclusividade. Para colocá-lo à venda, você terá de pesquisar em qual protocolo são oferecidas as melhores taxas, para que possa abrir um leilão e, assim, promover a venda. As pessoas não irão atrás de uma figura arquivada nos formatos JPG, PNG ou áudio. O valor está na criptografia embutida. Isso, para a indústria da música ou para a indústria criativa, significa descentralizar a intermediação de compra e venda. Em suma, todo o workflow da produção artística fica vinculado à blockchain”, detalha Contardi.
Um exemplo prático de outro uso do NFT é a realização de eventos. Isso ocorreu com a oferta de ingressos virtuais para a Pinacoteca da cidade Araraquara, no interior de São Paulo.
O desafio agora, segundo Carvalho, é prever quando teremos a massificação de serviços derivados da Web 3.0. Para Leiva, não vai demorar. “Há uma curva de aprendizado que precisamos superar, mas o crescimento é exponencial e virá nos próximos cinco anos”, assegura o especialista.
Metaverso, criptomoedas, ativos digitais, tokens e NFTs. Entenda as diferenças.
Um ambiente virtual que simula o mundo real, onde as pessoas são representadas por seus avatares. Pode ser acessado por meio dos mais diversos dispositivos e plataformas. Esse mundo alternativo está baseado na Realidade Virtual, na Realidade Estendida e na Realidade Aumentada. Trata-se de uma nova forma de interagirmos com o mundo digital.
São moedas digitais ou virtuais protegidas por criptografia. A principal característica é não terem sido emitidas por um controle central, o que as torna imunes à interferência ou manipulação do governo. O Bitcoin foi a primeira moeda virtual baseada em blockchain. Hoje existem várias outras, entre elas, Ethereum, Litecoin e Cardano.
Os ativos digitais englobam conteúdos e estratégias utilizados por empresas para atrair seus clientes, com o intuito de consolidar marcas e de divulgar produtos e serviços na internet. Já as criptomoedas e os tokens – que são ativos financeiros – representam uma subcategoria dos ativos digitais.
O token que habitualmente as pessoas conhecem são códigos numéricos, criados inicialmente para serviços de e-banking, e que oferecem segurança em acessos digitais. Mas o termo token é também utilizado no contexto financeiro. Nesse caso, ele funciona como uma espécie de contrato criptografado.
Os NFTs são tokens não fungíveis, ou seja, são bens únicos e insubstituíveis, armazenados pela tecnologia blockchain que, ao serem adquiridos pelo investidor, tornam-se propriedades exclusivas. Hoje os NFTs são verdadeiras tendências no mercado de criptoativos.
Metaverso, criptomoedas e NFTs: o futuro das estratégias das marcas e das conexões sociais