O lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, marcou um momento decisivo na popularização da Inteligência Artificial Generativa. Apenas três meses após ir ao ar, em janeiro de 2023, a plataforma já tinha atingido 100 milhões de usuários, marcando também o impressionante feito de alcançar um milhão de usuários em apenas cinco dias – para comparar, o Instagram precisou de dois meses e a Netflix mais de três anos para registrar o mesmo número. Para Bruno Alves, Vice-Presidente de Marketing e Inovação na Plusoft, o ChatGPT pode ser considerada a plataforma digital que teve a adoção mais rápida da história. “A tecnologia trouxe a IA para o centro das atenções, facilitando a compreensão e o interesse geral pelo conceito”, afirma.
Alves se descreve como um otimista que acredita no potencial do ser humano e não enxerga a total substituição das pessoas pela Inteligência Artificial, mas sim sua atuação como copiloto. “Em um primeiro momento, a IA pode resolver processos mais simples e tarefas repetitivas. Ela pode, inclusive, ajudar atendentes humanos a responderem melhor e de forma mais rápida em um processo de atendimento ao cliente”, aponta. Para o executivo, no entanto, uma coisa é certa: vamos ver uma mudança profunda na economia e na forma como as empresas fazem negócios com o avanço da IA. “Da mesma forma que vimos a internet transformar o mundo, vamos ver a Inteligência Artificial mudar praticamente tudo e em todas as esferas da economia”, crava.
Ondas da IA Generativa e tendências para o futuro
Para Alves, a primeira onda de IA Generativa teve foco na criação de conteúdo. Na sequência, houve a utilização dessas plataformas de forma multimodal, com criação de vídeos, áudios e uma série de conteúdos em diferentes formatos. Para o executivo, é difícil imaginar até onde essa tecnologia pode chegar. “Estamos em um superciclo tecnológico comparável à Revolução Industrial, à eletricidade e à internet”, diz.
O VP vê a especialização como a próxima grande tendência na IA Generativa. “Teremos LLMs especialistas para empresas, para Customer Experience (CX) e para diferentes verticais”, prevê. Esses modelos especializados serão capazes de criar conteúdo e tomar decisões com uma precisão inédita, adaptando-se às necessidades específicas de diferentes setores. No entanto, Alves também alertou sobre os riscos. “Modelos especialistas podem ser usados tanto para o bem quanto para o mal. Eles podem criar plataformas para fake news ou fraudes empresariais”, afirmou. Essa dualidade traz à tona a necessidade urgente de regulamentação e uso ético da tecnologia.
Desafios e cuidados no uso da IA Generativa pelas empresas
“Atrelada à capacidade e carga tecnológica da IA Generativa, está a responsabilidade no uso da tecnologia”, alerta Alves. Para ele, a grande discussão do momento é como utilizar essa tecnologia com responsabilidade. “É preciso considerar os riscos associados à criação e divulgação de conteúdo falso, discutir a responsabilidade por esse conteúdo, além de questões de privacidade, direitos autorais e a observância da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que já está em vigor”, aponta.
Para o VP, o primeiro cuidado que as empresas devem ter ao contratar esse tipo de tecnologia é se certificar de que os dados utilizados estão em uma nuvem privativa e que não serão disponibilizados para treinamento de uma LLM. “O segundo ponto de atenção é a clareza em como a empresa vai treinar seu modelo de linguagem, tomando cuidado na validação do setup de respostas para que não haja o que chamamos de alucinação durante o processo de resposta”, explica.
Neste ponto, Alves destaca um dos parâmetros que a empresa pode definir ao programar uma IA Generativa: a capacidade criativa em que a IA vai trabalhar. “Quando trabalhamos com a criatividade baixa, a IA vai se basear nos documentos que a empresa forneceu como base de informação inicial. Se a criatividade for alta e a tecnologia não tiver a resposta nesses documentos, ela vai inventar uma”, esclarece.