A palavra “inovação” já está intrínseca aos modelos de negócios que surgem na era da economia digital. No entanto, quando se trata de empresas com maior maturidade, longa trajetória no mercado e liderança consolidada em seus segmentos, pode ser mais difícil implementar a inovação. O desafio é muitas vezes marcado pelo receio de perder participação de mercado ou pelo risco de se afastarem do core business. Por outro lado, a experiência dessas companhias pode ser um guia valioso para empresas mais jovens, sobretudo no que diz respeito à governança.
Por isso, a cultura organizacional desempenha um papel central na construção de uma mentalidade corporativa voltada ao desenvolvimento contínuo — seja de serviços, produtos ou processos internos. Para discutir essas questões e as estratégias que sustentam a inovação em grandes empresas, o Fórum Inovativos promoveu o painel “Cultivando ideias, colhendo inovações: como o modelo de gestão democrática e a governança inspiradora fortalecem uma cultura inovadora”.
Mediado por Eduardo Francisco, professor da FGV-EAESP, especialista em inovação, o painel reuniu especialistas de empresas brasileiras e internacionais.
Cultura que Inova
Vanessa Porto, diretora de pecuária de precisão para América Latina da DSM-Firmenich, destacou que a inovação não pode ser responsabilidade exclusiva de uma única área dentro da empresa. Para ela, é essencial contar com o apoio das lideranças corporativas para atingir um nível de maturidade que permita transformar os negócios e impulsionar sua evolução.
“Ao longo da minha carreira, eu vi o conceito da inovação corporativa sendo inserido na cultura e trabalhado de maneiras diferentes. Quando se é líder de mercado, uma área de inovação pautada em uma cultura que permeia todos os setores, com suporte da liderança, é o fator principal para garantir o sucesso”, afirmou.
A ideia foi corroborada por Mariana Serrambana, diretora de acesso e transformação comercial da Novartis. Ela ressaltou que sua área de inovação opera com o conceito de inovação aberta, conectando-se à área de negócios para compreender problemas e oportunidades de forma mais ampla. Assim, é possível buscar parceiros do ecossistema digital ou do setor de saúde com maior assertividade.
“Em uma empresa centenária, como é o nosso caso, inovar é mais complexo. Precisamos de áreas com vocação para inovação que entreguem resultados em parceria com o negócio. Caso contrário, a inovação trabalhada de forma isolada não seria reconhecida pelos demais setores da empresa”, avaliou.
Inovação até o Cliente
Rodrigo Fumo, diretor superintendente da WEG, enfatizou que a inovação deve ser uma estratégia que envolva todos os agentes da empresa — desde a alta liderança até os colaboradores de base, parceiros estratégicos e clientes.
“Uma das nossas estratégias é levar a inovação para o cliente, para o usuário final. Por exemplo, desenvolver soluções que permitam consumir menos energia e emitir menos gases na atmosfera. O que observamos ao longo do caminho é a necessidade de competitividade, e isso só acontece por meio da inovação. Estamos buscando melhorias em diversos aspectos, como produto, modelo de negócio e, claro, na experiência do cliente”, finalizou.
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