Nos EUA, três bancos fecharam suas portas em cinco dias. Para quem dizia que o mercado cripto era frágil e inseguro, essa notícia caiu como uma bomba. Se não fosse a rápida ação do FED, pela lei americana, só estariam protegidos depositantes com valores menores que 250 mil dólares. Sob um cenário como este, a quem o consumidor poderia recorrer ?
Antes de falar do motivo da quebra desses bancos, de um ainda possível risco sistêmico, e de como isso afetou a criptoeconomia, vale lembrar como o Bitcoin nasceu. Na crise financeira de 2008, o Fed utilizou suas reservas para salvar alguns bancos. Nessa época, muitas instituições quebraram, mas não por falta de dinheiro. Na verdade, eles perderam o dinheiro que estavam nas instituições financeiras em que eles confiaram. Além disso, o socorro dado pelo FED saiu do bolso dos contribuintes.
Visto isso, o efeito colateral, a partir de muita indignação, foi a criação do Bitcoin, uma moeda totalmente descentralizada e sem qualquer dependência de bancos ou bancos centrais. Vale destacar que a quantidade disponível de bitcoins – 21 milhões – já foi pré-definida em seu nascimento e a moeda não é emitida, independentemente do cenário macroeconômico. Novas bitcoins vêm ao público através de “mineração”, regras já postas e claras. Assim, Satoshi Nakamoto (pseudônimo do autor ainda desconhecido) colocou o primeiro bloco da rede blockchain do BTC no ar em 9 de janeiro de 2009.
Quinze anos depois, a história se repete com as recentes notícias da quebra dos bancos Silvergate, Signature e Silicon Valley Bank. A brusca mudança de dinâmica econômico-financeira (altas taxas de juros e etc) que foi provocada, em parte, pela pandemia, trouxe a necessidade de revisão de estratégias de investimento por parte dos bancos, mas alguns, como o caso dos três citados acima, não se movimentaram a tempo, o que incorreu em falta de liquidez.
A partir daí, compromissos corriam o risco de não serem cumpridos e isso desencadeou uma corrida bancária que colocou todo o sistema financeiro tradicional em xeque mais uma vez. De novo, assim como ocorreu no passado, o FED entrou no jogo e anunciou um pacote de US$ 25 bilhões em financiamento destinado a apoiar bancos e outras firmas depositárias (seria mais impressão de dinheiro ?).
Vale ressaltar que, apesar desses bancos servirem de ponte para criptos nos EUA, essa crise nada tem a ver com o mercado cripto. Inclusive, neste caso, ocorreu um fato curioso no qual a falha no sistema tradicional incorreu no abalo de uma STABLECOIN, o USDC, que tinha 8% de seu lastro (3 bilhões de dólares) em um dos bancos quebrados.
O que levanto para reflexão é, sob esta experiência, para onde correr? Onde é seguro?
Para aqueles que já estão em cripto, a resposta é clara e uma das referências do setor, Changpeng Zhao, conhecido como CZ, CEO e founder da Binance (maior exchange do mundo), liderou pelo exemplo. Na segunda-feira, após a notícia da quebra dos bancos, ele retirou 5 bilhões de reais que estavam lastreados em dólar e em 15 segundos, sob uma taxa total de U$ 1,29, converteu para três criptomoedas, sendo Bitcoin, Ethereum e BNB (Binance Coin). Ou seja, ele prefere estar em cripto e ter acesso a seu recurso, mesmo que volátil, do que perder tudo que possa estar em um banco com risco de falência.
Para aqueles que não estão em cripto, sugiro começar a se aproximar e não se orientar apenas pelas notícias veiculadas, já que elas podem não contemplar todo o cenário. Há mais oportunidades do que ameaças. No entanto, são as ameaças que vendem.
O ponto em questão aqui, é que, por mais risco que uma criptomoeda tenha, ela não é diferente de nenhum investimento. E os recentes episódios mostraram que os bancos também não são seguros. Então, a dica é: diversificar! Estudar, entender como funciona o mercado. A principal bandeira das criptomoedas é a liberdade financeira, mas para isso é preciso educação e maturidade. Não adianta querer ser seu próprio banco se você não lembra nem a senha da sua conta bancária. Não exija responsabilidade dos outros, seja você mesmo responsável com seu “rico dinheirinho”. Esta autonomia só a criptoeconomia pode prover.
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