Comitê coloca força do Governo Federal ao lado das startups

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A criação do “Comitê Nacional de Iniciativas de Apoio a Start-ups”, determinada por decreto presidencial (Decreto 10.122, publicado em 21 de Novembro), traz para o ecossistema brasileiro de startups uma forma de apoio governamental consolidado e vigoroso. Consolidado porque coloca os holofotes do Governo Federal sobre as startups, e vigoroso porque esse apoio vem de órgãos de grande importância, como Banco Central, Ministérios e SEBRAE. A coordenação do Comitê ficou a cargo da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Nestas entrevistas exclusivas para o Instituto Startups, o titular dessa Secretaria, Paulo Alvim, e a Coordenadora de Startups do Sebrae Nacional, Natália Bertussi, detalham de que forma as startups serão beneficiadas com o apoio desses dois órgãos e dos demais que compõem o Comitê.

Benefícios imediatos para as startups

Os benefícios que podem vir para as startups são imediatos, opina o secretário Paulo Alvim. Para ele, o principal na criação do Comitê é que ele está dentro de uma estratégia para a criação de melhores condições para o desenvolvimento e expansão das startups.

“Entendemos que a startup é um modelo de negócio que existe para solucionar um problema da sociedade ou de um setor produtivo. Esse é um tipo de empreendimento diferenciado – que pode ter um ciclo de vida curto, mas precisa também de um tratamento diferenciado”, comentou.

É um setor, explica Alvim, que precisa ser fortalecido. “Justamente com base nisso, vimos nos últimos dez anos o desenvolvimento de um conjunto de instrumentos de apoio, criados por diversos órgãos. Num primeiro momento, mapeamos mais de dez instituições com instrumentos de apoio, mas ao mesmo tempo percebemos que havia zonas descobertas e sobreposição de ações. Ou seja, várias instituições apoiando, e ao mesmo tempo alguns vazios”.

Então, o primeiro objetivo do Comitê é fazer uma coordenação desses instrumentos. Em segundo lugar, criar uma convergência de ações. Aí se consegue apoiar de maneira melhor e mais adequada as startups”.

Segundo ele, há um conjunto de instituições governamentais e de entidades privadas participando do comitê. “Estão representados ali mecanismos de apoio, principalmente os de investimentos, e ainda aqueles que representam as startups. Em resumo, estamos organizando o ecossistema. Poderemos, assim, identificar pontos de melhoria, gaps e gargalos. E para isso, nada melhor do que falar com o próprio usuário”.

O Comitê integra e complementa iniciativas

Natália Bertussi, coordenadora de startups do Sebrae Nacional, acredita que o comitê contribui para que as diversas iniciativas do Governo Federal que têm como foco startups se complementem e se conversem. “Quem ganha com isso são as startups, que recebem um atendimento continuado, focado nos diferentes níveis de maturidade e nas dores que cada nível tem”, diz.

Em sua interação com as startups, as ações do Comitê podem trazer benefícios inclusive para o País, opina Alvim.

“Para o governo, a existência do Comitê em primeiro lugar otimiza recursos. E, mais do que isso, permite que se façam correções de falhas de mercado. O governo pode atuar em pontos importantes nos quais o mercado ainda não esteja atuando”, explica Alvim.

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Natália acha que as ações do Comitê vão estimular a inovação e o surgimento de novas empresas, novos empregos, aumento de renda, de índices de exportação e também abertura para que o país acesse novas tecnologias. “Além disso, falamos de uma efetividade no uso de recursos públicos, já que assim evita-se programas com objetivos semelhantes e também se percebe áreas onde há pouco apoio governamental”, completa. Até mesmo o governo poderá ser beneficiado pelo trabalho do Comitê com as startups, já que ele “faz com que as diversas instituições se conversem e tenham como foco o cidadão empreendedor inovador. Quando entidades que possuem potenciais diferentes se juntam, atuam conjuntamente e com o mesmo objetivo, todo o governo ganha”, afirma.

Ministério tem diversidade de recursos

O MCTIC, explica o secretário Paulo Alvim, já tem um conjunto de iniciativas, com grande diversidade de recursos. “Temos uma iniciativa em parceria com o CNPq e a Finep chamada Centelha. Com esse programa, trabalhamos em parceria com os governos estaduais, por meio das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs), no início das potenciais startups, ainda no ciclo das ideias. Já estamos em 17 Estados, e nesse programa já detectamos 20 mil potenciais startups. Estamos identificando as ideias. Isso é importante porque irá trazer recursos para esse movimento de startups”.

” O programa está alinhado com outras iniciativas do Ministério, sendo duas delas por meio da Lei de Informática, e voltadas mais para a questão das startups digitais, que são o Programa Startup Brasil e o Conecta Startup, que impulsiona o relacionamento delas com as grandes empresas”.

Image 6Além disso, acrescenta, existe um programa apoiado pelo Softex e Prefeitura de São Paulo, chamado Empreendedoras Digitais, para favorecer a criação de startups lideradas por mulheres. “O número de meninas nas startups atualmente é pequeno. Então, esse programa visa a estimular startups de meninas, assim como temos outros programas para elas como o Meninas na Ciência. Do mesmo modo há programas da APEC, do Ministério da Economia, da Embrapa… Dentro das nossas atividades de coordenação, uma delas será lançar o Startup Point: esse é um hub onde elas irão encontrar toda informação de que precisam – além das oportunidades de participar de eventos, hackatons, acesso a mentores, a instrumentos de apoio financeiro, apoio técnico e tudo o mais”, detalha o secretário.

Preparação da startup e do empreendedor

Pelo lado do Sebrae, há dois focos para ajuda às startups, conta Natália: primeiro, preparar a startup e o empreendedor – por meio principalmente de capacitações. “Além disso, queremos apresentar essas startups ao mercado, conectando-as com os principais players do ecossistema de inovação: universidades, governo, grandes empresas, empresas tradicionais, investidores, incubadoras etc”.

A primeira reunião do Comitê aconteceu na segunda quinzena de dezembro, e o plano de trabalho para os dois próximos anos fica pronto agora, diz Alvim. “A ideia principal é aumentar muito o número de startups nesses dois anos. Trabalhamos com um número mágico de 12 mil startups atualmente cadastradas, podendo ser até um pouco maior. Mas poderemos alcançar um total de 30 a 40 mil nesse intervalo. A Embrapa, por exemplo, informou que nos últimos 12 meses cresceu em 80% o número de startups e agritechs ligadas a ela. O número já está perto de duas mil. E ainda temos as fintechs, as de saúde e mais o grupo de soluções para governos. São vários mercados crescendo, sem falar nos de aplicativos, games etc. Nosso desafio é dar sustentabilidade a isso tudo”.

Natália acha que os resultados já começaram a aparecer antes mesmo da formação do Comitê. “Para o Marco Legal de Startups, por exemplo, todas as entidades participantes do Comitê participaram e se fizeram presentes, fazendo com que debates de qualidade surgissem, juntamente com empresas privadas e associações de representação, focando sempre em gerar um ambiente de negócios favorável para o surgimento de startups no país”.

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