A cada dia as empresas valorizam mais a adoção de tecnologias para usar os dados estrategicamente nos negócios. Mas como escolher as soluções certas para otimizar e recursos e reduzir custos? De que maneira as organizações podem usar a tecnologia para extrair inteligência e tornar seu ambiente mais produtivo, eficiente e facilitar as tomadas de decisões? Foi para responder essas e outras perguntas que a Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), a FecomercioSP, a Meeta e o Grupo Innovation Xperience reuniram um time de especialistas a fim de debater como os dados podem ser utilizados de diferentes formas para alavancar os negócios.
Como bem destacou Guilherme Kato, CTO do Dr. Consulta e líder do Comitê de Tecnologia da ABO2O, a performance aliada à produtividade, redução de custo e eficiência eram fatores apontados como diferenciais anos atrás. “No entanto, aos poucos, esses pilares foram ganhando mais aderência e é praticamente mandatório para qualquer empresa que almeja ser líder em algum tipo de segmento ou ter o seu produto validado no mercado”.
“A performance aliada à produtividade, redução de custo e eficiência eram fatores apontados como diferenciais anos atrás. “No entanto, aos poucos, esses pilares foram ganhando mais aderência e é praticamente mandatório para qualquer empresa”
O papel dos dados
É fato que os dados têm um papel fundamental para as empresas nos dias de hoje. “Estamos tentando cada vez mais usá-los para nos ajudar na produtividade, performance e eficiência em cada um dos nossos processos, mas também atender melhor os nossos clientes e ajudá-los a vender cada vez mais”, disse Luciana Lago, Gerente de Business Analytics da Monetizze, exemplificando como esses ativos estão sendo aplicados pelas empresas.
“Sempre que vejo o tema ´alta performance´ lembro de uma máxima que diz: tudo aquilo que você mede, você melhora. Dados são mega importantes para medir qualquer coisa, seja sua produtividade, eficiência, eficácia. Eles são fundamentais para mensurar, melhorar e atingir seus resultados”, complementou Marcelo Caloni, Gerente Executivo de Tecnologia do Banco Pan.
“Sempre que vejo o tema ´alta performance´ lembro de uma máxima que diz: tudo aquilo que você mede, você melhora. Dados são fundamentais para mensurar, melhorar e atingir seus resultados”
A pandemia forçou muitas empresas a se digitalizarem e, com isso, muitas companhias começaram a coletar dados, mas poucas sabem como aproveitá-los de verdade. “Hoje em dia, é possível capturar dados com muita facilidade, a maioria dos sistemas tem APIs que facilmente os trazem para as corporações. Mas não adianta ter uma quantidade monstruosa se não tiver uma pessoa que saiba encaminhar para os cientistas dar o segundo passo”, disse Cesar Garcia, CPO da Meeta. Segundo ele, o que conta na verdade é o conhecimento sobre este dado que faz a diferença.
“Hoje em dia, é possível capturar dados com muita facilidade, mas não adianta ter uma quantidade monstruosa se não tiver uma pessoa que saiba encaminhar para os cientistas dar o segundo passo”
Segurança acima de tudo
Felipe Facchini, Head de Vendas da PayPal, destacou ainda que, além da captura, é preciso considerar a forma como se armazena esses dados, principalmente com as novas leis (como a Lei Geral de Proteção de Dados). “Tão importante como a captura dos dados é como você armazena e cria essa confiança com os clientes”, complementou. O executivo destacou que, atualmente, os consumidores questionam a forma como as empresas usam os dados e se eles serão guardados com a devida segurança.
Na opinião dos especialistas, os treinamentos se mostram eficazes no processo de aculturamento de segurança, mas é preciso ter cuidado para o excesso não gerar displicência. “Tem que ser mais sucinto. Às vezes, aquela mensagem mais direta ao ponto vale mais que três ou quatro horas de treinamento. Vale a pena estar relembrando as pessoas de maneira mais clara e direta. Ter uma agenda periódica é importante, mas para não cair no esquecimento, é recomendável investir em pílulas para que as pessoas sempre tenham isso fresco”, sugeriu Caloni.
Fachini compartilhou que, nos últimos anos, alguns testes começaram a ser aplicados antes dos treinamentos e, dependendo da performance, o colaborador poderia ser poupado de uma hora do programa. “Você precisa de uma agenda constante de conscientização e relembrar os funcionários para que eles consigam absorver e entender a sua importância. Quanto mais interativos e mais casos práticos puderem ser aplicados ao dia a dia deles, melhor”.
