Os mercados de Adtech e Martech – startups que unem tecnologia a estratégias de marketing – cresceram muito nos últimos anos, acompanhando a adoção das mídias digitais e a disputa pela atenção dos consumidores por parte das marcas. Para se ter uma ideia, o Brasil tem mais de 720 Martechs, cujas soluções já atraíram US$ 199,8 milhões, semelhante ao registrado em 2019, quando a categoria captou US$ 199,7 milhões. Os dados são do estudo Inside Martech Report.
“Acredito que a programática e o acesso a diferentes bases de dados somados às tecnologias de targeting e retargeting impulsionaram muito o mercado de maneira geral”, opina Flávia Coelho, a “Flay”, CMO e cofundadora da Mobees, startup da área de mídia Out of Home e tecnologia. Segundo a executiva, os dados são um dos principais pilares para o sucesso dessa nova onda de marketing que ajuda as empresas direcionarem melhor suas mensagens para o público que se deseja atingir.
Para Flay, os dados são extremamente importantes para quem busca otimizar suas campanhas e evitar desperdícios de orçamento. Além disso, eles geram aprendizado sobre o público que deseja atingir sem que as marcas errem tanto para isso. “Atualmente, utilizar dados para segmentar consumidores por demografia ou interesses é um must have para marcas que querem impactar a pessoa certa no dispositivo certo no momento certo”.
Atualmente, utilizar dados para segmentar consumidores por demografia ou interesses é um must have para marcas que querem impactar a pessoa certa no dispositivo certo no momento certo
Respeito à privacidade
Justamente pelo valor que os dados possuem para os mercados de Adtech e Martech, o marketing é uma das áreas mais impactadas pela recente Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para as organizações, o mais importante é entender os impactos da lei para o negócio e antecipar possíveis ajustes e pivotagem. “No entanto, acredito que as questões relacionadas à privacidade geram boas oportunidades de diferenciação da marca para quem se antecipar na adequação à LGPD”.
Por ser um setor relativamente novo, os desafios são inúmeros e envolve o ecossistema de anunciantes como um todo, plataformas, veículos e agências. O mercado de mídia Out of Home, segundo Flay, tem sido muito pressionado pela entrega de dados de performance e por mais transparência no report das veiculações. “Isso também é uma novidade, já que é uma área muito acostumada a estimativas e pouco habituada a investir na captura de seus próprios dados primários”, explica. A Mobees resolve esse problema com tecnologia proprietária e embarcada.
Flay explica ainda que, nas mídias digitais, a falta de transparência e confiança entre anunciantes e as plataformas também têm sido um problema quando o assunto é o report de veiculação. Na opinião dela, atualmente, os anunciantes possuem um entendimento muito maior e mais sofisticado sobre a tecnologia utilizada na execução das campanhas e os indicadores são gerenciados “na unha” pelos times de performance.
“É importante para eles saber se o anúncio certo foi veiculado da maneira certa, na geografia certa, na página certa e para o grupo demográfico certo e, hoje, os dados apontam que cerca de 15% dos anúncios são exibidos incorretamente”. Entretanto, Flay acredita que isso vai se resolvendo aos poucos à medida em que a tecnologia vai evoluindo e as partes se alinhando.
Mercado em ascensão
Como mencionado logo no início, o mercado de Adtechs e Martechs segue crescendo. Segundo Flay, o interesse pelo setor representou 10% das empresas investidas por VCs e Private Equity no ano passado, ficando atrás apenas das Fintechs, Insurtechs e Healthtechs, que são segmentos bastante visados atualmente. A própria pandemia deu mais força para o crescimento e adoção das mídias digitais, trazendo ainda mais relevância para o setor.
A pandemia deu mais força para o crescimento e adoção das mídias digitais, trazendo ainda mais relevância para o setor
“Acho que estaremos bastante ocupados nos próximos anos na integração de plataformas e tecnologias que possibilitem a execução e gestão de estratégias de omnichannel de maneira mais eficiente e fluida entre os meios. Além disso, sempre confiei muito no uso de outras realidades (aumentada e virtuais) e acredito que o avanço da tecnologia vai resolver as dificuldades de adoção que tivemos até hoje”, finaliza.