Inovar vem da ação ou do ato de mudar antigos costumes, manias, processos, com efeito de renovação ou criação de novidade. Essa é a definição dada pelo dicionário. Mas afinal, o que é inovação? Como ela pode melhorar a relação entre empresa e consumidor?
Esse foi o tema do painel “A hélice tripla da inovação: universidade, governo e mercado”, no O2Oix 2019, em São Paulo (SP).
O conceito de inovação é bastante utilizado no contexto empresarial, ambiental ou mesmo econômico. Nesse sentido, o ato de inovar significa a necessidade de criar caminhos ou estratégias diferentes aos habituais meios para atingir determinado objetivo: gerar valor. Inovar é inventar, sejam ideias, processos, ferramentas ou serviços.
Mas como se faz isso? Segundo Guilherme Ary Pionski, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em engenharia de produção e inovação, três atores são importantes no processo de inovar: a estrutura produtiva, a infraestrutura de ciência e tecnologia e a estrutura governamental.
Para ele, o conceito pode ser entendido como uma prosperidade a ser compartilhada. “O nosso desafio é fazer com que esses agentes se comuniquem, que o triângulo tenha linhas grosas, articulando as estruturas governamentais com a infraestrutura de ciência e tecnologia”, afirma o professor.
Vitor Magnani, presidente da ABO2O e Public Affairs da Loggi, é formado em Gestão Pública e reforça a importância da ligação entre os três segmentos.
“Como a gente está falando mesmo de desenvolvimento econômico, a gente está tratando de como fazer com que os três agentes consigam, de maneira uniforme, funcionarem juntos. A partir do compartilhamento, da troca de informação de uma realidade objetiva, a universidade produz ciência e as empresas também podem procurar esses espaços e estabelecer parcerias”, comenta.
Luis Guedes, também docente na Universidade de São Paulo (USP) na Faculdade de Economia e Administração (FEA), apresenta o espaço da academia como um local de livre pensar, troca de ideias e fomentar o desenvolvimento de novos negócios.
“O espaço da academia é o espaço do pensar. O tempo do negócio é muito menor, o que podemos esperar, tanto do setor produtivo quanto do governo, é essa liberdade para que a academia continue tendo tempo, pra que nosso conhecimento não acelere, sem que haja compromisso com a sua operacionalização”, afirma o especialista.
Iniciativa pública
Já em relação ao lado do Poder Público, a inovação ainda percorre dificuldades e encontra caminhos burocráticos para se desenvolver, de acordo com Geanluca Lorenzon, representante do Ministério da Economia.
“Existe uma concordância de que se precisa mudar o modelo que existia antes; o Ministério da Economia se vê em uma situação que o modelo precisa mudar, que chamamos de desmame. Nós temos uma certa noção de que precisamos mudar com urgência para que novos negócios sejam promovidos”, diz.
Com as mudanças dos processos na sociedade e das relações de consumo, Pedro Sotero, Secretário de Finanças da Prefeitura de Osasco, relata o papel do Governo enquanto ponte e ligação do mercado e de aprendizado com a Universidade.
“Eu tenho a matéria humana, eu tenho o mercado consumidor, eu tenho a universidade. Como você agrega essas pontas? O desafio dos municípios hoje é a competição, ou a gente cria um ambiente regulatório favorável para desenvolver esses movimentos, ou a gente vai ficar o resto da vida pensando no que vamos fazer para criar as condições necessárias pra isso”, atenta o economista.
José Police Neto, Vereador na Câmara Municipal de São Paulo, movimentos públicos de orientação precisam ser promovidos para que um novo modelo com liberdade seja criado.
“Precisa existir uma orientação de Estado para reduzir as desigualdades. Todas as inovações, capacidades disruptivas devem ser enxergadas como capacidade de reduzir custos, diminuir distâncias e abrir novos caminhos para todos”, conclui.