Em um mundo cada vez com menos trabalho e mais empreendedores, o capital per se não basta. Muita gente depende de “mãozinha” com informações que podem ajudar uma startup a dar o seu primeiro voo solo. No mundo das startups, por exemplo, essa ajuda pode estar no Smart Money.
Em linhas gerais, o dinheiro inteligente ou Smart Money representa a busca por um investidor que não apenas ceda o capital, mas que ajude com ideias, conhecimentos e todo o tipo de informação adicional que faça a nova empresa decolar.
“Além de investidores, existe um movimento de grandes empresas comprando startups para fornecer fluxo de capital que uma startup precisa. Mas não é o dinheiro pelo dinheiro”. No smart money, o importante é como o player estratégico poderia contribuir para o modelo de negócio da empresa”
“Quando a gente olhou a operação dentro desse viés, pensamos em como a (companhia da área de beleza) Natura conseguiria ampliar as nossas avenidas de crescimento, a nossa capacidade de ganhar brand awareness e de aprendizado também”, explica Maria Isabel, CFO and Partner da SINGU, marketplace de beleza.
O smart money para o investidor da pandemia
Evidentemente que os novos empreendedores que estão surgindo aos milhões no Brasil não são aqueles que circulam por regiões como a paulistana Avenida Faria Lima – ou que, pelo menos, conhece um Faria Limer. O novo empreendedor brasileiro é o sujeito que ficou desempregado na pandemia e passou a empreender por necessidade.
Hoje, eles representam a maioria das 1,4 milhão de empresas abertas entre maio de 2020 e agosto de 2021, segundo o Boletim do Mapa de Empresas do Ministério da Economia. Muitos deles migraram para empresas. Foi um recorde.
Muitos desses novos empresários buscaram oferecer os seus serviços na Singu, plataforma especializada em delivery de serviços de beleza e bem-estar, ou venderam produtos caseiros ou de terceiros em lugares como a Shopee.
Mas será que existe um investidor-anjo para essa gente?
Ajudando com o básico
Bancos, fintechs e outras empresas de setores financeiros, de certa forma, poderiam ser classificados como o investidor smart money para o perfil de empreendedor que surgiu na pandemia. Em suma, eles emprestaram dinheiro e até deram orientações básicas sobre o mundo dos negócios. Esse perfil de empreendedor está presente no cotidiano da Singu.
“É um público que não tem acesso a produtos e serviços financeiros, pois são majoritariamente desbancarizados. No entanto, eu consigo oferecer algo, porque eu conheço a jornada daquela profissional dentro da minha plataforma. Eu detenho o controle da jornada até o pagamento da profissional (de beleza), logo isso me possibilita abrir uma gama de produtos, tais como antecipar recebível. Com isso, eu dou fluxo de caixa para ela”, explica Maria Isabel.
Há ainda um tipo de ajuda que não envolve capital – pelo menos não diretamente. Bancos e fintechs investem em novas tecnologias para que o prazo entre o pagamento pelo serviço ou produto e a efetiva entrada da conta da empresa seja o mais rápido possível. O próprio PIX acelerou esse processo ao enviar o dinheiro em até 30 minutos.
“Para a Shopee, o pagamento é fundamental. Temos inúmeros estudos sobre quais as melhores mecânicas para fazer isso. Mas, acima de tudo, precisamos ter uma grande variedade de meios de pagamento disponíveis e adequados para o público, o que inclui o empreendedor da nossa plataforma. Há também a questão da segurança”, afirma Willian Takamura, head de compliance da Shopee Brasil.
“Ninguém imagina o esforço que existe por trás de uma transação que acontece em menos de meio segundo. Toda essa tecnologia envolve processamento antifraude transacional, onboarding de cliente, entre outras. Oferecer um produto adequado e seguro ajuda economicamente o mercado”, afirma Vitor Casagrande, gerente de compliance da Hotmart.
Na Banqi, empresa financeira da Via, a facilitação acontece muitas vezes no pagamento do crediário. E isso tem um valor inestimável para a companhia. “Isso gera muito valor para o usuário. Eu posso, por exemplo, melhorar as condições para o pagamento das parcelas do carnê. O cliente fica feliz representa uma geração de valor importantíssima para nós”, explica Alex Barreto, regulatory, compliance and risk director BanQi.
Educação
Há ainda uma ajuda mais de longo prazo, mas que será tão ou mais importante não apenas para empreendedores, mas para o próprio consumidor: a educação financeira. Felizmente, empresas despertaram para o tema. Além disso, recentemente, bancos e fintechs receberam um “empurrãozinho” do Poder Público, que aprovou uma atualização no Código de Defesa do Consumidor (CDC), chamada de Lei do Superendividamento, que prestigia (e muito) essa educação.
“A educação e a inclusão financeira tem o potencial para trazer pessoas que não tinham conhecimento dos serviços oferecidos bancos e outras instituições financeiras e dos sistemas digitais. Elas tinham medo de compartilhar os seus dados. Estamos levando principalmente uma inovação na mentalidade, no mindset das pessoas que têm contato com os serviços financeiros”, afirma Felipe Del Nero, Vice President, Customer Excellence Operations, Latin America Worldpay from FIS.
Assista o painel de debate na íntegra abaixo ou escute o Podcast aqui: