Wilson Poit é dono de ótimas histórias tanto na vida pessoal como profissional. Criado em um sítio na zona rural de Oswaldo Cruz, interior de São Paulo, Wilson e sua família tiveram que se reinventar quando uma geada queimou toda a roça dos seus pais, obrigando-os a venderem a propriedade para pagar as dívidas. Mudaram-se para uma cidade próxima, Rinópolis, onde todos recomeçaram do zero. Enquanto o pai trabalhava no comércio e a mãe como cabeleireira e costureira, Wilson e seu irmão foram para a rua trabalhar, ora vendendo sorvete, ora consertando fogão a gás, ora fazendo outros bicos. Foi nessa fase que ele pegou gosto pelo empreendedorismo.
“Meu pai disse que, se não fosse a crise, estaríamos na roça até hoje e os planos para minha vida teriam sido outros”, relembrou. De lá para cá, Wilson viu sua vida se transformar radicalmente. Foi para São Paulo estudar, fez cursinho e se formou engenheiro já pensando em empreender. Teve cinco startups, sendo que a 5ª, a Poit Energia, “deu muito certo”, como ele mesmo diz. Wilson conta a sua trajetória, porque ela tem tudo a ver com o momento em que o mundo se encontra hoje com a pandemia.
Empreendedorismo digital
Durante a crise atual, muita gente começou a empreender por necessidade, não por oportunidade. “Foram pessoas que perderam seus empregos e tiveram que buscar algum tipo de renda”. Parte delas entrou no mercado digital sem estar preparada, sem se qualificar, missão que o Sebrae tem desempenhado com mérito. “Atendemos tanto quem começou agora como quem já estava nesse mercado, mas estava andando de lado. A gente redirecionou nossos cursos para dar suporte aos pequenos comércios e ajudá-los a atravessar esse período da melhor forma”.
Segundo Wilson, esse momento foi marcado pela necessidade de se reinventar. “Não bastava fazer mais do mesmo. Ou mudava o jeito de operar ou seriam engolidas pela crise, como algumas foram”. A inovação mais visível foi a transformação digital. Experiente, ele gosta de deixar claro: “Inovação não é só uma questão de tecnologia, é saber ouvir o cliente. Nunca é demais derrubar o mito que inovar é para pouca gente e custa caro. Inovar é fazer o que não era feito antes, ouvir o cliente, aperfeiçoar e entregar valor agregado a um serviço ou produto que você vende”.
“Inovação não é só uma questão de tecnologia, é saber ouvir o cliente. Nunca é demais derrubar o mito que inovar é para pouca gente e custa caro. Inovar é fazer o que não era feito antes, ouvir o cliente, aperfeiçoar e entregar valor agregado a um serviço ou produto que você vende”
Wilson enfatiza que as mudanças precisam gerar um diferencial, ser mais produtivo e superar a concorrência, e a digitalização é um caminho sem volta mesmo com o fim da pandemia. “Não existe mais online e offline separados. Os dois ambientes se entrelaçam cada vez mais e viraram uma coisa só”. Mesmo o comércio mais simples e de menor porte é fundamental que saiba transitar nos dois ambientes, já que em algum momento da operação “será obrigatório usar o ambiente online”.
Não é só tecnologia
Importante, porém, é que não se trata apenas de incorporar tecnologia. “A transformação digital começa na mentalidade. Tem que ter uma cultura aplicada a isso, senão vai ser uma empilhadeira de softwares e aplicativos na memória do computador e não vai inovar nada”, frisou. Wilson afirma que a tecnologia serviu para mudar a experiência de compra do consumidor, desde um grande um marketplace aos pequenos comerciantes.
“A transformação digital começa na mentalidade. Tem que ter uma cultura aplicada a isso”
Segundo levantamento do Sebrae, das 17 milhões de micro e pequenas empresas brasileiras, quase metade passou a desenvolver suas atividades totalmente online desde o início da pandemia. Esse jeito de vender digitalmente, de acordo com a organização, cresceu 30% comparado com 2020. É para auxiliar essa parcela de empreendedores que o Sebrae tem se dedicado.
Prestes a completar 50 anos, o Sebrae está atendendo cerca de 15 mil pessoas por dia. As iniciativas envolvem o desenvolvimento de startups, auxiliar na capacitação e captação de financiamento. “O que mais se procura microcrédito orientado. O Sebrae não é um banco, mas orienta como fazer um plano de negócios. Outra demanda é como se digitalizar, vender pelo online”.
“Com essa transformação de mercado, os hábitos mudaram e as empresas precisam estar sintonizadas com essas novidades. O tempo todo, a sociedade tem novos desejos e necessidades, e nós temos que trabalhar para oferecer as soluções. A inovação é o caminho”, finalizou.
Assista à apresentação abaixo na íntegra:
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