Inovação Digital e Tecnologia na Centralidade do Cliente

ARTIGO: No Dia do Consumidor, cultura e arte se conectam com a jornada do cliente

É oportuno avaliar como há, em geral, o interesse da expressão artística em que o espectador é envolvido na experiência, numa jornada interativa, ágil e compartilhada. O espectador - cliente, cidadão, agente - várias vezes não ocupa uma posição estática de admirador mas é mesmo atraído para se tornar parte da obra, interagindo, se expressando, vivenciando e sentindo suas emoções como parte do processo, tornando-se parte da experiência, realizando a jornada que ele, espectador, percebe.

Os temas ligados à percepção, atração e engajamento dos clientes, cidadãos e espectadores são foco das propostas da gestão empresarial há décadas. A inserção crescente de recursos tecnológicos, reportando à multimídia da década de 1990, chegando à disseminação da ciência de dados e da inteligência artificial que, mesmo ainda sendo absorvidas pelo mercado e pelos tecnólogos já releva um potencial de disrupção, faz com estes temas relacionados à experiência e jornadas de nossos contatos se torne ainda mais dinâmico e evolutivo.

Voltamos nossos olhos para o aprendizado sobre a Arte. Como já tivemos oportunidade de apresentar em nossos artigos anteriores, bem como nos contatos e eventos realizados com o Grupo IX sobre o tema “Arte e Gestão”, a Arte é, principalmente, uma forma de comunicar. Seja um fato histórico, a documentação de uma personalidade, uma mensagem nacionalista, de apreciação da natureza, da existência humana, uma expressão do artista para com um fato ou fenômeno ou, por último, suas reflexões sobre questões existenciais ou sociais, usando a Arte como um instrumento de seu intelecto e personalidade.

Neste contexto, é oportuno avaliar como há, em geral, o interesse da expressão artística em que o espectador é envolvido na experiência, numa jornada interativa, ágil e compartilhada. O espectador – cliente, cidadão, agente – várias vezes não ocupa uma posição estática de admirador mas é mesmo atraído para se tornar parte da obra, interagindo, se expressando, vivenciando e sentindo suas emoções como parte do processo, tornando-se parte da experiência, realizando a jornada que ele, espectador, percebe.

Sempre oportuno relembrar que já dissemos ser este o princípio básico da oferta de valor: a definição de componentes de benefícios, de satisfações, provocações, desafios, emoções, que o apreciador da obra de arte, considerando-se todas as suas formas, para que haja uma percepção positiva, uma agregação de valor.

Sempre na posição de ouvinte, apreciador e espectador, sem ter a pretensão de uma crítica a qualquer produção artística ou mesmo à análise, teço alguns paralelos a seguir, buscando cientificar nosso leitor, mais uma vez, da rica inspiração da arte para os princípios da gestão, neste caso, da proposição e construção da jornada, da experiência, temas tão caros a planejadores de marketing, estrategistas, designers, gestores comerciais, profissionais que atuam em modelagem de negócios, entre outros.

No percurso da produção sinfônica, apoiando em contextos já dialogados em nossas colunas anteriores, temos a evolução da expressão musical, desde os conjuntos de cantos, como os de música gregoriana, alcançando o uso isolado de instrumentos, a formação dos primeiros arranjos como quartetos e grupos que compunham e interpretavam com famílias de instrumentos de tecnologia análoga, chegando às orquestras e, finalmente, todo o contexto tecnológico que ainda avaliamos, como os de mídia integrada e aplicação da IA.

Na expressão musical, há fatos que atestam a afirmação da expressão humana, para atrair, engajar, difundir e desenvolver a atenção humana e, consequentemente, ampliar a oferta e agregação de valor. Percepções simples, como o uso de trechos sinfônicos em campanhas comerciais – neste ponto, em especial, claro, como sempre a quinta sinfonia de Beethoven com seus célebres quatro acordes de abertura e várias peças de Mozart ocupam lugar de destaque – atestam bem como são elementos de apreciação por gerações e gerações de agentes espectadores.

