O uso de meios digitais para fins de transações financeiras no Brasil cresceu de forma acelerada na última década. E um dos grandes responsáveis pelo crescimento do processo de digitalização, principalmente nos últimos anos, foi a introdução do Pix pelo Banco Central.
No ano passado, o Pix foi o principal instrumento de pagamentos do mercado, atingindo 29% de todas as transações registradas, contra 16% do total em 2021. A ferramenta, que estreou no país no fim de 2020, superou, dessa forma, os cartões de crédito, débito e boleto na quantidade anual de operações em 2022.
A informação foi divulgada pelo Banco Central por meio do relatório “Evolução de meios digitais para a realização de transações de pagamento no Brasil”. Além do Pix, as restrições de mobilidade decorrentes da pandemia e o arcabouço legal e infralegal que conduziu ao florescimento dos mercados de arranjos e instituições de pagamento também contribuíram para o crescimento do processo de digitalização.
Evolução regulatória
De acordo com Angelo José Mont Alverne Duarte, chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro (Decem) do Banco Central, a evolução regulatória em prol da competição e da inclusão financeira dos últimos anos, ao mesmo tempo em que manteve a solidez e eficiência do Sistema Financeiro Nacional, permitiu o desenvolvimento de um ecossistema de pagamentos inovador, cuja maturidade levou à introdução do Pix, cuja velocidade de adoção foi amplificada pelo baixo custo e facilidade de uso da ferramenta.
Sobre a evolução do ticket médio dos diferentes meios de pagamento, as informações do relatório mostram o uso preponderante do Pix e dos cartões (especialmente o pré-pago) nas transações de valor mais baixo, indicando seu papel importante na inclusão financeira. Transferências interbancárias e intrabancárias foram as principais opções para transações corporativas, de valores substancialmente mais altos.
Transações por instrumento de pagamento
Segundo o trabalho do Banco Central, entre 2010 e 2016 houve uma redução no uso de boletos e cheques e aumento moderado dos cartões de débito. A partir de 2017, observa-se um crescimento mais acelerado no uso de cartões, possivelmente pela entrada de instituições de pagamento que emitem cartões de crédito e cartões pré-pagos.
A partir do final de 2020, o Pix cresce de forma expressiva, reduzindo, em termos relativos, a participação dos demais meios de pagamento e de transferência na quantidade total de transações financeiras. Mesmo assim, há um contínuo aumento da utilização de cartões (incremento expressivo da quantidade de transações com cartões de débito e pré-pago, desempenhando um papel relevante na inclusão financeira, sobretudo de jovens que estão entrando no sistema financeiro). Os boletos, por sua vez, ficaram estagnados e o cheque teve uma redução ainda mais acelerada.
“A evolução da quantidade de transações por meio do Pix demonstra que esse instrumento teve importante papel no significativo aumento na quantidade de transações do ecossistema de pagamentos como um todo, proporcionando a participação de pessoas que nunca haviam realizado transferências. Em apenas dois anos de operação, o Pix tornou-se o instrumento com maior quantidade anual de transações”, concluiu o chefe do Decem do Banco Central.