ESG: ouro verde para investidores e negócios e alto impacto social além do discurso

Esg

ESG, sob a perspectiva de mudança estrutural de realidade em escala global, tornou-se a sigla de ordem no mundo dos negócios e na vida em sociedade. Abreviação de Environmental, Social e Governance, entende em termos de demandas práticas (boas), como empresas cuidam do meio ambiente, aplicam governança e incorporam responsabilidade social.

 

Com mediação de Marcos Carvalho, diretor geral da ABO2O (Associação Brasileira Online to Offline), o painel ESG nas Organizações e Centros Urbanos ilustra como a sigla se conecta à atualidade. Os participantes Bruna Freire Hirszman, gestora do Movimento B Movement Biulders do Sistem B Brasil; Carolina Rivas, diretora de relações públicas, relações institucionais e atendimento ao cliente da Tembici e Pedro Sotero, Secretário Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano de Osasco (SP), debateram os desafios e como o ESG se insere nos âmbitos da gestão pública, privada e não governamental com desdobramentos positivos que afetam todas as camadas sociais (se realizado).

 

ESG – tendência mundial

Marcos

“Vamos compartilhar conhecimento e ideias que levem a conclusões e apontem caminhos de aprimoramento no desenvolvimento social e mercadológico como um todo. Para uma troca rica e entrosada sobre ESG nas organizações e nas cidades reunimos três perfis debatedores: uma organização privada representada pela Carolina Rivas; também uma organização do terceiro setor, representado pela Bruna Freire e um órgão governamental, pelo Pedro Sotero”, disse o anfitrião Carvalho ao abrir o tema que está na pauta planetária.

 

Uma busca no Google Trends não deixa dúvidas. A ferramenta que tudo e a todos responde o que é tendência no mundo confirma o interesse. O volume de buscas pelo termo ESG foi 13 vezes maior em 2021, comparado aos resultados de 2019 e já é quatro vezes maior do que a média do ano passado. Ao introduzir a primeira questão Carvalho lembrou que a sociedade vem exercendo pressão sobre o mercado à medida que pratica hábitos de consumo mais conscientes e resgatou o Triple Bottom Line, conceito que se popularizou como 3 P’s da Sustentabilidade (People, Planet, Profit, ou em português, PPL, Pessoas, Planeta, Lucro) como contexto para a atualização.

 

ESG no grau para pautas quentes e sem fim

Adotar medidas de governança e mitigação de impactos ambientais, bem como comunicá-las, faz parte da rotina e da construção de boa imagem reputacional das organizações há tempos. Mas o termómetro apontado para as corporações está muito mais sensível e calibrado com empatia, capaz de medir o grau de coerência e genuíno comprometimento com causas atuais e urgentes. Com a palavra sobre levar ao pé da letra a sigla ESG no âmbito privado, Carolina Rivas falou pela empresa líder em tecnologia para micromobilidade na América Latina.

 

Rivas “É verdade, a discussão não é nova. Há uma mudança de nomenclatura, mas já se fala da responsabilidade das empresas em relação aos seus produtos, serviços e impactos que elas têm há muitos anos. A Tembici funciona de uma maneira muito alinhada porque tem o potencial do conceito no core para promover Impacto Social e Ambiental e responsabilidade corporativa. O modelo de negócio contribui diretamente para consolidar a bicicleta como um modal de transporte nas cidades em que atua, em vários países”.

 

À frente de áreas que se relacionam e comunicam as ações da empresa, a executiva da startup considerada como uma das mais inovadoras do País (pela lista das 100 Startups to Watch – 2020) e destaque da categoria Mobilidade no “Melhores do ESG” da Exame (2021), complementou: “o ideal seria que essa discussão interna nas empresas não surgisse necessariamente por pressão dos clientes, mas por uma questão de responsabilidade dos executivos e executivas. O importante é o ESG acontecer e as empresas se estruturarem de alguma maneira para começar a fazer. É uma demanda sem fim, exige atividade constante”.

