O primeiro encontro da edição de 2024 do Clube Inovativos foi marcado por muito conteúdo, networking e também por algumas surpresas. E o tema do evento não poderia ser mais atual e impactante, tanto para as pessoas, quanto para o mundo corporativo: a IA generativa e o futuro das empresas. Ao longo do ano, serão mais cinco encontros, que abordarão temas relevantes do ecossistema digital e de inovação.
Na abertura do evento, que reuniu mais de 55 executivos, a diretora de negócios e cofundadora da Inovativos, Adriana Próspero, falou sobre a história do Clube Inovativos, ex-Club iX. “Este é o terceiro ano da iniciativa, que começou reunindo de 20 a 30 pessoas e hoje congrega essa grande quantidade de executivos e C-levels. Estamos muito satisfeitos com o resultado”, disse.
Adriana Próspero
De acordo com Adriana, a Inovativos tem o intuito de desenvolver as melhores práticas de conteúdo, de relacionamento e de experiência. “Vocês todos fazem parte desse sucesso. Queremos sempre ouvi-los, independente da empresa em que estejam. Também queremos trazer o melhor conteúdo possível, fazendo uma troca enriquecedora”. A diretora de negócios da Inovativos fez questão de agradecer a dedicação e o empenho de diversos parceiros:
Evaristo Mascarenhas, CEO da Robbyson: “É um prazer estarmos aqui. Uma das coisas em que mais acreditamos é no conhecimento. E aqui no Clube Inovativos, a possibilidade de troca de conhecimento é muito importante para o nosso setor e para a vida de todo mundo”.
Fagner Rodrigo Aires, diretor comercial e retail media da Plusoft: “Agradeço muito a participação no Clube Inovativos, é muito importante para a gente. Na Plusoft, tudo o que a gente faz é relacionamento. Assim, agradeço o convite e me coloco à disposição para o que precisarem”.
Harold Schultz Neto, chief AI officer da MakeOne: “É um momento emocional para a MakeOne estar patrocinando esse evento e estar conectado com vocês. Espero que todos tenham boas memórias daqui, além de uma ótima experiência”.
Rodrigo Tavares, representando a WCES: “É muito gostoso fazer parte dessa história e estar aqui no Clube Inovativos em mais uma temporada. A WCES não faz parte à toa dessa iniciativa. A gente acredita em conhecimento, em troca, em metodologia e em inovação”.
Rodrigo Togneri, cientista de dados e professor da FGV: “A FGV vem passando por uma transformação há alguns anos no seu modelo de negócio e na sua interação com o mundo corporativo. Nesse sentido, estamos com uma aproximação muito forte com a Inovativos e queremos fortalecê-la cada vez mais”.
Mudanças e lançamentos
O diretor-geral e fundador da Inovativos, Marcos Carvalho, destacou que o objetivo central do Clube Inovativos é criar uma comunidade exclusiva de lideranças que se torne uma rede sólida e colaborativa em que os negócios se tornem uma consequência. “Queremos trazer uma experiência transformadora, mesclando entretenimento, conteúdo, networking e atrações diversas”, pontuou.
Marcos aproveitou a ocasião para anunciar a mudança do nome do antigo Club iX para Clube Inovativos, com a logomarca Inovativos CLB. “Estávamos abrangendo uma temática ampla, de inovação e tecnologia aplicadas aos multisegmentos da economia. Agora abrangemos inovação e tecnologia, mas aplicada na centralidade do cliente. Queremos discutir a jornada do cliente de forma ampla e os impactos nas operações das empresas”.
Além disso, Marcos anunciou o pré-lançamento do E-book ‘Inovativos Leaders Insights Report‘, que resume e amplia os principais conteúdos apresentados nos encontros presenciais do Clube Inovativos (então Club iX) no ano passado, destacando os principais insights compartilhados pelos palestrantes e ouvindo os executivos que estiveram presentes na série de encontros em 2023.
O evento ainda contou com o lançamento presencial do E-book ‘Geração Inteligente nos Negócios – A IA generativa e o seu impacto nas empresas brasileiras’. “Reunimos, pela primeira vez, muitas informações no Brasil sobre o tema de IA generativa de uso aplicado ao negócio, com cases que mostram na prática como essas empresas utilizam a tecnologia”, afirmou Ivan Ventura, gerente de conteúdo e inteligência da Inovativos.
Ao todo, a publicação traz 26 casos de empresas, 13 entidades setoriais e acadêmicas e mais de 40 lideranças do ecossistema digital.
IA generativa e o futuro das empresas
O encontro continuou com a palestra ‘Geração Inteligente nos Negócios: A IA Generativa e o futuro das empresas’, ministrada por João Paulo Papa, doutor e professor de Ciência da Computação da Unesp, e pesquisador na Fundação Humboldt, na Alemanha, uma das instituições mais prestigiadas no desenvolvimento de inteligência artificial.
De acordo com Papa – como é carinhosamente conhecido – no estágio em que vivemos, não é mais possível regredir em relação à inteligência artificial. “Temos que enxergar as oportunidades que a IA nos proporcionará. Certamente ela tem muito mais pontos positivos do que negativos”, disse. Dessa forma, continuou Papa, não devemos enxergar a IA como uma inimiga. “Temos que aprender a lidar com ela, tentar aprender como ela processa os dados. Quanto mais complexo o modelo de IA, mais dados é necessário”, ressaltou.
