A digitalização já trouxe enormes benefícios para as mais diversas esferas da economia e o agronegócio é mais um claro exemplo de como a tecnologia tem contribuído com o setor. Segundo Mariana Caetano, head de Agro na KPTL, desde o desenvolvimento de novas variedades geneticamente melhoradas ao uso da tecnologia de precisão por meio da leitura de imagens de satélite, a tecnologia permitiu acelerar a maior parte dos avanços em toda a cadeia agrícola. “As agtechs começaram a trazer soluções para um setor que por si só era muito conservador”, disse.
“As agtechs começaram a trazer soluções para um setor que por si só era muito conservador”
O agronegócio brasileiro, segundo a especialista, se profissionalizou e deu um salto de produtividade nos últimos 30 anos, quando passou a dominar a agricultura tropical, incorporando novas técnicas de manejo, uso racional de insumos, mecanização e ganhos de escala, além da expansão para áreas do Cerrado e Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). “A conscientização pela preservação ambiental também vem evoluindo e as novas gerações se preocupam mais com os processos e forma de se produzir”.
“A conscientização pela preservação ambiental também vem evoluindo e as novas gerações se preocupam mais com os processos e forma de se produzir”
Exemplos de inovação
Mariana explica que a pecuária tem sido muito beneficiada por sistemas que trazem a melhoria de controle do rebanho, com a gestão individualizada da engorda, otimizando a nutrição e o bem-estar dos animais. O avanço dos equipamentos e implementos agrícolas com maior controle e gestão das operações também já trazem ganhos na redução de consumo de diesel e insumos, além de mais segurança para os trabalhadores.
Na opinião dela, um dos principais desafios para o agronegócio é o impacto das mudanças climáticas. “Variedades mais tolerantes a seca e a certas pragas, melhor previsibilidade do clima e seguros customizados para as lavouras são demandas que já podem ser atendidas. No entanto, as agtechs têm contribuído com soluções que ajudam a otimizar o uso de recursos, como insumos, água, mão de obra, além da redução de custos, que também são uma preocupação constante, visto que os produtores lidam com fortes oscilações nos preços dos seus produtos”.
O que vem por aí
Com o avanço da conectividade, Mariana explica que as operações que demandam menor interferência humana tendem a ganhar mais espaço, como a robótica, a Inteligência Artificial e o uso de sensores ao enviar os dados de campo para os sistemas de gestão. “No campo da biotecnologia, o domínio da microbiologia e variedades geneticamente melhoradas sobretudo em relação à menor necessidade de consumo de água, também serão muito importantes, além da substituição gradual de produtos químicos e nitrogenados por biológicos”.
“As agfintechs também devem ganhar protagonismo à medida que usam tecnologia e dados para mitigar riscos e acelerar o prazo de liberação de crédito”, continua. Segundo a especialista, há ainda um mercado que deve se desenvolver, que é o de prestação de serviços ecossistêmicos e a bioeconomia.
“A transformação digital vai auxiliar o agronegócio a continuar prosperando daqui para frente, mas é o aprimoramento da governança no campo que deve consolidar o Brasil como a maior potência em preservação e produção de alimentos do planeta”.
Investimentos no setor
Na visão de Mariana, o agronegócio brasileiro tem várias dimensões, tanto em relação a particularidades climáticas e de biomas quanto no perfil dos produtores, que é muito diverso. Para que as agtechs consigam captar investimentos, o empreendedor precisa conseguir resolver problemas por meio de soluções que sejam altamente escaláveis, com forte barreira de entrada e que traga um conhecimento proprietário específico. “Além disso, ter um time com aptidões complementares e bem entrosado é fundamental, pois é a equipe que vai executar e cuidar das operações da empresa”.
A KPTL é uma gestora de venture capital que busca investir em ideias e empreendedores inovadores, que tragam soluções para problemas das comunidades, ajudando a construir, gerar valor e distribuir riquezas para a sociedade e seus investidores.