“Você precisa de uma agenda constante de conscientização e relembrar os funcionários para que eles consigam absorver e entender a sua importância. Quanto mais interativos e mais casos práticos puderem ser aplicados ao dia a dia deles, melhor”
“O elo mais fraco da segurança está lá embaixo, é a pessoa que está com a mão no teclado. Esse é o ponto vulnerável das empresas”, afirmou Garcia. Na opinião do executivo, as companhias precisam estar mais atentas não apenas à estrutura, ao framework de treinamento, regras e compliance, mas no colaborador. “Se você tem uma organização legal, um treinamento adequado, sempre lembrando as pessoas do que pode acontecer, você está mais perto de ter um ambiente seguro”.
Democratização e agilidade
Para que os dados gerem as vantagens esperada é preciso democratizá-los sem que haja o risco de disponibilizá-los para pessoas sem necessidade. Segundo Facchini, é necessário entender o que um gestor disponibiliza e para quem. “Treinamentos e avisos constantes são importantes para garantir que os dados sejam usados para o que realmente precisam. Ter muita informação e não saber o que fazer com eles é o pior que pode acontecer”.
“Treinamentos e avisos constantes são importantes para garantir que os dados sejam usados para o que realmente precisam. Ter muita informação e não saber o que fazer com eles é o pior que pode acontecer”
A performance desejada depende muito da velocidade com que tais informações chegarão aos profissionais. “A gente não tem dias ou semanas para disponibilizar um dado ou fazer uma análise de forma mais consistente. São horas, um dia para trabalhar aquela informação para ela retroalimentar seus algoritmos e otimizar a atuação em determinado nicho, cluster”, ressaltou Marcelo Martins, CTO na GetNinjas.
“A gente não tem dias ou semanas para disponibilizar um dado ou fazer uma análise de forma mais consistente. São horas, um dia para trabalhar aquela informação para ela retroalimentar seus algoritmos e otimizar a atuação em determinado nicho, cluster”
Martins destacou ainda que se trabalhou muito tempo com a democratização da informação, mas pouco com a criação de uma cultura de enriquecimento e proteção desse dado, e que um dos desafios que a área enfrenta está em justamente encontrar o equilíbrio entre ter governança e democratização e ser ágil na disponibilização da informação para as pessoas certas.
Na opinião de Luciana, o direcionamento pode vir de vários lugares, como de áreas mais estratégicas, do cliente ou da operação. “Para ser mais inovador é necessário olhar todas as fontes, fazer o cruzamento dos dados nos momentos corretos e passar para as pessoas certas tomarem as decisões”.
“Para ser mais inovador é necessário olhar todas as fontes, fazer o cruzamento dos dados nos momentos corretos e passar para as pessoas certas tomarem as decisões”
Escassez de mão de obra
Lidar em um cenário de alta performance envolvendo análise criteriosa de dados demanda habilidades específicas, recursos escassos no mercado de trabalho atual. “Em 2022, vamos precisar de 500 mil novas posições para atender o mercado de tecnologia, mas apenas um décimo disso se forma por ano”, comentou Kato.
Além da falta de mão de obra especializada, Luciana ressaltou a disputa acirrada entre as empresas pelos profissionais mais qualificados e que algumas skills não se encontram nas universidades. “Não basta entender de dados, de tecnologia. Tem que compreender o negócio”, disse.
Martins reforçou que a pandemia abriu o mercado inteiro a nível global já que, dentro de casa, as pessoas podem trabalhar para empresas de qualquer lugar do mundo. “Ou seja, está difícil contratar e reter o talento. Estamos trabalhando com alta tecnologia, organizações que são data driven. Depois de um ano, esses profissionais ganham uma vasta experiência em um mercado em que metade dele não tem colaboradores especializados em dados”.
“O profissional de TI adora sentar, codificar e colocar a solução dele para rodar. Tudo aquilo que distancia ele disso vai gerar uma fricção com a empresa. Tem que entender a persona e saber as armadilhas que nós, como empresa, colocamos”, refletiu Caloni. Na opinião dele, é preciso estar atento a esses detalhes que vão afastando a essência do colaborador da organização.
Para ter acesso ao bate-papo completo, assista ao painel abaixo ou acesse o podcast.