A maior parte dos exames de hemograma é realizada em analisadores hematológicos, que utilizam as metodologias de citometria de fluxo ou resistividade-impedância para sua realização. Porém, esses equipamentos apresentam alto custo e requerem manutenção frequente, tornando-os restritos a hospitais e laboratórios de grande porte.
Além disso, a intensa rotina laboratorial dos laboratórios de análises clínicas não permite a análise microscópica de todas as amostras sanguíneas por um profissional especializado em hematologia. Com isso, determinadas alterações da morfologia celular podem não ser detectadas pela técnica convencional, diminuindo a capacidade diagnóstica e, consequentemente, a interpretação laboratorial do hemograma pelos médicos.
Pensando em fornecer resultados rápidos e precisos, a equipe de Produto & Desenvolvimento da Hilab desenvolveu um exame de hemograma, o “Hilab Lens”, ganhador do Prêmio Inovativos 2023 na categoria Startup do Ano. Além de utilizar a metodologia padrão-ouro (microscopia) para todas as amostras analisadas, o aparelho usa a inteligência artificial e a dupla checagem dos dados por um especialista para a liberação do laudo. “O paciente recebe o laudo no celular ou e-mail cadastrado em até 25 minutos”, explica Marcus Figueredo, CEO da empresa.
A ideia era criar um dispositivo portátil, capaz de realizar a contagem completa de células sanguíneas, no padrão ouro, com algumas gotas de sangue e em qualquer lugar, além de entregar resultados de forma rápida e precisa.
O Hilab Lens já está operando em clínicas e ambulatórios empresariais de medicina ocupacional, por exemplo. Além disso, a inovação mostrou melhora na experiência do paciente, especialmente aqueles em tratamento oncológico. O aparelho também permitiu o diagnóstico rápido da Neutropenia Febril em pacientes em quimioterapia, salvando vidas. Houve ainda redução da necessidade de deslocamentos dos pacientes, tornando o processo mais conveniente e eficiente. Por fim, o Hilab lens transformou estabelecimentos de saúde em mini laboratórios, realizando exames durante o atendimento médico, economizando recursos logísticos e reduzindo a pegada de carbono associada ao transporte de amostras.
“Em 2023, conseguimos executar o primeiro hemograma em terras indígenas, no Xingu, em parceria com uma ONG. Foi detectado um caso suspeito de linfoma em uma menina de cinco anos, após os exames de hemograma, proteína C reativa e ferritina auxiliarem na correlação com sugestão de diagnóstico de neoplasia. Em seguida, ela foi encaminhada para a cidade mais próxima para iniciar o tratamento”, conta.
