O transporte marítimo é responsável por cerca de 90% de toda a movimentação de mercadorias e produtos ao redor do globo, segundo dados da Organização Marítima Internacional (ou IMO, em inglês), braço da ONU que organiza o transporte marítimo mundial. Mas, ainda de acordo com informações da própria entidade, ao mesmo tempo, o modal também é responsável por 3% das emissões de gás carbônico (CO2) de todo o planeta. Para efeito de comparação, esse é o mesmo percentual do Japão, a terceira maior economia do mundo.
Diante desse cenário, muitas empresas estão migrando a matriz energética de suas embarcações para meios mais sustentáveis, e esse foi o tema da apresentação realizada pelo Grupo CBO, companhia que presta serviços de logística na exploração e produção de petróleo em águas profundas, durante o Fórum Inovativos, que aconteceu na sede da FGV, em São Paulo.
Diminuir a pegada de carbono
Na apresentação, o CEO do Grupo CBO, Marcos Tinti, e o gestor de Inovação e P&D do Grupo CBO, André Trintini, mostraram que a empresa está aplicando a inovação para diminuir a pegada de carbono, por meio da instalação de sistemas elétricos e de baterias de alta eficiência em seus navios. Dessa forma, explicaram, as embarcações conseguem reduzir as horas de motor movido a diesel ligado, a manutenção do maquinário e o consumo de combustível. O sistema elétrico ainda fornece segurança e redundância, pois a bateria supre a falta de eletricidade em alto-mar.
“Somos a primeira companhia, navegando no Brasil, a ter um barco híbrido, ou seja, movido a óleo e a baterias. Essa tecnologia já existe no mundo, mas é a primeira vez que uma empresa (do setor) pratica isso no Brasil. E fomos além: nós compramos uma bateria e modificamos uma embarcação. Isso é fazer diferente.”, afirma Tinti.
Trintini afirma que as baterias são a chave para o futuro verde, além de serem uma forma inteligente de armazenar eletricidade, as baterias podem alavancar outras formas de geração de energia limpa e sustentável.
“Por exemplo, ao serem utilizadas junto com biocombustíveis, em motores Dual Fuel, podem auxiliar na diminuição da dependência do diesel, que emite grande quantidade de CO2 na atmosfera. Enquanto o diesel seria usado apenas para dar ignição ao motor, o biocombustível entraria no lugar do diesel para manter o barco em movimento, com suporte da bateria para não perder eficiência”. O chamado Diesel Marítimo (DMA) é amplamente utilizado em motores principais, de grandes dimensões, nos sistemas de propulsão de navios de grande porte.
Sistema elétrico
Conforme Trintini, o uso de sistema elétrico pelas embarcações poderia ajudar até mesmo na redução do consumo de energia e combustíveis, quando os navios estão parados. “Em média, as embarcações costumam ficar nos portos durante 30 dias do ano, o que é um tempo longo. Enquanto estão nos portos, cada navio gera, devido ao consumo de diesel, cerca de 300 toneladas de CO2 ao ano. Com o abastecimento de energia elétrica, que poderia ter seu excedente armazenado, calculamos uma economia de 110 mil litros de diesel por embarcação, também ao ano”.
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