Um dos segmentos mais promissores para se investir hoje é o da logística. Os resultados das empresas de tecnologia que têm se ocupado de levar de tudo ao consumidor, desde o seu almoço até bens duráveis, são eloquentes. Porém, essa possibilidade só existe porque ninguém – entes públicos ou privados – conseguiu, até hoje, resolver de fato os transtornos logísticos que o País impõe. As iniciativas com mais êxito se concentram em regiões com boa infraestrutura, mas o Brasil é muito mais complexo do que os problemas dos centros urbanos podem sugerir.
O painel “Logística – desafios para conectar o País de ponta a ponta”, do IX Conference 2020, abordou profundamente esse assunto com grandes nomes do segmento avaliando os problemas e indicando soluções. O debate foi mediado por Kelly Carvalho, assessora do Conselho do Comércio Eletrônico da FecomercioSP.
Dimensão do problema
Ariel Herszenhorn, vice-presidente de Expansão Loggi, traz alguns números que a empresa levantou sobre as dificuldades logísticas que o País possui. Estima-se que, no Brasil, haja 50 milhões de pessoas que as empresas de entrega teriam dificuldade de acessar. Isso representa 25% da população brasileira e é mais que a população da maior parte dos países da Europa, por exemplo.
O executivo afirma que o ponto de partida para resolver os problemas mais delicados da logística nacional é a tributação. “Aqui, não reinventamos o nosso contexto tributário para que as empresas de logística possam atender os domicílios. Nos últimos anos, as empresas têm aplicado tecnologia para tentar superar dificuldades logísticas, culturais e também burocráticas”, afirma.
Rodovias e tributação
Fábio Miquelin, head de Transportes da DHL Supply Chain no Brasil, aponta que não existe fórmula mágica para superar as dificuldades territoriais de um país que tem 60% do seu transporte rodoviário e apenas 12% das rodovias pavimentadas. “É totalmente disfuncional”, afirma.
Ele também questiona a eficiência do sistema tributário. Nós já trabalhamos com soluções em data analytics para poder deixar a mercadoria próxima da necessidade do cliente. Mas, para isso, é preciso ter CNPJ no Brasil inteiro porque você precisa saber para onde você vai vender no ato da emissão da nota fiscal. É algo que estamos estudando muito na DHL”, diz o executivo.
Integração entre empresas
Para Juca Oliveira, CEO da B2Log, as dificuldades impostas desde sempre aos players de logística no Brasil têm agora a companhia da exigência cada vez maior do consumidor, acostumado a receber em poucos minutos aquilo que pediu.
Para ele, as empresas de outros setores devem entrar no jogo para melhorar a eficiência logística do País. Inovar implica também trabalhar em comunidade. As pessoas encontram soluções dessa maneira, e as empresas também. Como atender o Brasil todo sem uma interação entre as empresas?”, questiona.
Assista ao painel na íntegra: