Em parceria com a Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), o Instituto Cordial apresentou os resultados de um estudo sobre a Distribuição do Espaço e Deslocamentos em São Paulo. O objetivo é contribuir com as organizações que querem inovar e colocar mais tecnologia e acesso às cidades brasileiras. O Instituto é um think and do tank independente que trabalha com ciência de dados, inteligência territorial e articulação intersetorial para fortalecer redes e basear tomadas de decisões públicas e privadas em dados e evidências.
“A gente trabalha com questões complexas da sociedade que precisam de articulação e conhecimento para que sejam enfrentadas, como é o caso da mobilidade, segurança viária, questões de ESG, entre outras. A gente precisa abordar de uma forma articulada para que possamos enfrentar esses grandes desafios”, disse Luis Fernando Villaça Meyer, diretor de Operações da entidade.
Luis disse que uma série de empresas abordam as cidades como um objetivo de inovação e que, cada vez mais, um conjunto de organizações trabalham com os espaços públicos das cidades do ponto de vista de mobilidade, infraestrutura, SaaS, etc. “A gente precisa entender melhor a dinâmica dessas cidades não apenas para elas se tornarem inteligentes, mas para sermos uma sociedade mais inteligente amparada em tecnologia e inovação”.
“A gente precisa entender melhor a dinâmica dessas cidades não apenas para elas se tornarem inteligentes, mas para sermos uma sociedade mais inteligente amparada em tecnologia e inovação”
Para isso, o especialista explica que é preciso ter em perspectiva o Sistema Seguros, um conceito internacional que aborda como diversos elementos do sistema viário deve compor para que o modelo seja segura para os usuários. São questões de melhora nas opções de mobilidade, planejamento do uso do solo, educação e capacitação, gestão de velocidade, fiscalização, leis e regulamentações, projeto e tecnologia de veículos, desenho de ruas e engenharia e resposta de atendimento de emergência pós-acidente.
O estudo concluiu que as áreas mais periféricas têm características diferentes das regiões centrais, sendo que estas possuem mais espaço para ruas e as outras menos. “Isso implica em algumas características importantes de quando se pensar em inovação na cidade. É muito mais desafiador fazer alargamento de calçada, aumento da vegetação urbana, implantação de ciclovias e outras infraestruturas como pontos de bike sharing e apoio a entregadores nas regiões periféricas, onde você tem mais espaço. É preciso de projetos inovadores para lidar nessas áreas, que é um grande mercado com muitas possibilidades”.
As características físicas da cidade também têm uma correlação com a distribuição de viagens nos espaços urbanos. As áreas mais centrais, onde tem mais emprego, concentram a maior parte das viagens, fomentando mais incentivos e investimentos para esses espaços, gerando um ciclo vicioso. “É preciso investir, não só nas periferias, mas também nas subcentralidades que têm potenciais importantes a serem considerados”.
Quem trabalha com bicicleta também precisa investir em outros veículos de mobilidade pessoal como patinetes, bikes elétricas e hoverboards. “O first mile, onde os usuários vão pegar o veículo para fazer a viagem, também precisa de infraestrutura para que ele se sinta seguro para se deslocar pela cidade. Nesse caso, a infraestrutura precisa vir antes do modo de transporte. Oferta gera demanda”.
O estudo chegou a algumas conclusões:
– Padrões distintos de urbanização implicam desafios diferentes na cidade. Há diferentes possibilidades e necessidades de intervenção e redistribuição dos espaços urbanos.
– Locais com muito espaço público e ruas largas indicam boas possibilidades de intervenção. Mas temos uma dificuldade estrutural maior em áreas fora do centro, mesmo com boa conectividade.
– A maior parte das viagens se concentra onde há mais emprego e renda nas áreas centrais, gerando incentivos para mais investimentos no centro, em um ciclo vicioso. Importante fomentar subcentralidades com infraestrutura e projetos inovadores de espaços públicos.
– O last mile agrega a maior parte das viagens e da infraestrutura no centro, mas há menos cobertura nas regiões periféricas. A infraestrutura precisa vir antes de modos de transportes ativos, como calçadas e ciclovias, considerando que, aqui, oferta gera demanda.
A íntegra do estudo é público e gratuito e está disponível no site do Instituto Cordial.
A apresentação completa do especialista na iXC pode ser conferida abaixo.
Se preferir, escute o Podcast aqui.