O pós-IPO das empresas da nova economia

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Durante anos, o mercado de capitais foi dominado por empresas de extração de minérios, bancos, alguns varejistas, montadoras e outras companhias que normalmente superam um século de vida. Então, de repente, empresas com menos de 10 anos de existência começaram a realizar IPOs de modo quase serial. O resultado causou uma “revolução” e uma certeza: muita coisa mudou no universo dos investidores.

 

RafaelaDesde 2020 vem crescendo a fila de empresas de tecnologia que abriram capital ou que estão se preparando para esse movimento, muitas das quais com uma valorização acima da média, demonstrando que os investidores estão cada vez mais receptivos e com um interesse crescente pelas empresas de tecnologia. Em linhas gerais, essas foram uma das conclusões de um levantamento apresentado por Rafaela Vesterman Araujo, relationship manager da B3 em palestra online promovido a partir das parcerias do Innovation Experience, ABO2O e B3.

 

No encontro, Rafaela falou sobre o funcionamento e o comportamento atual dos mercados de capitais, especialmente o desempenho das empresas de tecnologia. No ano passado ocorreram 28 IPOS, com a captação de R$ 117 bilhões. Do total de IPOs, 14% eram de empresas de tecnologia ou o terceiro mais procurado por investidores no ano passado.

 

Este ano, o jogo virou. O número de IPOs realizados chegou a 27 antes mesmo do fim do primeiro semestre, o que indica que o total vai facilmente superar o número do ano passado. Mais do que isso, em 2021, o perfil de empresas procuradas é outro: 27% dos IPOs foram de empresas de tecnologia, o que confere a primeira posição entre os setores. Ou seja, as empresas da nova economia entraram de maneira avassaladora no mercado de ações.

 

Perfil 

 

Outro ponto levantado na pesquisa é a mudança no perfil de investidor. O que se notou foi que o número de investidores estrangeiros diminuiu a partir de 2018. No entanto, o mercado não parou. Houve uma mudança no polo de investimento, sendo que agora há uma alta representatividade para o investidor local. 

 

Houve a atração de todos os investidores, mas um em especial chamou a atenção: pessoa física. Em julho de 2018, o número de contas era de 715 mil. Em março de 2021, a quantidade saltou para 3,560 milhões de contas.

 

Esse movimento tem mudado o perfil do investidor brasileiro, outrora mais conservador e que preferia empresas extrativistas e do setor financeiro. Agora, há pessoas de diferentes idades e que demonstram interesses por empresas de matéria-prima para apostar justamente nas companhias de tecnologia.

 

Stock Market “Do total de IPOs de tecnologia, no ano de 2020 até o 1º semestre de 2021, 90% captaram entre R$ 600 milhões de reais a R$ 2 bilhões de reais. Além disso, a maior parte das empresas de tecnologia (70%) tinha receita líquida de até R$ 300 milhões. O que notamos é que essas empresas são menores em termos de receita líquida se comparadas às outras companhias mais tradicionais, porém elas têm feito captações maiores. Isso demonstra a questão do valuation e a própria questão dos investidores sobre a captura de crescimento de ganhos que essas empresas devem ter”, afirma Rafaela

 

Evidentemente que essa procura e valorização impactam na precificação das empresas de tecnologia. O levantamento da B3 mostra que 55% delas captaram no meio ou no teto da faixa de precificação. Mais do que isso, o desempenho médio delas foi de 16% no primeiro dia de negociação. Após o IPO, a valorização média  foi de 113%.


“O caso da Locaweb ilustra isso. A empresa abriu capital em março do ano passado, com um valor de mercado de  R$ 2 bilhões e captou R$ 1,3 bilhão no IPO. Em fevereiro deste ano, eles captaram mais de R$ 2,7 bilhões. Ou seja, no período de um ano, eles conseguiram R$ 4 bilhões. Em maio/21 a companhia já tinha um valor de mercado de  R$ 13,5 bi, ou seja, um crescimento de 7 vezes desde o IPO”, explica Rafaela.


Nada mal para empresas com menos de 20 anos de existência, não?

Confira o vídeo na íntegra:

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