Em meados de 2018, uma greve de caminhoneiros mostrou não apenas a nossa dependência da malha rodoviária, mas o quanto ela precisa ser melhorada. Considerada uma das maiores do mundo, a malha rodoviária brasileira tem mais de 1 milhão e 700 mil quilômetros de desafios: falta de infraestrutura, de informação, conectividade, entre muitos outros obstáculos que precisam ser superados com urgência. Diante de um cenário tão crítico, somado ainda à pandemia do Covid-19 – que contribuiu para o aumento exponencial de entregas com as compras online – as LogTechs têm tido um papel fundamental na transformação do setor logístico nacional.
Tecnologia: Uma Via de Mão Dupla
Segundo Juca Oliveira, Founder & CEO da B2Log, essas empresas vêm solucionando a dor de seus clientes, olhando cada vez mais para a experiência do usuário. Um bom exemplo disso são os prazos reduzidos, as informações de status de entrega em tempo real, a performance e o nível de qualidade do serviço em geral, mesmo em situações adversas.
“As LogTechs têm solucionado a dor de seus clientes, olhando cada vez mais para a experiência do usuário”
Já do ponto de vista do fornecedor, a tecnologia está oferecendo melhores condições para empresas de todos os portes que precisam de serviços de frete e caminhoneiros ou transportadoras com carga ociosa. Segundo Federico Vega, CEO da CargoX, a ineficiência gera um custo que prejudica toda a cadeia, seja o motorista, a empresa ou o cliente.
“Os caminhoneiros circulam cerca de 60% do tempo com as cargas vazias. Além disso, passam por lugares perigosos, abastecem em postos com gasolina adulterada e trafegam sem informações que os ajudem a ter mais produtividade. A tecnologia vem para suprir essa carência de informações, oferecer mais dados entre os elos da cadeia, conectar empresa e caminhoneiro com mais segurança e proporcionar mais transparência durante a entrega”, diz Vega.
“A tecnologia vem para suprir a carência de informações, oferecer mais dados entre os elos da cadeia, conectar empresa e caminhoneiro com mais segurança e proporcionar mais transparência”
Por meio do aplicativo da CargoX, os motoristas consultam as melhores rotas, quais são os pontos de parada mais seguros, além de outras informações que garantam a entrega da carga no menor tempo, sem colocar em risco a integridade dos colaboradores.
O tamanho do Brasil, por si só, impõe grandes desafios logísticos. Mas quando somado a outras questões, como as já mencionadas, torna-se um obstáculo ainda maior alcançar todo o território nacional com um serviço de entrega expressa para o E-commerce. “Nesse cenário a tecnologia assume um papel de extrema importância para tornar o processo mais eficiente como um todo. Sem dúvida, o avanço dos últimos cinco anos dessa indústria mudou completamente a realidade em comparação a como tudo era feito antes”, pontuou Oliveira.
Logística Digital
Não há dúvidas que a logística foi uma das principais responsáveis para que os números negativos da pandemia não se tornassem uma tragédia ainda maior. “Esse crescimento no digital vem se consolidando nos últimos anos, principalmente pelo aumento do comércio eletrônico e delivery de comida. O novo normal abriu a possibilidade para muitas lojas de diferentes segmentos e permitiu mais pessoas adotarem a conveniência como serviço”, disse Oliveira. Essa tal realidade aponta que o futuro da logística será cada vez mais digital. “A curto prazo, tudo deverá ser 100% online. Quem não for, não sobreviverá”, complementou Vega.
Escassez de Talentos
“Há uma deficiência muito grande de mão de obra especializada em logística”. O desabafo de Federico Vega soa similar aos ouvidos, justamente pela demanda ser uma unanimidade em todas as áreas que envolvem tecnologia nos dias de hoje. A saída, claro, é trazer colaboradores de outros setores para treinar, além de investir em jovens talentos recém-formados.
A B2Log, que convive com a mesma dor, seguiu um caminho parecido. Juca Oliveira explica que foi criado um processo para desenvolver pessoas que não estavam prontas e prepará-las para a rede de entregadores. O resultado?
“Em tempos normais, o que já era desafiador, com a pandemia foi potencializado. Crescemos 90% em três meses, tivemos mais 30% de crescimento do time com novos colaboradores, dobramos a rede de entregadores, e tudo isso mantendo a qualidade do nosso serviço, mesmo com parte da equipe em home office”.