A automação de processos de negócios desempenha um papel crucial na otimização das operações e na busca por eficiência. Segundo uma recente pesquisa chamada “OTRS Spotlight: IT Service Management 2023”, 78% das empresas brasileiras já investiram em automação, sendo que 52% delas já adquiriram ferramentas e têm experiência em usá-las. O outro lado da automação, no entanto, é um grande desafio: 26% das empresas investem em sistemas, porém falta mão de obra especializada para manusear essas tecnologias.
Para Marcio Viana, CEO da Prime Control, a educação é justamente o ponto-chave para o desenvolvimento no uso das automações nas companhias.
“Para superar esses desafios, é fundamental que haja investimento na capacitação da equipe e comunicação clara sobre os benefícios esperados”. Marcio ainda apontou o desafio da integração com sistemas mais antigos, porém que armazenam uma parte significativa da companhia, conhecidos como sistemas legados.
Esse e outros pontos foram abordados na seguinte entrevista de Marcio à plataforma Inovativos.
Inovativos – Na sua opinião, quais são os principais benefícios que a automação traz para a gestão digital de um negócio?
Marcio Viana – A automação transforma a gestão digital ao permitir mais eficiência operacional, redução de erros humanos e otimização do uso de recursos (pessoas e financeiros). Além disso, facilita a coleta e análise de dados em tempo real, permitindo decisões mais rápidas e embasadas, o que é fundamental para um ambiente de negócios cada vez mais competitivo. A automação também libera as equipes para se concentrarem em atividades estratégicas e de maior valor agregado.
Inovativos – Como uma gestão digital bem implementada pode impactar diretamente o desempenho e a competitividade de uma empresa no mercado atual?
Marcio Viana – Uma gestão digital bem implementada melhora a experiência do cliente, aumenta a capacidade de adaptação às mudanças do mercado e promove a inovação. Ela garante processos mais ágeis, custos controlados e a capacidade de escalar as operações com mais previsibilidade. Esses fatores são cruciais para manter a competitividade em um mercado dinâmico e cada vez mais globalizado.
Inovativos – Que áreas você considera mais promissoras para começar a automação dentro de uma empresa e por quê?
Marcio Viana – Áreas com processos repetitivos e intensivos em dados são as mais promissoras, como financeiro, atendimento ao cliente e operações. No financeiro, por exemplo, a automação pode reduzir erros e aumentar a conformidade. No atendimento ao cliente, chatbots com uso de IA e sistemas de CRM automatizados otimizam a comunicação, enquanto, em operações, ferramentas de RPA (Automação de Processos Robóticos) aumentam a produtividade sem necessidade de expansão da equipe.
Inovativos – Quais desafios mais comuns as empresas enfrentam ao integrar ferramentas digitais de automação? E quais estratégias podem ajudar a superá-los?
Marcio Viana – Os desafios incluem resistência à mudança por parte dos colaboradores, integração com sistemas legados e a falta de clareza nos objetivos de automação. Para superar esses desafios, é fundamental que haja investimento na capacitação da equipe, comunicação clara sobre os benefícios esperados e a escolha de soluções escaláveis e flexíveis que se adaptem ao ecossistema da empresa. Além disso, acredito ser importante engajar o time no “sonho grande” da empresa e nos projetos de desenvolvimento organizacional.
Inovativos – Como você vê o papel da inteligência artificial na automação dos processos de gestão digital nos próximos anos?
Marcio Viana – A inteligência artificial será um elemento central, permitindo análises preditivas, personalização em escala e automação de processos mais complexos. Ferramentas baseadas em IA terão a capacidade de identificar gargalos, propor soluções e até mesmo executar ações de forma autônoma. Isso elevará a automação a novos níveis, com impacto direto na agilidade e competitividade das empresas. É um caminho sem volta e quem estiver fora dele certamente perderá competitividade e sucumbirá. Estamos entrando em uma nova era, muito mais acelerada.
Inovativos – Quais métricas são essenciais para avaliar o sucesso de uma estratégia de automação e gestão digital?
Marcio Viana – As principais métricas incluem: redução de custos operacionais (diretos e indiretos), tempo médio de execução de processos, taxa de erros ou retrabalho, “custo do erro”, retorno sobre o investimento (ROI), satisfação do cliente (NPS) e produtividade da equipe. Essas métricas permitem medir tanto a eficiência operacional quanto o impacto estratégico.
Inovativos – Como a automação impacta o papel dos colaboradores e que habilidades se tornam mais importantes para eles nesse novo contexto digital?
Marcio Viana – A automação não necessariamente substitui os colaboradores, mas redefine seus papéis, exigindo mais habilidades analíticas, criativas e estratégicas. Competências como pensamento crítico, conhecimento em ferramentas digitais e capacidade de interpretar dados são cruciais. Além disso, habilidades comportamentais (soft skills), como adaptabilidade e colaboração, tornam-se ainda mais relevantes.
Inovativos – Poderia compartilhar alguns casos em que a automação foi decisiva para aumentar a eficiência ou otimizar recursos em sua empresa ou em algum projeto?
Marcio Viana – Temos projetos realizados pela Prime Control, onde a automação foi decisiva para otimizar processos de testes de implantação SAP, reduzindo em até 40% o tempo de execução e aumentando a confiabilidade dos resultados, por consequência, com uma grande redução de custo. Em outros casos, ao implementar RPA para clientes em áreas como financeiro e atendimento, foi possível economizar centenas de horas mensais, permitindo que equipes focassem em tarefas estratégicas.
Inovativos – Em termos de retorno sobre o investimento, quais são os indicadores que você recomenda acompanhar ao investir em automação para a gestão digital?
Marcio Viana – Os principais indicadores incluem:
- Payback: tempo necessário para recuperar o investimento.
- ROI: proporção do retorno financeiro em relação ao custo da automação.
- Redução de custos: percentual de economia gerada pelos processos automatizados.
- Taxa de adoção: nível de uso das ferramentas de automação pela equipe.
- Impacto na receita: crescimento direto ou indireto na receita devido à automação.
Esses indicadores ajudam a entender tanto o impacto financeiro quanto o operacional da automação.