Inovação Digital e Tecnologia na Centralidade do Cliente

A jornada de transformação da IA e o acordar para a nova realidade

Vivemos uma era em que a inteligência artificial é onipresente e profundamente integrada as empresas, governos e pessoas comuns. Como devemos se comportar diante dessa transformação?
Andre-ABRIA

Estamos em uma era em que a inteligência artificial (IA) é onipresente e profundamente integrada ao nosso cotidiano. Empresas, governos e cidadãos enfrentam desafios adicionais: como se posicionar, atuar, colaborar e liderar em um mundo em constante transformação?

A transformação digital, que começou a ganhar tração no início dos anos 2000 com a crescente acessibilidade das tecnologias, foi acelerada abruptamente pela pandemia. Empresas tiveram que se adaptar rapidamente, incorporando a digitalização em suas operações diárias. Isso abriu novas oportunidades: a automação de processos otimizou recursos, liberando líderes para focarem em atividades estratégicas e de maior impacto.

Mal saímos dessa primeira onda, e já estamos mergulhados na era da IA. A revolução da IA, especialmente com o advento da IA Generativa, trouxe novos desafios. Líderes que ainda estavam assimilando a transformação digital agora se deparam com a necessidade de acompanhar essa nova onda de inovação disruptiva.

A IA Generativa e a necessidade de regulação

Com o “boom” da IA Generativa, os governos acordaram para uma nova realidade: a regulação de uma tecnologia capaz de impactar todos os setores da economia e reconfigurar a forma como interagimos uns com os outros. A regulação é crucial, mas deve ser cuidadosamente equilibrada para não sufocar o potencial inovador.

O momento atual do desenvolvimento da IA

Hoje, a maioria dos sistemas de IA que usamos são exemplos de “IA restrita” ou “Narrow AI”, projetados para executar tarefas específicas, como recomendar filmes ou otimizar decisões operacionais. Embora esses sistemas demonstrem capacidades impressionantes, eles são limitados. Mesmo a IA Generativa, que pode criar conteúdo diversificado, está longe de uma compreensão holística.

Por outro lado, a busca pela Inteligência Artificial Geral (AGI) — uma IA capaz de compreender e aprender em um amplo espectro de tarefas, como um ser humano — continua sendo um objetivo distante. A transição da Narrow AI para a AGI requer avanços fundamentais na forma como os sistemas de IA aprendem e interpretam o mundo.

Ainda que as IAs mais sofisticadas de hoje realizem tarefas que uma criança pequena executaria intuitivamente, como reconhecer objetos ou entender nuances de uma conversa, elas não conseguem captar o contexto ou demonstrar bom senso em suas decisões. Para chegar à AGI, é crucial entender e replicar a cognição humana de forma profunda e precisa.

A importância da padronização e da regulação ética

À medida que a IA avança, cresce a urgência por diretrizes éticas e regulatórias. A manipulação de dados pessoais e a tomada de decisões automatizadas exigem garantias de que a IA será uma ferramenta poderosa para o progresso, e não uma ameaça ao bem-estar humano.

Investimentos governamentais e o futuro da IA no Brasil

O Brasil deu um passo significativo com o lançamento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial 2024-2028, conhecido como “IA para o Bem de Todos”. Este plano prevê mais de R$ 23 bilhões em investimentos e se estrutura em cinco eixos: (1) Infraestrutura e Desenvolvimento de IA; (2) Capacitação e Difusão de IA; (3) IA para Melhoria dos Serviços Públicos; (4) IA para Inovação Empresarial; e (5) Regulação e Governança de IA.

Esse avanço mostra a maturidade do país ao lidar com a IA, tanto no governo quanto na iniciativa privada. No entanto, o debate em torno do Marco Regulatório da IA (PL2338/2023) revela preocupações sobre possíveis barreiras que essa legislação pode criar para startups e empresas de tecnologia. Enquanto a regulação é essencial para garantir a segurança e o uso ético da IA, é vital que ela não sufocante o ecossistema de inovação.

Liderança na era da IA

A IA está remodelando as expectativas e as habilidades exigidas dos líderes. Agora, mais do que nunca, é preciso que os líderes desenvolvam novas competências, como inteligência emocional, adaptabilidade e pensamento crítico. Não se trata apenas de adotar as tecnologias, mas de guiar suas organizações e o país com uma visão clara e estratégica.

A liderança na era da IA exige aprendizado contínuo e uma mentalidade aberta para as mudanças constantes. Participar ativamente das discussões sobre regulação e inovação será essencial para garantir que a IA se torne uma ferramenta de progresso. Aproveitar as oportunidades e mitigar os riscos fará toda a diferença para o Brasil ser protagonista nessa revolução.

*Este artigo expressa a opinião única e exclusivamente do autor

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