A questão do treinamento e refinamento de dados, na opinião de Papa, é um dos pontos centrais quando se fala em IA, principalmente em demandas de alta complexidade. Na medicina, por exemplo, é preciso grandes quantidades de dados para fazer refinamentos de LLMs (Large Language Models, ou Grandes Modelos de Linguagem) como o ChatGPT, por exemplo.
“Até 5 ou 10 anos atrás, a medicina utilizava técnicas de processamento de imagens para tentar identificar simetrias ou assimetrias em exames. Com o deep learning, é só jogar a imagem que ele descobre sozinho. Não estou dizendo que não precisamos de especialistas, mas eliminamos boa parte dos especialistas. A IA é um auxílio ao diagnóstico, ainda não dá para substituir o médico”, disse Papa.
Na opinião do professor, apesar dos “avanços fenomenais”, na prática, ainda estamos longe de ter uma inteligência artificial de fato. “O entendimento de uma cena ou de uma imagem está longe de acontecer. Cheiros, sensações, tato, isso ainda não dá para modelar, já que os dados que chegam hoje em dia, muitas vezes não estão conectados. Temos que trabalhar com a IA no sentido de prover bons dados. Essa é a missão”.
Atualmente, o pesquisador e sua equipe desenvolve projetos envolvendo IA em áreas como indústria, medicina, energia, óleo e gás, agricultura, entre outras. Na medicina, por exemplo, os pesquisadores trabalham em projetos com uso de IA para auxiliar o diagnóstico de câncer de mama, câncer de esôfago, doença de Parkinson, AVC e câncer no cérebro. Merecem destaque ainda um projeto de identificação de objetos faltantes em prateleiras de supermercados, além de outro que ajuda a prever riscos de queda de árvores.
Dinâmica interativa sobre o uso de IA
No final do encontro, aconteceu uma dinâmica interativa na qual executivos puderam falar sobre IA generativa e contar casos de uso da tecnologia em suas empresas, além dos resultados alcançados.
Lidia Gordijo, CX manager da Buser: “Implantamos uma solução de vendas pelo WhatsApp com uso de IA, que hoje já representa 6% na Buser. Com a IA, a conversão aumentou de 2% para 12%, e hoje está em 18%, em um curto espaço de tempo. Além da conversão, diminuiu o esforço de um possível passageiro encontrar a sua passagem em até 70%”.
Harold Schultz Neto, chief AI officer da MakeOne: “Nossa capacidade criativa tem muito a ver com a possibilidade de conectar conhecimentos diferentes. A gente pode começar a pensar coisas que jamais imaginamos por conta da vastidão de conhecimento que o LLM possui. E ele vai ficar cada vez melhor quanto mais profundidade dermos para ele. Daí vem a importância de uma boa infraestrutura de dados dentro das organizações. E o grande desafio é tratar bem esses dados”.
Jeremias Ricardo, CTO da B3: “Desenvolvemos uma solução, uma espécie de mini ChatGPT, com informações do mercado financeiro e sugestões para auxiliar o pequeno investidor a tomar suas decisões. Também entendemos que precisávamos estar mais próximos do cliente, com tecnologia e automatização do diálogo. Dessa forma, por meio de um chat, conseguimos resolver 80% dos chamados que a gente recebe, sempre com muito treinamento e curadoria”.
Daniel Sonego, IT general manager da Azul Linhas Aéreas: “Além da experiência do cliente, também focamos na experiência dos nossos tripulantes. Dessa forma, fizemos um produto com IA generativa para ajudar a tripulação com orientações sobre atendimento ao passageiro. Abastecemos a IA com manuais e agora já conseguimos analisar contratos e apoiar o atendimento aos passageiros. Temos uma longa jornada com IA pela frente”.
Wellington Silva, head de Produto Digital da Amaro: “Por meio do processamento de prompt do ChatGPT, estamos conseguindo modelar e uniformizar as descrições e imagens dos nossos produtos no marketplace. Está sendo legal usar e aprender com processamento de prompt. Mas todas as áreas têm que participar juntas”.
Fagner Rodrigo Aires, diretor comercial e retail media da Plusoft: “Na Plusoft lidamos com IA há muitos anos, como motores de recomendação de ofertas personalizadas e chatbot com linguagem natural. Por meio de uma parceria com o Google, implantamos uma solução com IA generativa para fornecer informações a consultores comerciais ou de atendimento visando solucionar ou recomendar algo aos clientes. Isso não apenas converte venda, como reduz o atrito”.
Everton Baptista, gerente de Data Analytics e Inteligência Artificial da Leroy Merlin: “Estamos desenvolvendo um modelo de IA por meio do qual a Leroy Merlin, com base em seus produtos, recomenda e monta um ambiente de acordo com as preferências do cliente encaminhadas ou por meio de fotos, ou por descrição. Estamos em fase de testes, mas está dando resultado. Queremos lançar a solução ainda nesse semestre”.