Recuperando pastagens e impulsionando sustentabilidade: o exemplo para o campo do Banco do Brasil

A bovinocultura brasileira enfrenta o desafio de equilibrar eficiência produtiva e sustentabilidade ambiental. Apesar do avanço no desempenho do setor, a produtividade média dos bovinos a pasto ainda está aquém do potencial devido à degradação de pastagens — um problema que atinge cerca de 101 milhões dos 160 milhões de hectares de pastagens no Brasil. “A degradação é um processo de perda de vigor e capacidade de recuperação natural, essencial para sustentar níveis de produção e qualidade exigidos pelos animais”, explica Matheus Gorito, gerente da equipe de TI do Banco do Brasil.



O impacto dessa degradação não se limita à produtividade; ele também eleva a pressão por novos desmatamentos. “A recuperação dessas áreas é essencial para aumentar a produtividade e reduzir impactos ambientais. Nesse contexto, as linhas de crédito do Plano Safra se tornam fundamentais, mas entender o comportamento de crédito dos pecuaristas e quem é mais propenso a investir nessas áreas sempre foi um grande desafio”, completa Gorito.



A inovação e sua implementação

A solução do Banco do Brasil envolveu a aplicação de inteligência analítica e machine learning. Dados da Embrapa, do LAPIG e do próprio banco foram integrados para estimar o índice de degradação por estado. A partir disso, foram identificados 540 mil clientes agropecuaristas elegíveis para análise. Variáveis como o índice de apascentamento por imóvel rural e a quantidade de semoventes foram modeladas, permitindo uma visão clara do grau de degradação por município e do comportamento de crédito dos produtores.

Com essas informações, foi desenvolvido um modelo de machine learning que estimou a probabilidade de contratação de linhas de crédito para recuperação de pastagens. Gorito detalha: “Mensalmente, geramos uma lista de clientes com maior propensão a investir, permitindo uma alocação mais assertiva dos financiamentos.”



Resultados financeiros e ambientais

Os impactos da iniciativa são significativos. Na safra 2023/2024, foram realizadas 12.688 operações de crédito, totalizando aproximadamente R$ 8,2 bilhões em financiamentos e R$ 6,2 bilhões liberados. Na safra 2024/2025, até o momento, já foram registradas 7.844 operações, com cerca de R$ 3 bilhões liberados.

Do ponto de vista ambiental, os benefícios incluem a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), aumento da biomassa e da capacidade de suporte das pastagens, além de um estímulo à recuperação de áreas antes improdutivas. “Isso não apenas reduz a pressão por desmatamentos, mas também promove segurança alimentar e ganhos econômicos para as comunidades locais”, destaca Gorito.



Perspectivas futuras e reconhecimento

O Banco do Brasil planeja aprimorar as variáveis utilizadas no modelo e incorporar imagens de satélite para monitorar o uso do crédito liberado. Além disso, Gorito enfatiza a relevância do Prêmio Inovativos, que trouxe visibilidade ao projeto. “Foi uma validação importante, destacando o impacto financeiro e ambiental da iniciativa, além de reforçar nosso compromisso com o contexto ASG, que é tão relevante atualmente.”

Essa abordagem inovadora demonstra como tecnologia e sustentabilidade podem caminhar juntas para transformar desafios em oportunidades, promovendo ganhos para o agronegócio e o meio ambiente.