Estima-se que o Brasil tenha aproximadamente 800 fintechs em atividade atualmente. O número é cerca de 30% maior que o ano anterior e evidencia o quanto o sistema financeiro tem evoluído nos últimos anos, com oportunidades para melhorar serviços e gerar soluções cada vez mais inovadoras, trazendo mais comodidade, agilidade, segurança e uma experiência diferenciada para os usuários. Mas como se manter em um cenário tão competitivo?
Inovação
Segundo Stephanie Fleury, CEO da DinDin, carteira digital que permite cobranças e pagamentos de forma rápida, segura e fácil e adquirida recentemente pelo Bradesco, o segredo está em criar soluções inovadoras. “A tendência é continuar existindo M&As, tanto de bancos ou grandes empresas com fintechs, quanto de fintechs com outras fintechs. Historicamente, elas nasciam nichadas, mas de agora em diante o movimento das fintechs é de começar a agregar outros tipos de serviços, porque as pessoas não querem ter um APP para cada coisa, e sim um lugar para para resolver tudo com uma boa experiência”, explica.
“As pessoas não querem ter um APP para cada coisa, e sim um lugar para para resolver tudo com uma boa experiência”
Na opinião da executiva, é dever das fintechs oferecer cada vez mais valor. “Não adianta oferecer só um serviço que economiza apenas em uma operação, por exemplo. É preciso remar mais, agregar novas soluções, senão não vai sobreviver”.
Stephanie acrescenta que o mercado está ainda mais competitivo, principalmente com a entrada dos bancos, até então, mais tradicionais no cenário digital e grandes players varejistas. “Ou seja, se antes já era uma briga entre cachorro grande, uma luta contra o stablishment, imagine agora que eles vieram para o jogo”, diz.
Competitividade A Todo Vapor
Para Rodrigo Soeiro, CEO da Monnos, plataforma que visa simplificar o uso de criptomoedas, é fundamental se manter antenado em tudo que está acontecendo globalmente. “A competição traz o grande benefício de manter-nos atentos, nos prepara para blindar nossa operação de soluções externas e internas que possam eliminar o valor que nos propomos a trazer”. Na visão dele, a competitividade é algo positivo, pois “quando não há concorrência, cedo ou tarde os mercados inovam e invadem o ´seu quintal´”.
“A competição traz o grande benefício de manter-nos atentos, nos prepara para blindar nossa operação de soluções externas e internas que possam eliminar o valor que nos propomos a trazer”.
Soeiro acredita que o atual momento é extremamente favorável para todas as iniciativas posicionadas de forma plenamente digital. Uma prova disso é o aquecimento global de fusões e aquisições no setor. Na opinião deles, a pandemia acelerou drasticamente a adoção de tecnologia e tem provado seu valor trazendo mais comodidade, conveniência e, na maioria dos casos, economia.
Stephanie vislumbra que a pandemia trará ainda mais desdobramentos no mercado financeiro pelos próximos 24 meses. “Muitas pessoas se digitalizaram, abriram contas e estão sendo apresentadas a essa nova cultura”. A briga agora, segundo ela, será por esses novos entrantes.
Obstáculo à Inovação?
E como a legislação, o Banco Central e demais órgãos regulatórios estão apoiando a inovação no setor? Segundo Soeiro, as leis não acompanham e, em muitos casos, conturba. “Meu ponto de vista é que o governo deveria fazer uso contínuo de SANDBOXES a fim de viabilizar velocidade de implementação de inovação, aproximação por parte dos órgãos de regulamentação e busca por competitividade global”, opina. Segundo ele, os países que se mostram mais ágeis em regular inovação tem como consequência o benefício ao consumidor, o aumento da competição, a atração de talentos e a geração de empregos.
Já Stephanie acha que o Banco Central evoluiu muito nos últimos anos, prova disso é a velocidade com o que o Pix e o Open Banking avançaram recentemente. Ela apenas vê uma certa complexidade em tudo que envolve o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). “No mais, vejo cada um fazendo seu, cumprindo o próprio papel”, diz.
Próximos passos
Segundo Stephanie, tanto o Pix como o Open Banking vão gerar muitas oportunidades e transformação no setor por um bom tempo. “Imagine que quase 30% da receita dos bancos vai desaparecer em breve, já que TED e DOC poderão ser feitos gratuitamente pelo Pix. Com certeza, eles vão criar muita coisa nova para compensar isso. Apenas isso já é uma revolução enorme”.
Rodrigo Soeiro acredita que, a partir de agora, a principal tendência do setor financeiro é caminhar para a total digitalização das moedas. O Pix já traça o caminho para tal movimento. “Os impactos de tudo isso é maior liberdade para negócios e transações financeiras, ganho de relevância global do setor de criptomoedas, passando a ser percebido como um novo ecossistema de ativos alternativos, possibilitando ainda mais escala na democratização da saúde financeira”, finaliza.
Tanto Stephanie como Rodrigo estarão presentes na agenda dedicada à Inovação em Serviços Financeiros do Innovation Xperience Conference, evento que acontece nos dias 17, 18 e 19 de novembro. Eles participarão no painel Open Finance: Banking e Pix. Para mais informações, acesse aqui.