A população mundial está quase igualmente dividida entre homens e mulheres. No Brasil, por exemplo, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2021, o número de mulheres corresponde a 51,1% da população.
No entanto, quando consideramos o mercado de tecnologia, é grande a predominância masculina em seus postos de trabalho. De acordo com um estudo realizado pela Laboratória – organização focada na capacitação de mulheres na América Latina – em conjunto com o laboratório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab) -, apenas 25% dos profissionais de Tecnologia da Informação (TI) do mundo são mulheres.
Por que apostar nas mulheres?
Aumentar a presença feminina é um dos principais desafios para o setor. Mas por que as empresas precisam de talento tech feminino? De acordo com Júlia Diniz, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Laboratória, a diversidade nas equipes de tecnologia não é mais entendida apenas como um objetivo simbólico, mas como algo essencial para o crescimento e sustentabilidade das organizações.
“Os usuários são diversos e, por isso, querem produtos diferentes. Com mais diversidade, as empresas conseguem ter pessoas diferentes pensando e refletindo sobre um único tema, trazendo distintos olhares e garantindo produtos e serviços muito mais versáteis e inclusivos”, afirma.
Outro motivo, segundo a executiva, está na grande demanda por profissionais de TI, o que inclui as mulheres. De acordo com projeções da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), haverá 797 mil vagas em tecnologia entre 2021 e 2025. Como há apenas 53 mil graduados com perfil tecnológico no país, segundo dados da Brasscom, esse número não supre a necessidade.
A diversidade de gênero, segundo Júlia, também traz consequências econômicas. De acordo com o estudo da Laboratória em conjunto com o BID Lab, as empresas com mais mulheres em cargos de chefia têm 28% mais valor econômico e um retorno de capital 47% maior do que aquelas sem mulheres nessas posições.
O mesmo estudo ainda aponta que empresas com baixa presença de mulheres geram até 10% menos receita de produtos e serviços inovadores. “Essa situação pode ser evitada com estratégias efetivas de inclusão, principalmente para promover a carreira de mulheres em cargos de liderança”, destaca.
Estratégias de inclusão
Aumentar a inclusão de mulheres no setor de tecnologia passa por algumas medidas. De acordo com o estudo, para começar, é essencial que os líderes se envolvam nas estratégias de inclusão, estabelecendo metas de presença feminina para as diferentes áreas das companhias. Também é fundamental investir em programas de formação e capacitação digitais de mulheres e adotar processos de recrutamento mais inclusivos.
Por fim, o estudo sugere que todos os dados e estatísticas coletados pelas empresas sejam separados por gênero. Dessa forma, fica mais fácil identificar padrões e necessidades, além de monitorar a eficácia das ações de inclusão.