Com mais de 700 healthtechs em atividade no País, as startups do setor de Saúde já levantaram US$ 52,3 milhões em aportes com menos de dez rodadas de investimentos somente neste início de ano. O valor já corresponde a 49,3% do total investido em 2020, quando o setor captou mais de US$ 106 milhões, segundo dados do Inside Healthtech Report. O montante revela o quanto este cenário está aquecido no Brasil, que só tende a crescer cada vez mais.
Crescimento
“É um momento ótimo, pois o mercado de Saúde atraiu a atenção de novos investidores e muitos empreendedores, o que inundou o segmento com novos talentos e ideias. Muita coisa interessante está para acontecer e a velocidade aliada à qualidade será a condição fundamental para essa nova fase do setor”, opina Lasse Koivisto, CEO da Prontmed. Segundo ele, a pandemia, claro, ajudou a atrair mais atenção e investimentos para as healthtechs, mas o que mais vem contribuindo para isso?
“É um momento ótimo, pois o mercado de Saúde atraiu a atenção de novos investidores e muitos empreendedores, o que inundou o segmento com novos talentos e ideias”
“As healthtechs, além de fomentar o mercado com novas soluções, têm trazido muitos benefícios e ganhos de eficiência para um setor extremamente importante como o da Saúde”, opina Bruno Amaro, diretor comercial e de Marketing da Teladoc Health no Brasil. Na visão dele, essas startups estão ajudando a resolver alguns desafios importantes da área do setor, como o acesso, custos e engajamento do paciente ao tratamento.
“Além disso, a adaptação às características do segmento (preferências e comportamentos do paciente), e a transformação digital, vêm garantindo a inovação e implantação de novos cuidados assistenciais que valorizam o cuidado integrado, unificado e preventivo fora do hospital”.
“As healthtechs, além de fomentar o mercado com novas soluções, têm trazido muitos benefícios e ganhos de eficiência para um setor extremamente importante como o da Saúde”
Desafios
O avanço das healthtechs trouxeram inúmeros benefícios para a sociedade como um todo. Entre eles, destaca-se o uso da telemedicina, uma tendência que ainda era vista com uma certa desconfiança pelo público até então. Graças a ela, agora é possível oferecer atendimento e orientações de saúde a uma população que se viu ainda mais carente e sem acesso às soluções tradicionais do setor durante a pandemia. Médicos e pacientes passaram a recorrer a esse tipo de atendimento, transformando de forma positiva a implementação de novas tecnologias. No entanto, apesar das últimas evoluções, as healthtechs ainda precisam superar diversos desafios.
A falta de cooperação é o principal deles, segundo Koivisto. “Temos conhecimento e tecnologia, mas não é possível uma empresa resolver todos os problemas sozinha. A falta de abertura entre as organizações para ouvir e cooperar entre si é o maior entrave para as mudanças que precisamos ver”, opina o especialista.
Desde que as healthtechs entraram em evidência devido à aceleração dos serviços de Saúde ocasionados pela pandemia, as informações dos pacientes tornaram-se um dos principais alvos de cibercriminosos, que visam tais dados para cometer inúmeras atividades ilícitas e ações fraudulentas. Essas informações são valiosas para eles já que estão em constante atualização.
“A implementação de controles para salvaguardar essas informações tornou-se um requisito fundamental neste segmento, e a conformidade com a legislação de proteção de dados brasileira tende a acelerar e impulsionar mais ainda essa evolução”, diz Amaro.
Tendências
Para Amaro, da Teladoc, a telemedicina é uma tendência mundial sem volta. “Assim como os smartphones e o acesso à internet de banda larga móvel romperam a barreira entre online e offline, a telemedicina será conhecida apenas pelo que ela realmente é, ou seja, a medicina. A mudança é necessária para se encaixar nos novos hábitos e comportamentos do público-alvo”.
Já Koivisto acredita que a personalização do cuidado é e será a mais importante das tendências de agora em diante. “Como pacientes, queremos nos sentir especiais e receber cuidado personalizado, ainda mais em um momento de tanta vulnerabilidade”, diz. No entanto, ele destaca que essa customização só irá escalar quando houver tecnologia aliada a dados e conhecimento. “Por isso acredito que, a curto prazo, empresas vão focar em aprender no micro, como entregar um cuidado personalizado eficiente, e em paralelo investir em tecnologias, dados e conhecimento para alavancar a entrega desse valor em grande escala para o médio e longo prazo”.
“O futuro das healthtechs será de consolidação e crescimento contínuo. Grande parte da população já se adaptou à nova forma de consulta e acompanhamento médico e, para sua própria conveniência e comodidade, os pacientes continuarão recorrendo às novas tecnologias”, finaliza Amaro.