Inteligência Artificial (IA) é um dos assuntos mais comentados hoje em dia, graças, principalmente, ao ChatGPT. A ferramenta de IA generativa, desenvolvida pela OpenAI, basicamente cria textos e imagens a partir de instruções do usuário e do feedback humano, com base em informações inseridas na própria IA.
Uma das principais polêmicas envolvendo IA é se futuramente ela substituirá os seres humanos em postos de trabalho, ou até mesmo se algumas profissões correm o risco de acabar. Para o arquiteto de soluções de dados e IA da Microsoft, Afonso Menegola, ferramentas como o ChatGPT não resolvem todos os problemas das empresas e não substituirão os seres humanos. “Elas são apenas parte da solução e devem ser usadas como ferramentas”, ressaltou.
Menegola foi o convidado do webinar ‘Desmistificando o ChatGPT – como ele desembarca em meu negócio’, promovido de forma conjunta pelos comitês de Tecnologia, Proteção de Dados e Customer Experience (CX) do Movimento Inovação Digital (MID).
“IA é um tema que ganhou contornos muito importantes nos últimos meses e vejo um potencial muito grande quando utilizada na experiência do cliente e no desenho de sua jornada”, afirmou o mediador do encontro e líder do Comitê de CX do MID, Rodrigo Tavares.
Diferencial
O ChatGPT não é o único produto oferecido pela OpenAI. No entanto, é o mais popular. Mas por quê? Qual seu diferencial? Na opinião de Menegola, a explicação está na sua efetiva funcionalidade, na facilidade de implantação e na possibilidade de geração de valor para as empresas.
“Até pouco tempo atrás, em problemas resolvidos por machine learning, era preciso pegar dados, treinar um modelo em cima desses dados, colocar em produção, monitorar, etc. Com a OpenAI, temos um único modelo, um fondation model, cujo objetivo é receber os mais diversos tipos de input (textos, por exemplo) e resolver variados problemas”, disse Menegola.
O executivo da Microsoft lembrou que a IA é estudada há muitas décadas, desde os anos 1950. O principal objetivo do seu estudo é tentar reproduzir a capacidade cognitiva humana (enxergar, falar, ouvir, raciocinar). Além do Machine Learning – um subset dentro da IA por meio do qual computadores conseguem identificar padrões em dados e fazer previsões – também há o subset da Deep Learning, que estuda redes neurais profundas.
“A OpenAI se encaixa nos modelos de redes neurais que são do tipo generativo. Ela vai receber um texto com o objetivo de prever qual o próximo texto, a próxima palavra, a próxima frase. Trata-se de uma estrutura complexa de rede neural com treinamento de dados”, explicou Menegola.
Parceria
Em 2019, a Microsoft e a OpenAI firmaram uma parceria para estender os recursos do Microsoft Azure em sistemas de IA em larga escala. Ou seja, a OpenAI portou seus serviços para rodar no Microsoft Azure. Dessa parceria surgiu a plataforma Azure OpenAI Service, que oferece ferramentas como o GPT 3.5 (modelo de linguagem natural autorregressivo), o Codex (modelo de programação de uso geral), o DALL-E, (modelo para geração de imagens), além do ChatGPT.
Mas os investimentos não pararam por aí. Em janeiro deste ano, a Microsoft anunciou que fará outro aporte financeiro na OpenAI, dessa vez de US$ 10 bilhões, e que também começou a adicionar a tecnologia da OpenAI ao seu mecanismo de busca Bing.
Responsabilidade e ética
O funcionamento do Azure OpenAI (GPT-3.5) e seu sistema de precificação foram demonstrados por Menegola, que reforçou a importância e a preocupação da Microsoft com a utilização responsável da IA. “Temos padrões de IA responsável que podem ser replicados para todas as empresas. No entanto, vale lembrar que a IA não resolve todos os problemas das companhias”, destacou.
Para Guilherme Kato, líder do Comitê de Tecnologia do MID, “é importante esclarecer a questão da privacidade e da propriedade intelectual dos dados fornecidos e gerados pelo ChatGPT. Esse entendimento é fundamental”.
Neste caso, segundo o executivo da Microsoft, os termos de uso de utilização da OpenAI afirmam que o conteúdo (tanto o prompt que entra na API, quanto o conteúdo gerado) pertence e é de responsabilidade do usuário.
“Apesar de o tema ser polêmico, toda tecnologia vem para o bem. Desejamos cada vez mais tecnologia, com inteligência e mecanismos para evitar o seu mau uso. Isso se conecta bastante com a ética, que deve prevalecer”, concluiu Samanta Oliveira, líder do Comitê de Proteção de Dados do MID.
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