É fato que as tecnologias podem gerar inúmeras transformações nas empresas assim como no modo como as pessoas consomem no mundo digital. O que precisa ser incentivado agora é como usar os dados e a conectividade a favor das gestões públicas, tornando as cidades em ambientes mais seguros, inteligentes, inclusivos e democráticos. O Fórum Cidade & Mobilidade reuniu um time de especialistas para debater o tema e cada um compartilhou sua visão e experiência dos caminhos que os gestores devem seguir. “A gestão da informação tem sido cada vez mais crucial para o processo decisório e da boa administração. Essa afirmação nunca foi tão verdadeira para o ambiente de cidades”, refletiu Paulo Cardamone, Chief Strategy Officer da Bright Consulting, moderador do painel.
Segundo Aldo Russo, gerente de IoT e Transformação Urbana da C4IR, filiada ao Fórum Econômico Mundial, as novas tecnologias permitiram às organizações ter mais dispositivos e sistemas à disposição para coleta, transmissão, armazenamento e análise de dados. “Quando analisados são transformados em informações uteis. Esse ciclo é fundamental para disponibilizar esses dados para que os gestores tenham condições de tomar decisões de investimentos, realizar melhorias e oferecer melhor qualidade na prestação de serviços”.
No entanto, Aldo acrescentou que, para isso, é preciso estabelecer não apenas uma excelente arquitetura tecnológica, mas principalmente um modelo de governança. “Isso vai permitir que a gente não esbarre em formas de colher dados de maneira imprópria ou que entre em desacordo com os princípios éticos”, complementou. A tecnologia, segundo ele, vai estar cada vez mais presente tanto no planejamento como na execução de melhorias nos serviços prestados pelo setor público.
Diego Brites Ramos, VP de Relacionamento e Diretor da Vertical Smart Cities da ACATE, relembrou o papel da cultura nesse processo de digitalização. As empresas privadas, disse, já estão trabalhando com essa cultura de dados há um certo tempo, se beneficiando e melhorando cada vez mais a gestão das organizações. “Infelizmente, essa não é uma realidade dentro das prefeituras. Elas trabalham muito em silos e isso ficou muito exposto durante a pandemia”. Na opinião do executivo, uma gestão eficiente precisa de um olhar mais holístico. “A gente que trabalha com tecnologia, vemos que as prefeituras precisam se apropriar de toda essa infraestrutura que está à disposição”.
Uma das grandes vantagens dessa grande quantidade de dados é a possibilidade de tomar decisões mais assertivas e rápidas. “A tecnologia acelerou processos e é capaz de oferecer mais base para tomada de decisões baseadas em dados. Isso resulta em mais assertividade e faz com que o gestor reduza a perda de tempo, de investimento, foque recursos nas iniciativas certas e traga mais benefícios para os cidadãos”.
Felipe Chibás, especialista do Latam do Núcleo de Cidades Inteligentes da GAPMIL Unesco, explicou que sua organização, desde 2018, fala de Cidades MIL, “que defende o uso de tecnologias, mas com finalidade ética, respeito, algoritmos claros para que as cidades permitam a governança participativa”. A entidade possui diversas métricas que ajudam as cidades a atingir esse objetivo e ainda explica como algumas cidades, como Helsinque, Estocolmo, entre outras, se tornaram MIL.
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Dia 1