 

Fatores como emergência climática (necessidade de redução da emissão de carbono), novos aspectos regulatórios no cenário internacional (sobretudo na Europa), mudanças comportamentais geracionais e contexto pós-pandêmico, além do tic tac marcando a hora da cobrança por cumprimentos de metas da Agenda 2030 (que envolve o capital privado em compromisso com 17 objetivos de desenvolvimento sustentável), aceleraram a necessidade de respostas concretas e fizeram com que as empresas colocassem mais energia e entrega a serviço dos três pilares ESG. Cada esforço conta para o coletivo.

 

Desafios hercúleos para as empresas da Nova Era

Representando o terceiro setor, pelo B Movement, na qualidade de gestora de um programa global que certifica e une multinacionais que buscam usar os negócios para gerar impacto positivo, Bruna Freire defendeu o ESG para diminuição da desigualdade social e lidarmos com urgentes desafios da sustentabilidade mundial.

 

Bruna“Sim, é mandatório. As empresas que não endereçarem, de fato, as suas causas socioambientais não vão sobreviver nesse novo paradigma das empresas da nova era. Devemos reconhecer que existe uma falha grave no nosso sistema econômico. É latente que as novas empresas já surgem com este olhar voltado para todos os stakeholders e as mais antigas tentam fazer isso da melhor maneira possível, escutando todo mundo para endereçar tudo o que seja ligado a sua atividade econômica”.

 

Atuante em prol de resultados de esforços coletivos com impacto positivo ambiental, social e econômico, a advogada de formação, Bruna Freire também desenvolve políticas setoriais e tem participação ativa na construção de ecossistema saudável para as pessoas e o planeta e calcula para a audiência os números que desafiam o cumprimento da agenda da ONU (Organização das Nações Unidas) em termos orçamentários: “são 4.5 trilhões de dólares anuais. Precisamos do primeiro setor levantando cada vez mais a barra da régua para gente regular todas as atividades. Os grandes protagonistas para a gente conseguir endereçar essa conta são as empresas. Com essa consciência cada vez mais ampla, haverá o investidor que vai buscar esse tipo de corporação, o consumidor que vai apoiar essas organizações e os colaboradores que vão querer trabalhar nessa empresa”.

 

Diálogo aberto, adaptabilidade e agilidade

Na esfera pública, Pedro Sotero, representa um dos atuais polos de inovação e tecnologia e conta: “Osasco, se entendida como empresa, tem 16 mil colaboradores, fatura 3,2 bilhões de reais por ano e é a segunda economia do estado de São Paulo, oitava do País e a primeira cidade (não capital) do ranking. Mas isso não importa na relação com o nosso consumidor que, no final da linha, é o munícipe. Como o Estado, no Brasil, ainda tem um peso de provedor muito grande, apesar de expressiva, a arrecadação nunca é suficiente para suportar as mazelas acumuladas ao longo de tantos anos”.

 

Sob aspecto de governança e mobilidade, é interessante ressaltar que o poder público vive um desafio muito novo que é conseguir se adequar às regras. Há cerca de 5 anos tivemos uma mudança na legislação federal que acabou com a questão da Guerra fiscal, que até então era o que prevalecia nas relações entre iniciativas privada e pública. Isso colocou as cidades no mesmo patamar e fez com que se tornassem, obrigatoriamente, competitivas.

 

Sotero

“Precisamos ser uma cidade melhor para o cidadão e mais receptiva para as empresas. Tudo com um olhar social apurado de acordo com este momento de transformação da economia porque estamos sempre ancorando e buscando a adequação à nova realidade de diálogo aberto”.

 

A Prefeitura de Osasco tem se ajustado a esse novo mercado e regramentos. Há uma confusão hoje entre o que é política e o que é governo. O ESG para a gente é uma questão de necessidade”, explicou antes de concluir com uma analogia que pode sintetizar a visão dos painelistas sobre desafios governamentais, no âmbito privado e da sociedade, em colaboração mútua: “temos que evoluir com estrutura robusta como a de um elefante e a agilidade de uma formiga”.

 

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