A cidade de São Paulo, com seus 12 milhões de habitantes, possui um Produto Interno Bruto (PIB) superior ao da grande maioria dos estados brasileiros. Levantamento de 2021 feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o PIB paulistano seria de R$ 829 bilhões, posicionando-o como a quarta maior economia do país – atrás apenas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, respectivamente, segundo dados da FecomercioSP.
Em uma cidade com números tão superlativos, inovar na gestão pública é um desafio do tamanho da capital paulistana. Esse foi o ponto de partida do painel de Regina Silverio, Secretária Municipal de Gestão em exercício da Cidade de São Paulo, durante o Fórum Inovativos, evento que ocorreu na FGV.
Segundo Regina, até pouco tempo, a palavra inovação estava diretamente associada à iniciativa privada. Mas isso está mudando. Atualmente, o poder público tem uma função de fomentar o desenvolvimento, tanto dos serviços prestados à população quanto do aprimoramento dos servidores públicos.
“Se o setor público não inovar, não conseguiremos promover as políticas públicas que queremos, nem realizar a função da administração pública e do servidor, que é: servir ao cidadão com serviços de qualidade. Moramos em uma cidade com mais de 12 milhões de habitantes e que tem uma complexidade de gestão muito grande”, afirmou.
Capacitação de mão de obra
A capacitação dos servidores públicos com foco na inovação também é outra preocupação da prefeitura paulistana, segundo Regina. Atualmente, a Secretaria Municipal de Gestão de São Paulo cuida dos cerca de 136 mil servidores públicos da cidade.
“A transformação digital sempre enfrenta um obstáculo cultural, seja no setor privado ou no público. Nossa preocupação é não deixar ninguém para trás, pois sabemos que nem todos aderem às novidades tecnológicas com a mesma facilidade. Diante desse cenário, oferecemos palestras de capacitação, além de informá-los de que a transformação digital não vai tirar oportunidades de ninguém, nem excluí-los”, explicou.
Além disso, Regina destacou que a Secretaria Municipal de Gestão firmou, ao longo dos últimos anos, parcerias estratégicas com desenvolvedoras e fornecedoras de tecnologia, como Microsoft, AWS, Google, entre outros, com o intuito de prover capacitação em todos os níveis do setor público.
“Temos a capacitação para o nível de gestores, equipe técnica e também para o cidadão. Este último tem como foco aproximar a população da prefeitura, por meio de uma série de serviços”, salientou.
Serviços gratuitos: de estúdio a laboratório de inovação
Entre os serviços citados para a população estão: o canal público de atendimento por telefone, por meio do número 156; o Sampacast, uma sala de podcast e videocast totalmente gratuita, com toda a infraestrutura de gravação e iluminação para conteúdos de áudio e audiovisual; e o Fab Lab, a maior rede de laboratórios públicos de fabricação digital do mundo, que inclui até impressoras 3D. E, para as empresas, ela citou o Hub Green Sampa, voltado para startups “verdes” que atuam nas áreas ambiental, energética e de reutilização de resíduos.
Inclusão social
Além do trabalho voltado à capacitação de servidores e à população em geral, a Prefeitura de São Paulo também está focando, de acordo com Regina, na inclusão e no aumento da diversidade de diversos setores da sociedade, para que possam aproveitar as oportunidades geradas pela transformação digital.
“As populações negra, indígena, além dos PCDs, por exemplo, não podem ser deixadas para trás. Estamos criando formas de atendê-las e capacitá-las”, revelou a secretária, que emendou: “Nos últimos três anos, a Prefeitura de São Paulo realizou diversos concursos para incluir toda a população, e agora estamos recebendo a Geração Z, que vem com outros propósitos, como maior qualidade de vida e tempo para lazer, por exemplo. Por meio da tecnologia, estamos fazendo a integração entre a geração que já estava no mercado de trabalho e a que está entrando agora. Sabemos que algumas pessoas não terão a habilidade de se adaptar às novas tecnologias, mas que possuem conhecimento e aprendizado acumulado. Nosso desafio, agora, está sendo inserir todo esse aprendizado, sem deixar ninguém para trás”.
De acordo com Regina, quando falamos de transformação digital, geralmente pensamos no futuro, mas, para ela, “O futuro é hoje, e para chegarmos onde queremos, não pode haver exclusão”, reforçou.