A crescente adoção de agentes de inteligência artificial levanta sérias preocupações sobre segurança e privacidade, alertou Meredith Whittaker, presidente da Signal, durante seu discurso na conferência SXSW, em Austin, Texas, na última dia 7.
Whittaker destacou o valor que os agentes de IA podem agregar ao dia a dia dos usuários, facilitando tarefas como reserva de viagens, compra de ingressos e organização de compromissos. No entanto, ela chamou a atenção para o nível de acesso que essas ferramentas exigem para operar plenamente, incluindo dados sensíveis como coordenadas de GPS, informações de cartão de crédito, calendário e aplicativos de mensagens.

“Para que isso funcione, a IA precisaria de algo semelhante à permissão de root, acessando bancos de dados diretamente e, muitas vezes, sem criptografia”, alertou a executiva. Ela também enfatizou que esse processamento ocorre na nuvem, longe do controle do usuário, criando um risco significativo para a privacidade.
Segundo Whittaker, essa realidade pode comprometer a segurança digital, tornando os dados dos usuários vulneráveis e eliminando a separação entre aplicativos e sistemas operacionais. Como consequência, aplicativos de mensagens voltados à privacidade, como o Signal, nunca se integrarão a agentes de IA.
A presidente da Signal também reiterou suas críticas às práticas de coleta de dados do WhatsApp, apontando que o aplicativo registra metadados sensíveis, como frequência e horários de comunicação, localização dos usuários e possíveis conexões com outras plataformas do grupo Meta, como Facebook e Instagram.
“Sem comunicação privada, não há jornalismo seguro, não há coordenação militar eficaz, nem mesmo reuniões corporativas confidenciais. Quando essas coisas são comprometidas, percebemos a importância de uma infraestrutura como a Signal”, concluiu Whittaker.
O debate sobre privacidade e inteligência artificial continua a crescer, especialmente diante da rápida evolução dessas tecnologias e sua integração cada vez maior ao cotidiano dos usuários.