As patinetes, scooters, bicicletas e caronas compartilhadas têm se tornado cada dia mais comuns no dia a dia das metrópoles e até pequenas cidades. Novos modelos de transporte e iniciativas sustentáveis foram tema do painel “Mobilidade e desafios para o desenvolvimento urbano”, no O2Oix.
Mobilidade urbana pode ser definida como a condição que permite o deslocamento das pessoas em uma cidade com o objetivo de desenvolver relações sociais e econômicas. Ônibus, metrô, outros transportes coletivos e carros fazem parte das soluções de mobilidade. A partir disso, pode se entender a mobilidade como a ideia de um movimento fluido e prático.
Essa é a proposta, por exemplo, da Lime. A startup presente em mais de 125 mercados no mundo, atua em São Paulo e no Rio de Janeiro com as patinetes “verdinhas”. Com o registro de mais de cem milhões de corridas em dois anos de operação, a Lime traz o novo modal como elemento para integrar a corrida com outro meio de transporte, como ônibus e metro, por exemplo.
“Quais são as cidades com maior taxa de congestionamento no Brasil? São Paulo e Rio de Janeiro. Foi isso que pensamos para entrar no mercado brasileiro. A grande questão de expansão está na questão da regulamentação, que pode incentivar ou coibir um modal. Estamos em busca de cidades que querem incentivar modais que integrem a cidade”, comenta John Paz, diretor geral da Lime no Brasil.
Um dos mecanismos em prol dessa regulamentação é o plano de mobilidade urbana, um conjunto de diretrizes pensadas para melhorar o deslocamento sustentável das pessoas em uma cidade. Com um elevado índice de congestionamento e a alta frota de veículos nas ruas, novas soluções podem ser pensadas.
Entre elas, o Waze desenvolvou o Waze Carpool, um sistema de carona compartilhada disponível na plataforma. O mercado brasileiro, o maior em número nesse segmento do aplicativo, se tornou uma área de investimento e desenvolvimento em potencial, de acordo com Douglas Tokuno, Head da Waze Carpool na América Latina.
“Quase 70% das pessoas que usam o carro pra ir para o trabalho e para a faculdade estão sozinhas. Compartilhar, dividir uma viagem é interessante em relação a custos e também retira carros das ruas”, comenta.
Nova configuração
Para Tamy Lin, fundadora da moObie, a ociosidade da frota de carros de uma empresa, por exemplo, é um dos pontos onde uma organização encontra conveniência em criar uma rede de compartilhamento de veículos.
“É um caminho natural. Para as empresas, a ociosidade é igual, com um custo enorme, uma ineficiência geral, uma dor geral para todas as empresas. A moObie entra como uma solução como geração de renda, um modelo alternativo, que é novo e que surge como demanda de órgãos públicos, empresas grandes, pequenas. Pretendemos ajudar nisso”, comenta a executiva.
Hélio Netto, CEO da Vai Car, mobitech voltada para o mercado do carro como serviço, reforça a ideia de o veículo hoje não é mais visto como um bem material e único. “Tem uma questão cultural e do mercado brasileiro, mas a compra do carro não está acontecendo como antes”, diz.
O carro como serviço e a revolução na indústria automobilística também são aspectos presentes na nova configuração do mercado da mobilidade, segundo Flavio Tavares, fundador da PARAR Leader & CMO at GolSat Tecnologia.
“Toda a indústria automobilística está se preparando para oferecer o carro como serviço e vai se trabalhar muito mais na experiência. O posicionamento de mercado, com a flexibilidade de um lado, a comodidade de entregar em casa, a praticidade e o serviço digital incluído é um novo ecossistema que está se desenhando”, relata.
Douglas reforça, ainda, como o uso de dados poder ser um aliado para o planejamento urbano e o desenho de novos modelos de deslocamento. “Com os dados e informações, a gente pode fazer isso de forma mais integrada e trazer a carona como um novo modal que não vai competir com os modais existentes, mas sim complementar”, finaliza.