Um dos grandes impulsionadores da nova economia digital foi o desenvolvimento dos meios de pagamento digitais, especialmente aqueles que ocorrem por meio de tokenização. No Brasil, essa evolução pode ser resumida no surgimento e rápida popularização do Pix. Agora, o País parece pronto para seguir novas tendências – e uma delas pode ser a carteira digital, ou apenas wallets.
De acordo com os recentes dados do The Global Payments Report 2024, estudo desenvolvido pela Worldpay, o e-commerce brasileiro está avaliado em US$ 790 bilhões, sendo que o Pix movimenta 30% do total transacionado. Os cartões aparecem na segunda posição, porém as carteiras digitais não ficam muito atrás: elas já correspondem a 16% das transações no comércio eletrônico nacional.
O tema foi amplamente discutido no podcast da Inovativos sob o tema “Do Pix às carteiras digitais: presente e futuro dos pagamentos digitais no Brasil”. O encontro contou com a participação de grandes especialistas do mercado e foi apresentado por Mafê Luvizotto.
Wallets e Pix: a revolução dos pagamentos digitais
Thiago Medeiros, diretor de negócios da Worldpay, citou dados do estudo para exibir o atual momento dos meios de pagamento digitais. “Wallets reinaram no mundo. 50% dos pagamentos online foram feitos com wallets. Já é o maior meio de pagamento na Ásia, na Europa e na América do Norte. Então, temos apenas Oriente Médio, África e América Latina fora desse contexto. As wallets dominam lá fora por questões como comodidade, segurança e eficiência. No mercado brasileiro, o destaque é o Pix, que cresceu 50% de 2022 para 2023 e já representa 30% das compras no e-commerce. O nosso estudo estima que, em 2027, o total chegue a 50% das compras online.”, afirma Medeiros.
Apesar do avanço do Pix, as carteiras digitais também devem crescer no Brasil e na América Latina. “A nossa estimativa é que as carteiras digitais vão ser o meio de pagamento mais utilizado no mundo como um todo, incluindo América Latina. 60% dos meios de pagamento no mundo e o Pix, que entra na categoria account to account,”, projeta Medeiros.
O crescimento do Pix e a queda do dinheiro
Paulo Forattini, diretor de produtos e design e CX da iFood Pago, corrobora a visão de Medeiros, destacando o crescimento do Pix. “Claramente, quando a gente analisa o Pix, o crescimento dele nos últimos anos é bem significativo perante os outros meios de pagamento. A gente vê ainda as transações com cartão de crédito como o principal método dos nossos clientes, mas o Pix é o segundo.”
Forattini também menciona como o Pix está ganhando terreno em relação aos cartões de crédito e débito. “Claramente o Pix tomou o share do cartão de crédito e débito. E eu concordo com a afirmação da praticidade: se você vai pagar no Pix, você ainda tem aquele método de copia e cola onde você vai para o app do banco que você tem. Quando a gente conseguir uma experiência similar ao cartão de crédito com a tokenização, onde você apenas clica e paga, e a gente conseguir replicar isso no Pix, com certeza ele vai crescer ainda mais. E se a gente conseguir fazer isso no meio físico, quando a gente acertar o Pix na ponta, no momento das vendas físicas, ele vai entrar mais em aceitação ainda.”
Luiz Otávio Landgraff, head de estratégias e operações da 99 Pay, fala sobre o papel crescente do Pix e a queda do uso de dinheiro. “O dinheiro é o terceiro meio de pagamento da 99. Mas me perguntam se tem margem pra crescer, eu digo sim. Por exemplo, sair com dinheiro no bolso eu entendo que não é muito seguro hoje em dia. Você tem a chance de ser roubado. Além disso, tem a questão da comodidade. Então, o Pix tem margem para crescer. O dinheiro não está crescendo e existe uma tendência de redução. E se você pergunta onde o Pix tem mais margem para crescer, sim, é no dinheiro, depois no cartão de débito. Mas eu enxergo que o Pix vem crescendo. Cresceu mais de 60% e ele não desacelerou.”
A evolução do Pix e a comodidade das wallets
Sobre o futuro, especialistas afirmam que, independentemente da tecnologia que poderá surgir nos próximos anos, ela precisará ser cômoda e pensada para o consumidor. Aaron Papa, diretor de relações institucionais da Init, destaca a importância de uma experiência de pagamento fluida. “A hora do pagamento precisa ser o momento mais fluido possível. Um pouco absurdo você perder uma venda por não ter um meio de pagamento adequado no seu comércio eletrônico.”
Para Thiago Medeiros, a chave para o futuro dos pagamentos está na facilidade de uso. “O grande futuro do cenário de pagamento é a comodidade. O meio de pagamento que vai dominar é o meio de pagamento que for mais fácil para o consumidor. Se ele tiver uma etapa a mais, uma validação a mais, ele vai acabar abandonando.”
Os especialistas apontam que o próprio Pix precisará passar por mudanças sob o ponto de vista da comodidade. Hoje, para efetuar o Pix, é necessário abrir o app do banco, escanear o QR Code e efetuar o pagamento, ou ainda copiar e colar um número serial.
Para especialistas como Aaron Papa, o Pix por aproximação será o próximo grande estágio da evolução da tecnologia, pois eliminará a necessidade de abrir o aplicativo do banco. Mas isso é cena do próximo capítulo regulatório do Banco Central.
Acompanhe o podcast na íntegra no YouTube ou no Spotify: