A modernidade trouxe uma revolução para as empresas que tiveram que inovar para transformar a vida dos clientes que estavam às margens das instituições financeiras, fazendo com que as companhias virassem fintechs para aumentar sua competitividade no mercado que atuam.
É o caso do Carrefour e de outras empresas listadas na B3, bolsa de valores brasileira, que ampliaram seu leque de atuação com a ajuda da tecnologia e passaram a atuar no segmento financeiro. O termo “fintechzação” define o movimento no qual as empresas brasileiras que atuam em todos os segmentos e que não fazem parte da indústria financeira usam a tecnologia bancária para fidelizar seus clientes.
O Banco Carrefour é o braço financeiro da companhia varejista. “A gente tem que estar conectado, mas tem que saber a parte positiva do regulador para trazer mais segurança. O movimento de fintech é pra todos desde agregue o valor e não tire seu foco”, afirmou Thomas Merodak, Head de Retenção de Clientes, Cobrança e Produtos Financeiros do Banco Carrefour Brasil. Fabiano Cruz, CEO e fundador da Zoop, ressalta que a tecnologia facilita o processo de fintechzação.
“Você soma tecnologia que não existia antes para entregar essa fintechzação, hoje em dia, você consegue criar um banco todo na Nuvem, como o banco do Ifood. Eu consigo entregar um crédito mais barato, uma oferta de serviço melhor”, afirmou.
Cruz diz que várias fintechs que antes eram vistas como empresas tradicionais se transformaram e passaram a oferecer serviços financeiros. “Essa revolução que a gente viu acontecer nos últimos 10 anos não está nem perto do que vai acontecer nos próximos 5 ou 10 anos.”
A Energisa, empresa que atua na distribuição de energia elétrica, também aderiu ao movimento e criou a Voltz, uma fintech para oferecer crédito ao cliente que está devedor.
“A gente usou modelos de inteligência artificial para obter scores e oferecer crédito para parcelamento de contas atrasadas”, afirmou Daniel Orlean, da Voltz.
De acordo com ele, a Energisa identificou que 2/3 dos seus clientes pagavam as contas de energia em dinheiro e em lotéricas.
“A gente percebeu que essas pessoas que tinham que se deslocar da sua cidade até uma cidade próxima demandavam um processo de inclusão digital e financeira que poderia trazer muita mobilidade social no futuro. E o lado financeiro disso é que o grupo gastava R$ 90 milhões só em arrecadação de conta e isso ajudou na economia”, afirmou.
A Claro Pay identificou que 40 milhões de brasileiros não utilizam contas bancárias ou têm acesso ao crédito, com isso, decidiu conhecer melhor o cliente para personalizar serviços financeiros.
“A gente tem dados que permitem oferecer créditos de pequeno valor, esse é um dos serviços que já estamos oferecendo através de um projeto piloto pelo Claro Pay. A gente sabe que grande parte da população precisa de créditos de pequeno valor para uso rápido e emergencial”, afirmou o CEO Maurício Santos.
Apesar dos avanços em fintechzação, Nuno David, da Mag Seguros, ressalta que esse é um processo caro e necessita de investimentos.
“Um processo como esse carece de capital e a maior barreira no Brasil é o acesso de capital, porque o dinheiro aqui é caro. Apesar do custo do dinheiro no Brasil ser caro, se você for um grande fundo de investimento e pensar aonde vai colocar dinheiro, o Brasil aparece de novo nos radares após a pandemia. O Brasil é um porto relativamente seguro”, disse.
Para David, apesar do custo do capital no Brasil ser alto por causa da inflação e a alta taxa de juros, o país é seguro no ponto de vista regulatório.