O Banco Central vive um momento desafiador. Discussões sobre pagamentos instantâneos, open banking e interoperabilidade ocupam a pauta do órgão regulador. Para colocar em pauta essas inovações, o Bacen precisou se aproximar do mercado para identificar as necessidades das instituições financeiras. O painel “Regulação e inovação: o futuro do mercado financeiro no Brasil”, do O2O Innovation Experience, abordou o tema.
“Estamos sendo desafiados para que se utilize a inovação para o melhor proveito da sociedade no uso do sistema financeiro nacional” disse Mardilson Queiroz, consultor do Departamento de Regulação do Banco Central.
Queiroz explica que o objetivo do Bacen é promover a digitalização de produtos, serviços e processos e democratizar a demanda e a oferta. Para a democratização, é necessário realizar a educação financeira de clientes e aumentar a infraestrutura em locais de pouca penetração do sistema financeiro. Para a digitalização, Queiroz explica que é necessário que haja integração de processos e infraestrutura das empresas. É neste contexto que ganham fôlego discussões sobre o open banking, um dos itens que está na agenda do Banco Central.
“Não adianta apenas ter tudo digitalizado. É importante, mas ainda é preciso que todos aqueles que estão no jogo possam se utilizar de produtos, serviços e processos de maneira igual”, afirma Queiroz.
José Luiz Rodrigues, Sócio Titular da JL Rodrigues, Carlos Átila & Associados enxerga o momento do mercado financeiro com otimismo. “Tem muita gente fazendo a mesma coisa, e quando isso acontece as mudanças tendem a se consolidar”, defende. Para ele, o grande desafio é que a regulação acompanhe o movimento do mercado.
Para Queiroz, o órgão regulador não deve se antecipar às mudanças, mas também não pode atrapalhar o mercado. “Não podemos estar tão atrás e, ao mesmo tempo, precisamos estar perto sem atrapalhar”.
Sob a ótica das empresas do setor financeiro, é necessário tomar cuidado para inovar de verdade, e não apenas digitalizar produtos que já existem, defende Loise Nascimento, head de Regulação MovilePay e Líder do Comitê Financeiro da ABO2O. “Vamos pensar mais em deixar de digitalizar o mundo físico e prestar mais atenção no cotidiano dos consumidores”, afirma, usando o cartão de crédito como exemplo de serviço que não teve mudanças profundas em seu modelo além da digitalização.
“Estamos em um momento onde três coisas – tecnologia, cultura de inovação e regulamentação – estão convergindo numa sinergia muito boa. O Banco Central mudou completamente, está próximo do mercado”, afirma Carlos Augusto, diretor de TI e Inovação da ABBC (Associação Brasileira de Bancos).
Na medida em que a tecnologia avança, o órgão regulador se esforça para abrir espaço para a inovação. Open banking, pagamentos instantâneos e interoperabilidade serão consequência da colaboração entre instituições financeiras e Banco Central.