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“Falta entendimento do que são negócios sociais”

O 2º Mapa de Negócios de Impacto Social + Ambiental, levantamento feito pela Pipe.Social, em março do ano passado, apontou um crescimento de 73% em negócios classificados como “de impacto social positivo”, entre 2017 e 2019. Até então, existiam pouco mais de mil empresas atuando com esse viés no Brasil. No entanto, acredita-se que tenham muitas outras organizações que poderiam ser classificadas como tal.

 

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“Tenho percebido que muitas organizações exercem um amplo impacto em suas regiões, mas falta entendimento do que são negócios sociais”, opina Grazielly Silva. Ela e sua sócia, Patricia Barbosa, são fundadoras do Repagina.me, startup que visa melhorar o espaço dos empreendedores com intervenções simples como pintura, iluminação, vitrinismo, entre outros serviços, mais focados no espaço periférico para pequenos empreendedores.

 

 

“Negócios sociais têm a intenção de resolver um problema socioambiental, que apresenta um modelo de negócios e mensura métricas de impacto sistematicamente”

 

Repaginar Para Transformar

 

Criada em 2008, depois de anos trabalhando no comércio das periferias, a Repagina.me é uma empresa de impacto social que, além de trabalhar por um preço acessível, ainda utiliza materiais sustentáveis em seus processos. A startup se enquadra nos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, como erradicação da pobreza e das desigualdades, ajudar a tornar as cidades e comunidades mais sustentáveis, consumo e produção responsáveis, paz, justiça e instituições eficazes.

A Repagina.me já foi escolhida entre 365 startups brasileiras para um programa de aceleração. Atualmente, é uma das empresas suportadas pela Impact Hub, responsável por desenvolver programas para acelerar negócios, integrar o ecossistema e potencializar alianças de impacto. 

 

Negócios Sociais e a Luta Contra Estereótipos

 

Investimento

Segundo Grazielly, um dos maiores desafios para quem deseja ter um negócio social é conseguir investimento. Na opinião da empreendedora, há dinheiro na mesa, mas é difícil acessá-lo. “Existe uma preferência por startups com um viés tecnológico, pois estas têm mais poder de escala e, consequentemente, mais chances de recuperar o investimento”, diz.

Segundo Henrique Bussacos, sócio-fundador do Impact Hub São Paulo, o desafio maior é, de fato, para os negócios de menor escala, mesmo com impacto bastante relevante e um resultado financeiro positivo, mas não suficiente para atrair o interesse de investidores e fundos de venture capital. Ele reitera que a preferência é por empresas que envolvem tecnologia, como por exemplo que utilizam a Inteligência Artificial (IA) para melhorar o desempenho dos alunos nas escolas públicas ou para aumentar a eficiência do nosso sistema de saúde. “Esses negócios que utilizam tecnologia para gerar impacto positivo costumam ter mais facilidade para atrair investidores”, diz.

 

A Busca por Apoio

 

A falta de incentivos públicos é uma barreira apontada por Grazielly para os que desejam entrar nesse nicho. “Taxas caras, falta de um modelo jurídico. São coisas que comprometem o crescimento do setor”, afirma a empreendedora. “No Brasil, a carga tributária, o custo de operação para pagar tributos pela complexidade do sistema e um ambiente de negócios ainda com muitas incertezas trazem ainda mais dificuldades para os empreendedores”, complementa Bussacos.

Outros pontos relevantes, segundo ele, são a burocracia e a legislação trabalhistas que dificultam demais quem está começando, sendo uma barreira para o desenvolvimento do negócio. “Por último, acrescentaria o acesso a crédito, que é restrito”, complementa.

Bussacos

Bussacos reforça a falta de um modelo jurídico, mas diz que algumas ações estão avançando dentro da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO), esforço coletivo do ecossistema junto ao Governo Federal que visa criar um ambiente regulatório mais amigável para os negócios de impacto.

“As universidades também têm se envolvido com a formação de talentos para o setor e o ICE, nosso parceiro, tem um programa grande para apoiar professores e ambientes acadêmicos que queiram colocar os negócios de impacto em pauta. O Impact Hub, por estar presente em várias capitais (Manaus, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Florianópolis), tem contribuído para a disseminação do conceito e apoio a negócios de impacto em todo o País”, explica Bussacos.

 

“Taxas caras e falta de um modelo jurídico comprometem o crescimento do setor”

 

 

World

É inegável o potencial desses modelos de negócio ao redor do mundo. Segundo levantamento da Ande Brasil (Aspen Network of Development Entrepreneurs, rede de empreendedores de países em desenvolvimento), os negócios sociais movimentam cerca de US$ 60 bilhões por ano. O bom volume se deve principalmente às demandas por produtos e serviços mais acessíveis principalmente ligados à saúde, educação, moradia, inclusão social, entre outros.

Atualmente existem diversas organizações atuando no setor e mais atores interagindo com os negócios de impacto, como o governo e grandes empresas. O Fórum de Investimentos e Negócios de Impacto organizado cada dois anos pela Impact Hub em conjunto com a Vox Capital e o ICE é um exemplo de como o ecossistema tem se desenvolvido nos últimos anos.

“Entretanto, o fator crítico para a expansão dessas iniciativas está ligado às fontes de financiamento a esses programas, que podem vir de fundações, institutos, fundos internacionais como do Banco Interamericano de Desenvolvimento, empresas privadas que querem se aproximar do ecossistema de inovação e fundos de impacto que investem em negócios de impacto”, finaliza Bussacos.

 

Raio X dos Negócios Sociais

 

Data

– Os negócios fundados apenas por homens – ou que têm mais homens –, sobem nas faixas de faturamento entre R$ 501 mil a R$ 1 milhão por ano (67%) e, em especial, entre os que registram R$ 4,1 milhões ou mais de faturamento (74%).

– Os negócios com quadro societário majoritariamente feminino estão presentes nas faixas de até R$ 50 mil (33%) e de R$ 51 mil a R$ 100 mil por ano – 36% deles. Elas também crescem na base de microempreendedores individuais (44%) e em negócios não formalizados (33%).

– Dos 1.002 negócios mapeados, 76% estão formalizados; 82% têm soluções que também se dedicam à base da pirâmide; e 8% se dedicam exclusivamente à população de menor renda.

– 76% contaram com investimento próprio e, quem captou, relaciona 25% via Family, Friends & Fools (FFF); 11% de sócios-investidores; 11% de institutos e fundações; 10% de aceleradoras/incubadoras; 9% de instituições públicas/governo; 8% de empresas/corporate venture; 8% via crowdfunding; 6% investidor-anjo profissional; 3% de bancos privados; 3% de bancos de fomento; 2% de venture capital; 2% de private equity; e 1% crowd equity.

9% já foram acelerados mais de uma vez e 30% uma vez

Via Pipe.Social

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