A educação deficitária no Brasil está cobrando um preço alto na era da inovação, o atraso do País no desenvolvimento de novas tecnologias e modelos de negócios. Mas há iniciativas de peso para reverter essa situação, apresentados durante a O2Oix ao longo dos painéis “Movimento Brasil Digital: propósitos e iniciativas de fomento” e “Porto Digital: polo de tecnologia e inovação”.
De acordo com a OCDE, metade dos trabalhos vão desaparecer ou serão radicalmente transformados nas próximas décadas. No ranking do IMD, o Brasil está em 60º entre 63 países no desenvolvimento de inteligência artificial e big data. O Brasil está entre os piores também na qualidade dos cursos, segundo a OCDE.
Hoje, são 20 mil vagas no setor de tecnologia, o que já mostra que há vagas em setores específicos mesmo diante do desemprego. A dificuldade está em achar mão de obra qualificada. No futuro, o gap será maior, o setor de TI demandará cerca de 450 mil profissionais. “Hoje, entre os 45 mil profissionais de TI que se formam por ano no País, boa parte é para Análise de Sistema, que não é exatamente o que precisamos”, destaca Thiago Camargo, CEO do Movimento Brasil Digital.
Think Edu Tank
Diante desse cenário, o Movimento Brasil Digital conseguiu reunir um grupo de 33 empresas engajados para construir um think tank voltado para repensar a educação e sua digitalização. “A gente não quer jogar uma massa de trabalhadores para o subemprego. A gente tem que trabalhar para melhorar a educação de base ao mesmo tempo em que faz a requalificação para adaptar essas pessoas ao novo mercado”, afirma Camargo.
Porto Digital
Outra iniciativa é o Porto Digital, no Recife, que tem 11 mil pessoas trabalhando em seu interior e deve chegar a 20 mil nos próximos anos. Em 2000, o polo de inovação do Recife saiu de duas empresas para 360 em 2019, com um faturamento anual de R$ 2 bilhões, segundo levantamento da Prefeitura da cidade. “E para os próximos cinco anos, a ideia é dobrar o tamanho para mais de 600 empresas e faturamento de 1 bilhão de dólares”, diz André Araújo, head de empreendedorismo do Porto Digital.
Sustentabilidade
As empresas instaladas no Porto Digital já respondem por 5% da arrecadação de ISS da cidade e estão lançando soluções tanto para outras partes do País e do mundo como para problemas locais importantes. “Temos também um posto avançado em Caruaru que concentra um conjunto de atividades e essa área tem o segundo maior polo têxtil do País que tem seu lado bom, mas também seus impactos negativos, como os poluentes. E a economia circular e inovação são coisas que encontram demanda para se desenvolverem nesse ponto, em especial falando sobre a otimização do uso da água, porque essa indústria consome muita água e estamos falando do agreste brasileiro”, destaca Araújo.