O déficit profissional e o impacto para a inovação no País

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É inegável a carência de mão de obra especializada hoje no País, especialmente em setores de Tecnologia. Para se ter uma ideia, dados recentes de um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostram que, até 2024, o mercado de TI brasileiro pode apresentar um déficit de 290 mil profissionais. É esse um dos principais fatores que empaca a inovação no País, na opinião de Sergio Risola, CEO do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC) e líder do recém-criado Grupo de
Estudos de Fomento Público e Privado da Inovação no Brasil do Instituto Startups.

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Não são apenas as grandes empresas que enfrentam esse problema. “Mesmo algumas startups incubadas aqui no CIETEC têm dificuldade para preencher vagas”. A melhor maneira para superar esse obstáculo, segundo Risola, é integrar cada vez mais o universo acadêmico com iniciativas públicas e privadas. “Hoje, existem diversas ações espalhadas pelo País, mas que não se conversam. Agora é hora de integrar e fomentar esse ecossistema de maneira mais efetiva”. Superar esse desafio, no entanto, envolve um esforço mútuo de cada elo dessa corrente.


União de forças

 

As universidades, por exemplo, precisam reavaliar seus métodos de ensino. Risola comenta que, recentemente, ele e outras lideranças se reuniram na Confederação Nacional da Indústria (CNI) para ver como países (China, Coréia do Sul, entre outros), estavam reestruturando seus modelos de ensino, principalmente nos cursos de Engenharia, para suprir essa demanda. O Centro Paula Souza, por exemplo, está revolucionando o estudo de robótica no País, ensinando seus alunos de maneira lúdica com robôs, e incentivando que mais pessoas se interessem pela chamada “ciência dura”.


“Imagine o Estado comprando de uma startup um produto de interesse da sociedade, sem as limitações e burocracias que impedem de vender para o Estado. Cada prefeitura poderia exercer essa demanda”.

 

Do lado corporativo, cabe às empresas darem mais chances a programas que envolvem os demais elos dessa cadeia. Risola cita a parceria que a Johnson & Johnson fez com CIETEC. O objetivo é selecionar startups, micro e pequenas empresas que estejam desenvolvendo tecnologias ou soluções altamente inovadoras na área da Saúde. As escolhidas ganham meses de incubação, mentoria, consultoria e acesso aos laboratórios de P&D de ambas as organizações e de possíveis parceiros.

 

Apoio de peso

 

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Para que o fomento à inovação no País caminhe, o apoio do Governo é crucial, principalmente no que diz respeito a desburocratizar e à criação de mais políticas de incentivos. Risola destaca que medidas como a Lei de Informática, por exemplo, trazem bons resultados em um mercado tão carente de recursos, especialmente em Pesquisa e Desenvolvimento. Além disso, as chamadas “encomendas tecnológicas” assumem um papel fundamental nesse processo.

“O poder de compra do Estado é o maior que existe, não o das empresas como muitos pensam”, ressalta. As encomendas são compras públicas que servem para resolver problemas específicos através de produtos e soluções ainda não disponíveis no mercado. É uma atitude bastante utilizada em países desenvolvidos para criar demanda e estimular a inovação por meio da tecnologia. “Imagine o Estado comprando de uma startup um produto de interesse da sociedade, sem as limitações e burocracias que impedem de vender para o Estado. Cada prefeitura poderia exercer essa demanda”.

Engenharia

Apesar dos gargalos, Risola acredita que é possível o País avançar em inovação e aposta num modelo de atuação conjunta para superar tais desafios. Aos interessados, o executivo sugere acompanhar as atividades praticadas por alguns dos órgãos que estão à frente dessas iniciativas. Exemplos: CNI, FAPESP, EMBRAPII, CGEE, Finep, Amprotec, CNPq, MCTIC, entre tantas outras.

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