A composição musical busca, usando técnicas já conhecidas e outras sempre em desenvolvimento, atrair a atenção, produzir a sensação de expectativa e até de anseio, o ritmo, a decisão e uma posição afirmativa diante de um ponto exposto pelo autor. Resposta? Decisão efetiva? Processo? Método? Novo problema? Uma reflexão indefinida apenas, deixando o ouvinte na busca e desenvolvimento de suas percepções e posições no contexto? É fruto da interação, da percepção, da oferta e acompanhamento de uma jornada. Muita experiência nestes processos, na Arte da música.

Ao ouvirmos uma peça – desde a música sinfônica, nos nossos emblemáticos sambas, na composição regional ou nas propostas mais modernas – a interação completa de uma jornada do ouvinte ocorre, de maneira rica, sendo proposta por métodos que aliam técnicas já conhecidas e usadas por séculos até rupturas propostas por compositores e intérpretes. E, diga-se, o Brasil sempre foi referência nessas jornadas e experiências!

A retenção e o engajamento elaboradas pelo visual passa, como costumo abordar em nossas apresentações, pelos primeiros retratos da realidade humana, talhados nas cavernas onde nossos antepassados viveram, pelos belíssimos retratos medievais de temas religiosos, os detalhamentos de paisagens, o descolamento da realidade proposto inicialmente pelo impressionismo, evoluindo em várias correntes para o cenário onde a pintura não mais é um retrato, uma imagem, mas expande na forma de expressão de um processo, de uma observação, emoção ou, simplesmente, da técnica.

O “visual”, hoje, é mandatório na oferta de valor. Sem aspectos visuais, perdemos um potencial imenso de troca de experiências com nossos clientes e agentes de mercado. Pois como já dito, assim vem sendo por séculos e séculos com os artistas da pintura. Técnicas, escolas, expressões, interações e dinâmicas já foram de nossa abordagem neste espaço, e seguirão em discussão dada a riqueza na construção das jornadas e experiências dos espectadores – novamente insistindo não serem agentes estáticos, mas integrados ao processo, à interação.

Dentre os milhões de artefatos produzidos nesta linha artística, destaco e destaquei em meus textos e apresentações os quadros medievais de temas religiosos, as paisagens e o início da tridimensionalidade, a Liberdade conduz o povo de Eugène Delacroix, a coroação de Napoleão por Jaques-Louis David, os trabalhos de Wassily Kandinsky e Piet Mondrian, o processo de Jackson Pollock, as observações emocionais do óbvio de Edward Hopper, entre muitos e muitos outros. Neste minúsculo recorte feito, deixando de abordar obras que o leitor já se emocionou, apreciou, memorizou ou mesmo se escandalizou (emoções, enfim), um caminho de compreender, ver, retratar, imaginar, perceber e, finalmente, sair daquele contato diferente do que chegou. Afinal, neste aspecto, um sonho dos profissionais de marketing em posicionar estrategicamente um composto de valor, disseminando sensações ao cliente, tornando ali uma potencial jornada de desenvolvimento, engajamento e adoção de marca ou oferta final.

Nas Artes, numa breve apreciação que estenderemos futuramente, várias inspirações para o relacionamento com um espectador / agente / cliente / parceiro / atuador. Nas várias instâncias e aspectos que buscamos posicionar nossas ofertas e negociar ativamente no mercado, na sociedade, a Arte nos inspira, pelas experiências, propostas, inovações, rupturas e compromissos.

Com a interpretação da Arte, nossa concepção de Gestão é definitivamente aprimorada.

george leal jamil pb

Artigo escrito por George Leal Jamil. Ele é professor e consultor em temas de educação executiva. Engenheiro, MsC em Computação, Dr. em Ciência da Informação, pós-doutorados em Inteligência de Mercado e Empreendedorismo. Autor e editor de livros no Brasil e exterior. Colunista da plataforma Inovativos.

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