Nos últimos anos, o mundo dos negócios testemunhou uma transformação significativa no cenário dos meios de pagamento, impulsionada pela rápida evolução da tecnologia e pelas mudanças nas preferências dos consumidores – especialmente na direção do comércio eletrônico. A ascensão das carteiras digitais, a queda no uso de dinheiro físico e o surgimento de pagamentos instantâneos, como o Pix, são apenas alguns dos indicativos de uma revolução em curso no modo como realizamos transações financeiras.
Para debater o cenário atual dos meios de pagamento, as transformações decorrentes do avanço tecnológico, além das soluções que poderão surgir em breve, a Inovativos, com o apoio da Worldpay, promoveu o Podcast Inovativos ‘Do troco ao touch: a evolução dos meios de pagamento na era digital’. O painel contou com a mediação de Marcos Carvalho, diretor-geral e fundador da Inovativos.
“No período pós-pandemia, aconteceu uma digitalização forçada da economia diante de uma circunstância adversa. E essa tendência permaneceu. Tanto que o market share do e-commerce no varejo saltou de 4% para 11% ou 15%, dependendo do setor”, afirmou Marcos. “A partir daí, tivemos inovações transacionais, novos meios de pagamento que permitem que compras sejam feitas de forma mais fluidas, não só no digital, mas também integrando o digital com o mundo físico”, completou.
Os meios de pagamento e a experiência de compra
De acordo com Gabriel Mazzone, head de marketing Latam da Worldpay – provedor global de pagamentos -, além do processo de digitalização, a pandemia contribuiu para modificar os hábitos de consumo das pessoas. “A sociedade passou a resolver seus problemas via canais digitais e se acostumou com experiências muito mais fluidas e com menos atrito ao resolver esses problemas”.
E conforme o consumidor começa a provar experiências mais ricas, continuou Gabriel, a expectativa é que essa facilidade seja levada para outros cenários e experiências. “Assim, é importante que os varejistas levem isso em consideração e que busquem soluções que enriqueçam a experiência de compra. E os meios de pagamento são essenciais para que isso seja entregue. Além disso, em meios de pagamento, é muito importante estar sempre atento às novidades. Se o seu cliente encontra um jeito melhor de resolver o problema dele, talvez ele prefira comprar do seu concorrente”, destacou.
Cartão de crédito ainda predomina
A plataforma online de moda Privalia, segundo o CMO Mauro Pimenta, obteve um crescimento nas vendas nos últimos anos não apenas pelo aumento na variedade de itens, mas também pela oferta de novos meios de pagamento.
“Buscamos entender o padrão de compra do cliente, seus hábitos, para ver o que ofertamos. Tenho consumidores que sempre vão comprar no crédito parcelado, independente dos juros. Por outro lado, tenho consumidores que nunca vão pagar juros, mas parcelam até o máximo do pagamento sem a taxa. Também há os que compram à vista”, contou. O Pix, que apresenta pouca fricção, colaborou bastante para o crescimento das vendas e hoje já corresponde a cerca de 20% dos pagamentos na Privalia. No entanto, o cartão de crédito domina com 80% das transações.
O mesmo cenário é encontrado na Just Travel, startup que conecta pequenas agências de turismo e influenciadores a grandes fornecedores do mercado. De acordo com Diego Rytz, CMO da Just Travel, 60% das compras são feitas via cartão de crédito – normalmente parcelado – enquanto que 30% são no Pix e 10% no boleto.
“Meios de pagamento são muito importante no setor de turismo, é quase um sócio no negócio. Recentemente tentamos uma experiência com o Pix parcelado, mas ainda não é uma boa solução para o setor, já que as agências de viagens não têm estrutura para assumir um papel de cobrança no caso de inadimplência”, explicou Diego.
Já na Infracommerce – empresa fornecedora de soluções para digitalizar canais de vendas – houve um crescimento revelante do Pix, principalmente no e-commerce, que tomou boa parte do que antes correspondia ao pagamento por boletos. Atualmente, o cartão de crédito corresponde a 70% dos pagamentos, o Pix a 27% e o boleto a 3%.
Na avaliação de Fernando Marsigliese, sr diretor infrapay da Infracommerce, cada vez mais os pagamentos em tempo real serão prioritários para os clientes, que querem ter experiências de consumo absolutamente fantásticas. “Hoje no Brasil temos um ecossistema vibrante de pagamentos. E os meios de pagamento têm que apoiar quaisquer canais que os clientes estejam. Precisamos, sim, é caminhar mais rapidamente na prevenção a fraudes em tempo real, mas sem prejudicar a experiência do cliente, já que o pagamento instantâneo é uma das grandes tendências futuras”, apontou.
Tendências futuras
O pagamento instantâneo, na opinião de Gabriel Mazzone, da Worldpay, é excelente para quem vende, para quem compra, e aqui no Brasil acabou substituindo os boletos. “No mundo, o account to account vem crescendo, principalmente em categorias onde as pessoas já estavam acostumadas a ter o desembolso imediato. Outra inovação que já está acontecendo é a interligação de meios de pagamento entre os países, ou seja, sistemas de pagamento compartilhados por países diferentes. Talvez em breve isso possa acontecer na América do Sul”, apostou.
Mais importante que as tecnologias que virão, segundo Gabriel, é o avanço e a convergência da experiência de compra do consumidor, não importando se a operação foi feita no mundo físico ou virtual. “Temos que cada vez mais ter acesso ao que a gente quer, seja um produto ou um serviço, e talvez sem sentir que está pagando por aquilo, importando simplesmente o fato de poder consumir. E as tecnologias vão possibilitar que isso aconteça cada vez mais”.
Ambiente regulatório favorável
Independente dos meios de pagamento mais utilizados ou que deverão ser tendência em breve, todos os participantes do painel fizeram questão de destacar o papel do Banco Central na criação de um ambiente regulatório favorável para o desenvolvimento do setor.
“De 2015 para cá vimos um movimento do Banco Central muito maduro de liderar essas transformações, e não esperar que o mercado demandasse. Nos últimos 5 ou 7 anos, o que o Banco Central trouxe de legislações favoráveis à inovação tecnológica transacional corresponde ao que tivemos no setor nos últimos 30 anos. Não à toa o Banco Central brasileiro tem sido reconhecido internacionalmente como referência no setor”, finalizou Marcos Carvalho.
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