A proteção de dados nunca foi tão comentada. E apesar dos avanços tecnológicos, as empresas e consumidores estão preocupados com sua segurança no mundo digital. As companhias sofrem porque as legislações avançam sem esperar que a cultura seja implementada. E os clientes, porque veem, dia após dia, novos casos de vazamento. Mas a solução aparece no horizonte, com empresas sérias interessadas em entregar segurança ao consumidor.
O painel “Data Sharing: Os impactos da LGPD na economia digital”, que ocorreu no O2OiX em 12 de novembro, foi liderado por Ronaldo Lemos, Diretor do ITS, e contou com representantes de empresas que já estão se movimentando pata proteger a grande quantidade de dados que captam todos os dias, são eles Mercado Livre, CargoX e In Loco, com comentários da advogada Carla Couto, do escritório Tozzini Freire.
Inovação e regulação
“Além de revisar todo o processo, o grande desafio (para adaptação à lei) é produzir inovação já em conformidade com a legislação de proteção de dados. O desafio é inovar em um ambiente regulado”, afirma Ana Himmelstein, do CargoX, que afirma que o processo de adaptação para as novas exigências está em estado avançado. “Com o Marco Regulatório da Internet, a gente já estava se preparando. Nascemos nesse ambiente e com esse cuidado, não será disruptivo para nós, será tranquilo”, garante.
Para a In Loco, embarcar segurança e privacidade é parte do business da startup desde o começo. “Nossa infraestrutura sempre contemplou a necessidade de quando estiver construindo produtos eles já saírem adequados às novas exigências”, diz Lucas Queiroz, representane da startup pernambucana. A startup tem o desafio de trabalhar com um enorme número de dados de geolocalização, informação sensível para os consumidores e que estão sendo tratados com cuidado pela equipe interna da In Loco. “Nós temos um time multidisciplinar resolvendo isso. E apesar de ser responsabilidade do time se segurança da informação, toda a empresa é envolvida nesse propósito”, garante.
Desafios
Há menos de um ano para que a lei entre em vigor, um dos desafios dos escritórios de advocacia é contemplar as particularidades das empresas de diferentes setores. “Dependendo do setor, demora muito o processo de adaptação e temos uma grande diversidade de setores para entrar”, destaca Ronaldo Lemos.
Outra dificuldade é convencer players que acreditam que a lei não vai pegar. É o que revela Carla Couto, advogada. Apesar dessas dificuldades, a especialista destaca que há empresas bem próximas da adequação, companhias que conseguiram ajustar o comportamento organizacional para se preocuparem com os dados, demanda recente no mercado.
“Essa cultura não existia e só o trabalho de entender o que fazer já leva um bom tempo. É preciso pegar informações em cada área e isso leva seis meses em alguns casos que acompanho. Depois, é preciso trabalhar questões prioritárias”, destaca.
Proteção ao consumidor
O Mercado Livre tem trabalhado para proteger a informação de seus milhões de clientes no Brasil e levar o case para outros mercados onde já atua. Camilla Schrappe, Advogada Senior de Proteção de Dados do marketplace comenta: “A gente tem um comitê de diversas áreas, com destaque para jurídica e de segurança da informação. Estamos com software interno para fazer os testes de adequação, mas também queremos trabalhar com um externo para ajudar no mapeamento desses dados. A gente sente falta de uma auditoria externa para ampliar. Não é um projeto só do jurídico, seria impossível um só área dar conta”.