O mercado de pagamentos mudou mais nos últimos dois anos do que em vinte. Essa é a conclusão dos participantes do painel “2025: o futuro dos meios de pagamento”, durante a 4ª edição do Innovation Xperience Conference, evento do Grupo iX e correalizado em 2022 com a SP Negócios, iniciativa que tem o apoio do Movimento Inovação Digital (MID) e da FecomercioSP.
Todos foram unânimes em dizer que o advento do Pix, no final de 2020, foi o evento mais notório nesse mercado. Ainda assim, garantem que o mercado de pagamento entrou em uma espiral de inovação que deve se intensificar daqui até 2025.
“Até 2010, tínhamos duas empresas que concentravam os pagamentos. A partir da quebra desse duopólio surgiram novos players de credenciadora de cartões. Depois, as maquinhas de baixo custo, a explosão de subadquirentes e agora, toda a revolução que o Pix trouxe. Não é pouca coisa”, brincou Bruno Diniz, sócio da Spiralem Innovation Consulting.
Mas ainda há muito por vir. Vice-presidente sênior da WorldPay para América Latina, Juan Pablo D’Antiochia aponta a carteira digital como a principal tendência. “Acho que aqui no Brasil nós não estamos dando a relevância que isso precisa”, afirmou o executivo.
Em sua análise, o segmento de meios de pagamento do País se expandiu em diferentes nichos desde 2010. Agora, diz, vive um momento de nova consolidação, no qual as carteiras digitais ainda possuem pouco espaço em vista do potencial de inclusão que oferecem.
Responsável pelo e-commerce da Bauducco, Rodrigo Matheus concorda que a conta digital permite que mais pessoas tenham acesso ao e-commerce, por exemplo. “Muita gente que até então não poderia fazer
uma compra online por não possuir um cartão, vai poder comprar por meio da conta digital. Parece bobo, mas é muito significativo quando olhamos para além da nossa bolha social”, afirma.
Para Gustavo Monteiro, vice-presidente de produtos da Kushki, startup de meios de pagamentos, o desafio vem da concentração, que segue nas mãos de grandes bancos. “O desafio daqui para os próximos anos é fomentar a abertura e a competição, que trazem a inovação. Quando se avança na competição, é difícil retroceder”.
Essa opinião é compartilhada por Tom Canabarro, diretor de Serviços Antifraude da Boa Vista, bureau de análise crédito, que no ano passado adquiriu a Konduto, startup fundada por ele. “A quebra do monopólio das credenciadoras de cartão é o motivo do e-commerce ser o que é hoje no Brasil. Antes disso, não havia drive de inovação”, afirma. Por isso mesmo, diz, é preciso investir em processo antifraude para garantir vendas e compras seguras.
Além das contas digitais, processos antifraude e a própria evolução do Pix, os participantes apontaram as moedas digitais, como o real digital, como uma tendência para os próximos anos. Os criptoativos também foram
indicados, mas para um futuro de médio prazo. Afinal, a bitcoin não foi pensada para transacionar, e sim como forma de investimento. “Ainda assim, o mercado de criptos tem mais de US$ 1 trilhão disponíveis
e, em algum momento, as pessoas vão querer resgatar esse dinheiro. A negociação com criptomoedas não deve se popularizar até 2025, mas seguramente ganhará cada vez mais espaço”, disse Monteiro, da Kushki.
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