O impacto da IA generativa nos jogos: uma nova era de experiências interativas

Já existem modelos de IA generativa para praticamente todos os recursos envolvidos em jogos, desde modelos 3D até animações de personagens, diálogos e música. A expectativa é a de que, com o uso da IA generativa, não haverá apenas mudanças nos mecanismos de interação das pessoas com os jogos, mas as próprias interações poderão ser quase infinitas.

Recentemente, durante o evento Computex 2023, a Nvidia apresentou um jogo experimental que mistura game com IA generativa. Basicamente, o jogo não conta com opções pré-definidas de perguntas e respostas. Na prática, basta o jogador dizer algo com sua própria voz para em seguida obter uma resposta de um personagem do videogame.

Apesar de ser um jogo experimental, a apresentação da gigante norte-americana mostrou ao mundo uma tendência que pode se configurar um caminho sem volta na indústria de games: a presença da IA generativa reagindo à fala humana, gerando textos e imagens e alterando a forma de criação e de interação com os jogos.

“A IA, se trabalhada em conjunto com o ser humano, que cria o design e desenha os jogos, será capaz de ajudar a construir uma experiência mais rica, aumentando as possibilidades de caminhos nos jogos, tornando-os mais dinâmicos”, afirma Guilherme Silveira, CIO e cofundador da Alura, rede brasileira de ensino online de tecnologia.

Sem que a gente perceba

De acordo com Silveira, o uso de ferramentas de IA nos jogos já é feito de forma transparente, sem que a gente perceba, há mais de duas décadas. Ela está presente, por exemplo, em comandos fornecidos para mover personagens de um local até o outro. Outra aplicação acontece na geração dinâmica de mapas em alguns jogos, no qual se cria um mapa novo a cada partida.

A IA generativa, por sua vez, está começando agora a ser implantada em jogos por empresas como a Unity, por exemplo. Segundo matéria da Forbes, John Riccitiello, CEO da Unity, acredita que a IA generativa em jogos impulsionará uma transformação dez vezes maior na experiência do jogador.

A Ubisoft também confirmou que já vem utilizando ferramentas de IA para revisão de textos e construção de diálogos em seus títulos mais novos. Ainda de acordo com a Forbes, startups como o Inworld AI já estão oferecendo personagens de IA construídos por meio de grandes modelos de linguagem do tipo ChatGPT para “criar personagens com personalidades distintas e consciência contextual que permanecem no mundo ou na marca”.

A empresa de investimentos Andreensen Horowitz, por sua vez, disse que a revolução generativa da IA transformará radicalmente a arte, a ciência e os negócios de fazer jogos. A expectativa é a de que, com o uso da IA generativa, não haverá apenas mudanças nos mecanismos de interação das pessoas com os jogos, mas as próprias interações poderão ser quase infinitas. Na prática, é como se cada jogador tivesse um jogo para chamar de seu.

Outro ponto é o custo para a produção de jogo, que seria infinitamente menor. Já existem modelos de IA generativa para praticamente todos os recursos envolvidos em jogos, desde modelos 3D até animações de personagens, diálogos e música. De acordo com o mesmo artigo da empresa de investimento, ao conversar com desenvolvedores de jogos que estão experimentando a integração da IA generativa em seu pipeline de produção, a maior empolgação é com a redução drástica de tempo e custo, sendo que o preço do conteúdo, em alguns casos, pode chegar efetivamente a zero.  

“O tempo para gerar arte conceitual para uma única imagem, do início ao fim, caiu de 3 semanas para uma única hora: uma redução de 120 para 1. Acreditamos que economias semelhantes serão possíveis em todo o pipeline de produção”, cita a Andreensen Horowitz.

“Existe a possibilidade de a IA ter uma memória mais avançada daqui a dois anos, sendo capaz de se lembrar de mais informações. Trabalhar com janelas de texto maiores para permitir ações baseadas em um histórico mais extenso é uma promessa viável que inclusive já está sendo feita pelo CEO da Open AI”, aponta Silveira.

Comunidade vs Customização

Ao mesmo tempo em que a IA generativa garantirá uma experiência mais dinâmica e expandirá as possibilidades de interação, ela traz consigo um importante desafio: como equacionar as experiências cada vez mais customizadas dos jogadores – proporcionada pela IA generativa – com a geração de um senso de comunidade com outras pessoas ao jogar o mesmo jogo.

 “Como para nós, seres humanos, existe uma necessidade de experiência comum, é preciso verificar como as IAs serão capazes de gerar um senso de comunidade com outras pessoas ao jogar o mesmo jogo, além de como podemos manter isso ao mesmo tempo em que temos a customização”, conta Silveira. “Portanto, para que a IA realmente permita a criação de uma experiência diferente entre as pessoas, enfrentamos a desvantagem de que isso vai contra o senso de comunidade daqueles que jogam”, completa.

Outro desafio apontado por Silveira é que os modelos de IAs utilizados atualmente são caros e rodam em servidores remotos, não nos computadores das pessoas que estão jogando. Com o tempo, é possível que modelos mais leves sejam desenvolvidos para rodar nos próprios dispositivos dos jogadores. “Essa questão das infinitas possibilidades é mais difícil de alcançar, mas com certeza é um caminho a ser percorrido e explorado”, conclui.

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