A agenda de reformas políticas e a recuperação econômica pela qual o Brasil passa desde 2016 tem potencial para melhorar o ambiente de negócios e impulsionar a inovação. A afirmação é de Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos durante o primeiro O2Oix Innovation Experience, que se apresentou durante o painel “Cenário Macroeconômico no Brasil”.
Para Zeina, a inovação precisa ter visibilidade no planejamento público e o Brasil atrasou ao passar muito tempo lidando com inflação e juros elevados. “Felizmente, estamos virando a página dessa questão da inflação elevada. Mas não é uma agenda da noite para o dia, é importante reconhecer o que fizeram governos anteriores. Tivemos o FHC com o Plano Real, a solidificação com o primeiro mandato do Lula, até que tivemos uma mudança no segundo mandato do Lula e com a Dilma e a inflação ficou sistematicamente acima da média”, afirma.
A executiva da XP diz que o ponto de virada da nova agenda, estabelecida em 2016, foi a PEC do Teto, com a contenção de gastos públicos. Mas ela destaca a importância da continuidade da agenda, que foi aprofundada com a reforma da Previdência. “Se os gastos públicos não podem crescer mais que inflação, mas tem despesas com a Previdência crescendo além da inflação e do PIB, se a reforma não saísse não haveria como cumprir a regra do teto”, diz.
Educação
O problema do abandono escolar é destacado pela representante da XP, que tira os jovens do mundo do empreendedorismo e da inovação para jogar à maternidade precoce ou ao crime. Zeina destaca o trabalho de estados como do Ceará, que tem conseguido reverter a questão da criminalidade com programas fortes voltadas para a educação e a inovação. “São Paulo também está seguindo nesse sentido”, avalia.
Custo Brasil
O Custo Brasil acaba sendo um dos entraves mais fortes para entrada de capital que auxilie ou direcione as políticas públicas de combate à exclusão escolar e no ensino superior, o que impacta diretamente a qualidade da mão de obra nacional. Esse Custo Brasil é aprofundado, segundo ela, pelo peso da burocracia estatal, em especial. Com todo respeito a contadores e advogados, é muita gente para entender as portarias novas quando a gente deveria ter mais engenheiro e pessoal de TI. Esse Custo Brasil é veneno para a inovação”, diz Zeina.
Aprofundamento das reformas
A discussão sobre o aprofundamento da agenda de reformas está na direção certa, segundo Zeina, e ela tende a desembocar no incentivo à inovação. A executiva destaca a necessidade dos avanços na reforma tributária, que ainda está em discussão. “Hoje, o Brasil não consegue reduzir carga tributária, mas é preciso desenvolver um sistema mais organizado”, afirma.
Para Zeina, um dos caminhos para a reforma tributária é cobrar impostos no destino e não na origem e reduzir a sobreposição de impostos. A executiva também fala sobre a necessidade de rever o sistema de tributação das novas definições de empresas, criadas mais recentemente, como MEI e Simples Nacional. “É preciso rever o Simples Nacional porque tem trabalhos acadêmicos mostrando que não tem alcançado o objetivo. É preciso rever o PJ, eliminar casos especiais que geram benefícios a setores e empresas”, conclui.