Mobilidade urbana pela via saudável

“Queremos que políticas públicas sejam baseadas em dados e não em outros fatores. Esperamos que a mobilidade seja para as pessoas. E o espaço urbano é cada vez mais disputado por veículos diferentes, então precisamos desenvolver soluções para o desenho viário, de maneira a integrar as tecnologias e as pessoas”, diz Luis Fernando Villaça Meyer, diretor de operações do Instituto Cordial, trazendo as questões para o painel “Mobilidade Inclusiva, Trânsito Consciente, Logística & E-commerce: como integrar soluções em toda cadeia para a satisfação do cliente”, que ocorreu na Innovation Xperience Conference, evento do Grupo iX, correalizado em 2022 com a SP negócios. A iniciativa conta com o apoio do Movimento Inovação Digital e FecomercioSP.

O Instituto Cordial estima que apenas na cidade de São Paulo existam dois milhões de metros quadrados com potencial para serem transformados em ciclovias. “Temos leito carroçável demais”, observa o diretor. Outra bandeira da instituição é reduzir a velocidade nas vias. “Se temos uma gestão de velocidade dentro da qual o motociclista pode andar a 70 km/hora, nada salva: nessa velocidade há 90% de chance de morte no caso de uma colisão”, aponta Villaça Meyer.

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Afonso Cagnino, gerente de relações institucionais do Grupo Yamaha Motor, complementa a ideia, afirmando que é preciso melhorar a formação dos condutores. “No Brasil, 30% dos motociclistas não têm habilitação. E mesmo os habilitados chegam às ruas com formação precária, porque o sistema é anacrônico e os testes práticos são muito deficientes”, afirma. “Uma sugestão seria replicar em outros lugares a experiência do Amazonas, que está oferecendo habilitação popular, paga pelo governo estadual, para capacitar motociclistas, com objetivo de reduzir acidentes.”

Outro assunto recorrente no debate foi a eletrificação dos veículos, como alternativa aos combustíveis fósseis. “Precisamos pensar em transporte elétrico, porque a cidade saudável é aquela sem tantas emissões de gases que causam doenças e problemas para a vida humana. Mas a eletrificação não é bala de prata”, resume o diretor do Instituto Cordial.

Claudia de Moraes, CEO da Younder e da Procondutor, empresas de tecnologia para a educação, convidou a audiência a pensar sobre a conjuntura social da mobilidade urbana. “Nas cidades, há presença constante dos moto-entregadores. Muitas vezes essa pessoa compra uma moto por R$ 5 mil, para poder ter uma renda de R$ 2.500 por mês, sendo o entregador o ponto de contato com o público. As empresas precisam prestar atenção nas vidas, além dos custos e dos eventuais danos à marca, que ocorrem quando algum condutor se envolve em um acidente, por exemplo”, afirma. “Outra questão para pensarmos: o modal mais importante no País é o rodoviário: qualquer coisa que atrapalha o trânsito é suficiente para formar uma confusão. Seria bom termos alternativas.”

Por fim, Felipe Chibás, representante do comitê regional para América Latina e Caribe da iniciativa Mil Cidades da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e mediador do debate, resume: “Temos que pensar na mobilidade urbana sob a perspectiva cidadã. Assim, precisamos de educação em dois sentidos: como ética e respeito aos demais e na capacitação dos condutores, para tornar as cidades mais saudáveis para o cidadão, física e mentalmente.”

Acompanhe o painel na íntegra no nosso podcast ou no Youtube:

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