O ano de 2019 foi de recuperação de alguns indicadores econômicos, mas ainda há muito a ser feito. O momento é de instabilidade política, com o País guardando, em sua antessala, todo potencial de consumo de uma nação de 211 milhões de pessoas. Durante o painel “Cenário políticos e econômicos: como as novas tecnologias e plataformas impactam os rumos sociais”, no O2Oix, o jornalista e consultor Ricardo Sennes aponta potenciais e dificuldades que estão sendo levadas em conta por investidores e fala sobre como o Brasil pode realizar todo seu potencial.
Segundo Sennes, há um vale de desconfiança no curto prazo de consumidores e empresários contra um pico de expectativa positiva para o futuro. “Esse gap começou em 2016 durante o impeachment. Esse gap de confiança entre longo e curto prazo é por conta dessa instabilidade política e econômica que reflete na baixa propensão de investir e consumir. É o terceiro ano que projetamos crescimento perto de 3% e acabamos perto de 1%”, analisa.
Governabilidade
O analista aponta que, há um problema de governabilidade que se agrava com a saída do presidente Jair Bolsonaro do partido pelo qual foi eleito, o PSL. “É a primeira vez que não há nenhum partido formalmente na base do governo”, destaca.
Por outro lado, a concordância entre Congresso e Executivo para assuntos econômicos é um aspecto positivo. “A concordância de agenda é o ponto bom. Esse é o congresso mais reformista que a gente conhece desde a democratização. Ele veio construindo ao longo dos anos algum consenso. Os temas de caráter mais econômico têm em torno de 65% de consenso”, detalha.
Recuperação latente
Outro ponto positivo para Senner é a capacidade latente de recuperação da economia nacional. “O estoque de capital é uma tábua de salvação junto com pré-sal e agronegócio”. A realização desse potencial, para ele, vai depender da capacidade de o País manter-se em uma linha democrática e pró-mercado.
Para Senner, há um contingente de cerca de 115 milhões de brasileiros prontos para voltar para a rotina de consumo. Esse é o número de pessoas dentro da classe média baixa, que hoje tem seu potencial de compra comprimido. “Essa classe média baixa é surpreendentemente aberta ao uso de tecnologia. Números do Uber e do Facebook, com brasileiros entre os primeiros usuários do mundo, mostram uma permeabilidade fantástica”, destaca.
Aumento da produtividade
A solução para levar consumo a toda essa demanda reprimida só encontra um caminho, o uso intensivo de tecnologia. “Nós temos mais que dobrar a produtividade média do ponto de vista de oferta de serviços para atender a tudo isso. Será preciso antecipar a demanda e precisamos ter ferramentas para isso”, conclui o jornalista.