Durante painel no Innovation Xperience Conference – uma iniciativa do Grupo Innovation Xperience (Grupo iX), Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, disse que “a meta fiscal de zerar o déficit em 2024 é ambiciosa. Temos que diminuir o déficit. Se conseguirmos cumprir, será uma excelente notícia”.
O tema tem sido debatido com frequência e voltou aos holofotes após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer que “dificilmente” a meta de 2024 seria cumprida. Após a declaração mexer com o mercado e gerar críticas de políticos, Lula voltou atrás e disse a empresários que “garantirá a estabilidade fiscal”.
O governo federal enviou ao Congresso Nacional a proposta de orçamento para o ano que vem com estimativa de déficit zero. No entanto, o cumprimento da meta depende de medidas para aumentar a arrecadação em até R$ 168 bilhões.
De acordo com Salles, a economia brasileira pode crescer de duas formas: “uma delas é trazendo mais gente para o mercado de trabalho, a outra é por meio do ganho de produtividade”.
O economista disse que a taxa de crescimento de pessoas no mercado de trabalho atualmente está em 0,9%. De 1995 a 2021 era de 2,2%, mas ele ressaltou que a população idosa está crescendo, o que pode mudar esse cenário em breve. De acordo com o censo demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil teve envelhecimento recorde e as pessoas com mais de 65 anos já representam 10,9% da população. O número de idosos representa um aumento de 57% em relação ao censo de 2010.
Na opinião de Salles, apenas as reformas podem mudar o cenário econômico no país. “Reformas estão sendo feitas para mudar o cenário trabalhista e tributário. Essa [reforma tributária] vai demorar pra fazer efeito, mas é fundamental que seja aprovada, pois ela representa ganho de produtividade. A situação é preocupante, mas tem oportunidade que se a gente souber explorar, sai da dificuldade”, ressaltou.
Sobre o cenário internacional, Salles destacou o baixo crescimento da China, “Não vamos mais ver a China crescendo como no passado, o setor imobiliário não tem mais condições de crescer. Construiu-se tanto que o preço dos imóveis está começando a cair. A China começa a ameaçar os EUA em termos de tecnologia, a gente começa a ver uma separação quando olhamos globalmente”, disse.
Já em relação a Zona do Euro, o economista falou sobre os impactos da guerra sobre a economia da região. “A Europa está mais fraca porque a Rússia está cortando o fornecimento de energia para a União Europeia por causa da guerra contra a Ucrânia. Por fim, os Estados Unidos estão com crescimento moderado por conta da inflação”, finalizou.