Por Adriana Próspero*
A trajetória de uma mulher líder em Customer Experience (CX) não é apenas uma sequência de desafios e conquistas, mas uma série de escolhas difíceis e sacrifícios pessoais. Para muitos, a ascensão na carreira exige uma decisão clara: como equilibrar as demandas do trabalho com as responsabilidades em casa? E mais importante: o que devemos abrir mão para progredir?
Desde o início, as mulheres que buscam a ascensão profissional enfrentam ambientes de alta pressão. Mais do que habilidades técnicas, elas precisam desenvolver uma resiliência emocional que poucas carreiras demandam. E, após um dia estressante, muitas voltam para casa para enfrentar a “segunda jornada” de afazeres domésticos e cuidados familiares.
A Dupla Jornada: Trabalho e Casa
A realidade para muitas dessas mulheres é uma carga dupla de responsabilidades. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em 2021, as mulheres dedicaram, em média, 21 horas semanais a afazeres domésticos, comparado a 11 horas dos homens. Este desequilíbrio exige que as mulheres façam escolhas claras sobre como gerenciar seu tempo e energia, muitas vezes em detrimento do tempo pessoal e do descanso.
Para se destacar e avançar na carreira de CX, nós, mulheres, investimos em educação continuada, como cursos de especialização e MBAs. Esse compromisso frequentemente significa poucas horas de sono, fins de semana sacrificados e menos tempo com a família. A pesquisa da McKinsey de 2022 destaca que 63% das mulheres sentem que precisam trabalhar mais do que os homens para provar seu valor, refletindo a intensa pressão para se qualificarem e se destacarem em um mercado competitivo.
Renúncias pessoais e a vida solitária
A ascensão na carreira também pode resultar em renúncias. Muitas mulheres líderes escolhem adiar ou até evitar à maternidade e vida conjugal para se dedicarem à carreira. A Harvard Business Review aponta que 48% das mulheres líderes no setor corporativo consideram adiar a maternidade por suas carreiras.
Além disso, não podemos esquecer das 12 milhões de mães solos no Brasil. O dado que me deixa impressionada é que 13% desse total conclui o ensino superior, ou seja, estamos falando de apenas 1,3 milhão de mulheres/mães que cuidam sozinhas de um ou mais filhos e terminam uma faculdade – fico pensando quantas conseguem fazer um mestrado ou doutorado?
Chegando ao Topo: A Realidade da Liderança em CX
Evidentemente que muitas de nós não nos apegamos a esses números ou pensamos muitos desses obstáculos. Simplesmente vamos lá e fazemos acontecer.
Assim, chegar ao topo como líder de CX é um feito monumental, conquistado após anos de dedicação e sacrifício. Essas líderes trazem uma perspectiva única para as empresas, focando em empatia e excelência na experiência do cliente, qualidades essenciais para o sucesso em CX. Ainda assim, os número ainda pesam sobre as mulheres: estima-se que 25% das posições de liderança em CX são ocupadas por mulheres, e a desigualdade salarial persiste, com mulheres ganhando, em média, 18% menos do que seus colegas homens.
A jornada de uma mulher líder em Customer Experience é um testemunho de resiliência, empatia e determinação. Apesar de inúmeros desafios, essas líderes demonstram que é possível transformar adversidades em sucesso, tanto profissional quanto pessoal. Elas são um exemplo inspirador de que, com determinação e apoio, é possível alcançar grandes alturas, mesmo diante dos obstáculos mais formidáveis.
Particularmente, tenho orgulho de ser uma dessas mulheres que, apesar dos grandes desafios, consegui alcançar meus objetivos e não paro por aqui. Já estou pensando nos próximos que virão. Vencer, para mim, não é uma escolha. É uma missão, e nada nem ninguém vai me impedir de conquistar tudo o que está bem definido dentro de mim.
*Adriana Próspero é diretora de negócios e cofundadora da Inovativos
Colaborou Ivan Ventura