Durante o painel “Open Innovation na prática – grandes corporações no fomento do ecossistema”, o diretor-geral da ABO2O, Marcos Carvalho, lembrou do início da internet, entre os anos 1960 e 1970, em um contexto bélico, com a tecnologia sendo usada para fins militares.
À época, algumas das maiores empresas que hoje ocupam o hall das maiores corporações a atuar no Brasil já lideravam seus mercados, aqui ou em seus países, mas sem imaginar que seus negócios seriam revolucionados por aquela tecnologia estranha e sem nenhuma entrada no cotidiano das pessoas daquela época.
Décadas depois, a internet transformou um aparelho de apenas algumas polegadas em um poderoso dispositivo, capaz de levar as pessoas a qualquer lugar ou tempo. Esse aparelho, o smartphone, fez da Samsung uma das maiores empresas do mundo. No Brasil, a Samsung é líder na venda de celulares.
A empresa de origem sul-coreana tem apostado em centros de Pesquisa e Desenvolvimento ao redor do mundo. Dos 38 fora da Coreia do Sul, dois estão no Brasil, em Campinas e Manaus.
A Samsung entendeu bem a necessidade de plugar esses centros com outros locais de produção de conhecimento. Paulo Quirino, coordenador nacional do Programa Creative da Samsung, ressalta o bom trabalho desenvolvido no ambiente acadêmico no País e a disposição dos pesquisadores em integrar o conhecimento acadêmico com o poderio das empresas.
“Comecei a mapear as universidades, o que elas estão produzindo e como poderiam complementar o trabalho do nosso centro de P&D, chamamos professores, fizemos um sistema apontando o que as universidades produzem e organizando as pesquisas”, detalha Quirino.
O resultado dessa organização elaborada pela Samsung e da parceria com centros acadêmicos foi projetos de bolsas e financiamento de laboratórios para as universidades, e novas apostas para a Samsung manter seu ímpeto inovador. São mais de 20 projetos e 90 alunos financiados pela Samsung.
AB InBev
O grupo dono da Ambev – AB InBev – também extrapola as fronteiras das suas fábricas e centros de distribuição para inovar. A empresa aposta na startup Z-Tech, que pertence ao grupo, para oferecer soluções para o varejo, em especial, para aqueles que já trabalham com a marca.
Roberto Guido, CEO da Z-Tech, conta que a startup surgiu para que a empresa pudesse levar o seu know-how para a ponta, otimizando a relação da marca com o consumidor, mas, antes disso, da marca com o varejista. “Fomos buscar soluções no mercado para melhorar a vida do empresário. Iniciamos atendendo a nossa base, mas já estamos ampliando. Mostramos a esse varejista o que fazer para aumentar receita, diminuir custo, aumentar tráfego, entre outras questões sensíveis para o negócio dele. E a jornada tem sido divertida”, revela Guido.
E outras novidades estão sendo catapultadas pela multinacional. A AB InBev investe também em fintechs e empresas como a Menu.com e Get in, de tecnologia e soluções para pontos de venda, e até mesmo na Lemon, de energia renovável. No jogo de ganha-ganha entre empresas e startups, os resultados para as empresas da nova economia são ainda mais impressionantes. A Get In cresceu de 300 para 7 mil pontos de vendas em 45 dias com a entrada da AB InBev no jogo.
Grande, mas ágil
A MAG Seguros é uma empresa quase bicentenária e não teria chegado tão longe se não fosse a inovação. No Brasil, a empresa tem registrado um crescimento importante nos últimos 10 anos, muito por causa da capacidade de se reinventar.
Nuno Pedro David, CMO e CXO da MAG Seguros, revela que o trabalho de inovação da empresa também tem encontrado parceiros no mundo acadêmico. “Montamos há uns anos um programa de inovação com a PUC-RJ, e começamos a pegar alunos para que sejam mentores nossos. Em um primeiro momento, o nosso pessoal chegava a dizer que os alunos eram malucos, no momento seguinte, diziam que esses mesmos alunos despertaram algo neles com o que lhes disseram. Ao final, estavam todos apaixonados pela capacidade criativa dos jovens”, aponta David.
Dennis Nakamura é cofundador da Relp! Aceleradora e conta que, hoje, a empresa não está só liderando startups no processo de amadurecimento, mas ajudando também a organizar o a relação entre essas empresas disruptivas e as grandes. “Estamos mostrando as startups para os grandes para que vejam como funciona, como elas são ágeis e trabalham de maneira eficiente. Hoje, acompanhamos soluções de food techs a novos produtos digitais. E com todo tipo de empresa grande interessada. A gente quer mostrar e ajudar a criar produtos e serviços em grandes empresas, mas também a mostrar para as startups o que as grandes têm, que é mercado para que expandam mais rapidamente”, completa Nakamura.
Assista ao painel na íntegra: