Um futuro possível (para alguns, apocalíptico) descreve o papel do profissional de uma empresa daqui a alguns anos. Se durante séculos buscamos o sucesso profissional por meio do aprimoramento de uma habilidade específica, tal abordagem pode estar em risco com o avanço da inteligência artificial generativa, segundo acredita Ian Beacraft, fundador e futurista-chefe da Signal and Cipher. Ele foi um dos palestrantes principais do primeiro dia da Febraban Tech 2023.
Segundo ele, entraremos na era dos criativos generalistas ou creative generalist. Mas o que isso significa na prática?
Para Beacraft, o possível profissional do futuro será alguém com a capacidade de realizar tarefas multidisciplinares a partir de comandos criativos, seja por escrito, voz ou outra forma de comunicação. Para tanto, ele precisará utilizar uma variedade de ferramentas disponíveis no mercado, que auxiliam na produção de textos, vídeos, imagens, código-fonte, campanhas de marketing e outras ações dentro de uma empresa.
“Ele vai conectar diferentes áreas de conhecimento humano de maneira criativa através das IAs, mas não será uma pessoa especializada em codificação, por exemplo”, afirma Ian.
“Habilidades Just in time”
Para Ian, essa habilidade profissional terá um nome: Just in time skills, ou seja, tudo aquilo que estiver disponível, acessível e que possa ser utilizado para resolver um problema dentro da empresa. “O que estamos propondo é a comoditização da criatividade. Não vamos perder nossos empregos, mas sim as descrições de atividades que existem hoje”, afirma.
Dentro da visão de Ian, o número de pessoas dentro de uma empresa deve diminuir, mas o número de empreendedores que se apoiam em IAs generativas poderá ter um salto exponencial. “Não é difícil imaginar um unicórnio (empresa de mais de US$ 1 bilhão) formado por apenas 3 pessoas”, afirma.
Yohei, o primeiro ícone da criatividade generalista
Hoje, se existe o primeiro ícone criativo generalista, ele atende pelo nome de Yohei Nakajima, sócio-fundador da Untapped Venture Capital. Ele, com pouco conhecimento em programação, desenvolveu um aplicativo de chat voltado para o relacionamento com o cliente – tudo com a ajuda de uma IA generativa. “É um exemplo de alguém que sabe muito pouco sobre programação, mas soube utilizar uma IA para desenvolver a ideia do chat, entre outras coisas”, afirma.